A flufenazina é um remédio que está dentro da classe dos antipsicóticos e do grupo dos fenotiazínicos. Ela serve para tratar uma série de transtornos da mente.

A marca de referência da flufenazina é o Flufenan®, produzido pela indústria farmacêutica Cristália. O Flufenan® é a apresentação oral do fármaco.

Além dessa forma de uso, pode-se utilizar a flufenazina como injeção intramuscular por meio da medicação Flufenan® Depot.

Saiba mais sobre as informações que constam na bula da flufenazina na sequência do nosso artigo.

Tenha uma excelente leitura!

Para que serve a flufenazina?

A flufenazina é um fármaco da classe dos antipsicóticos que serve não só para tratar desordens como esquizofrenia, mas também quadros de dores crônicas.

Entre os transtornos psicóticos que a flufenazina serve para tratar estão:

  • Estados de mania (transtorno bipolar);
  • Esquizofrenia;
  • Transtorno psicótico breve;
  • Transtorno psicótico persistente;
  • Transtorno esquizoafetivo.

Seu uso se dá geralmente quando não se obtém sucesso com doses de fenotiazínicos, tipos de antipsicóticos que causam tranquilização sem fazer, na maioria das vezes, o paciente dormir.

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Como a flufenazina funciona e age no organismo?

A flufenazina altera a ação da dopamina no organismo.

Isso acontece porque tal fármaco age em receptores que são responsáveis por fazer a recaptação da dopamina para dentro dos neurônios.

Enquanto a dopamina está entre os neurônios, ela causa seus efeitos.

A região cerebral onde a flufenazina principalmente age é chamada de hipotálamo.

Para que a flufenazina é indicada? 

Transtornos psicóticos 

Segundo a bula da flufenazina, este remédio é eficaz contra a maior parte dos sintomas dos transtornos psicóticos, principalmente para a:

  • Redução da hostilidade.
  • Diminuição da ansiedade, agitação e hiperatividade; 
  • Melhora da confusão, alucinações e delírios

Em geral, o paciente psicótico torna-se mais cooperativo, menos retraído, mais adaptável às situações sociais e mais acessíveis às medidas psicoterapêuticas ou outras não quimioterapêuticas.

Transtorno bipolar

O principal uso da flufenazina no transtorno bipolar é durante a fase de mania.

Ou seja, quando o paciente está mais agitado, podendo até mesmo apresentar delírios e alucinações (geralmente de grandeza), é que tal antipsicótico tem melhor efeito.

A flufenazina age não só acalmando o paciente, mas também equilibrando o humor para que ele volte a um estado de eutimia (normalidade).

Quadros de dores crônicas

Há inúmeros remédios que podem ser usados no tratamento da dor, entre eles:

  • Analgésicos comuns (dipirona e paracetamol);
  • Anti-inflamatórios não esteroidais;
  • Opióides;
  • Relaxantes musculares.

Entre esses fármacos estão também os antidepressivos tricíclicos. 

Quando o tratamento com os ADT’s para quadros álgicos crônicos não funciona bem, pode-se lançar mão da flufenazina para potenciar os efeitos analgésicos.

Existem contraindicações? Quais?

De acordo com a bula da flufenazina, as contraindicações do fármaco são:

  • Pacientes em estados comatosos e em estados deprimidos por ação de depressores do Sistema Nervoso Central;
  • Doentes com lesões cerebrais subcorticais suspeitas ou estabelecidas, com ou sem lesão hipotalâmica, pelo risco de desenvolvimento de hipertermia com temperaturas superiores a 40 ° C que poderão ocorrer até 14 a 16 horas após a administração do fármaco. 
  • Pacientes com arteriosclerose cerebral acentuada, insuficiência cardíaca grave, lesões renais ou retenção urinária.
  • Aqueles que recebem grandes doses de hipnóticos têm possibilidade de potencialização.
  • Para o tratamento de estados de ansiedade e tensão ou confusão e agitação em pacientes
  • geriátricos, em pacientes com feocromocitoma, insuficiência cerebrovascular ou renal ou deficiência de reserva cardíaca severa como na insuficiência mitral, bem como em pacientes que exibiram efeitos colaterais graves para outros fármacos de ação central. 
  • Discrasia sanguínea (doença que causa maiores chances de coágulos sanguíneos), depressão da medula óssea (não se produz células de defesa) e presença de lesão hepática (no fígado);
  • Pacientes que tenham hipersensibilidade à flufenazina ou aos componentes da fórmula; 
  • Menores de 12 anos;
  • Grávidas – contraindicação relativa – risco C.

Quais os efeitos esperados?

O início da ação aparece geralmente entre 24 e 72 horas após a injeção/uso do comprimido e os efeitos do fármaco sobre os sintomas psicóticos tornam-se significativos dentro de 48 a 96 horas.

Os efeitos dependem do transtorno a ser tratado, por exemplo:

  • Melhora dos sintomas negativos e positivos (alucinações e delírios) – esquizofrenia;
  • Tranquilização no quadro de agitação e equilíbrio do humor – estados de mania;
  • Redução da dor – quadros álgicos crônicos.

Quais os efeitos colaterais causados pela flufenazina?

Efeitos extrapiramidais

Como a flufenazina age em regiões do cérebro associadas ao movimento, pode-se gerar efeitos colaterais extrapiramidais (movimentos involuntários) como, por exemplo:

  • Tremores;
  • Contraturas musculares;
  • Dificuldade para andar;
  • Lentificação dos movimentos;
  • Inquietude.

Efeitos anticolinérgicos

Um dos efeitos principais de tal antipsicótico é a inibição do neurotransmissor acetilcolina (efeito anticolinérgico).

Isso faz com que se aconteçam alguns dos seus efeitos terapêuticos (como a tranquilização do paciente). No entanto, a ação anticolinérgica pode gerar efeitos secundários como:

Pupilas dilatadas e sem reflexos;

  • Visão borrada;
  • Secura na boca e narinas;
  • Dificuldade respiratória;
  • Aumento do número de batimentos do coração;
  • Diminuição de pressão sanguínea;
  • Intestino preso;
  • Aumento da temperatura corporal. 

Efeitos sedativos, hipotensores e convulsivantes

Como efeitos colaterais notáveis também pode-se notar:

  • Sensação de fraqueza (até desmaio);
  • Queda da pressão arterial;
  • Convulsões (flufenazina reduz o limiar convulsivo) – principalmente naqueles que possuem predisposição.

Por isso, é essencial estar atento com as interações medicamentosas que aumentem o risco de tais efeitos colaterais…

Outros efeitos

Também constam na bula os seguintes efeitos (com frequência desconhecida de aparecimento):

  • Cardiovasculares: hipertensão, hipotensão e prolongamento do intervalo QT;
  • Dermatológicos: fotossensibilidade e seborreia;
  • Endócrinos: síndrome metabólica;
  • Gastrointestinais: íleo paralítico;
  • Hematológicos: agranulocitose, eosinofilia induzida por fármacos, leucopenia, neutropenia, pancitopenia e trombocitopenia;
  • Hepáticos: danos hepáticos manifestos como icterícia colestática;
  • Imunológicos: Lúpus eritematoso sistêmico;
  • Músculo Esqueléticos: Diminuição da densidade mineral óssea;
  • Neurológicos: doença extrapiramidal (pseudoparkinsonismo, distonia, discinesia, acatisia, crises oculogíricas, opistótonos e hiperreflexia), sinais extrapiramidais (distonias agudas, acatisia, crises oculogíricas, e hiperreflexia), síndrome neuroléptica maligna (hiperpirexia, rigidez muscular, alteração do estado mental, evidência de instabilidade autonômica, elevação da creatina fosfoquinase, mioglobinúria (rabdomiólise) e insuficiência renal aguda), sonolência e discinesia tardia;
  • Oftalmológico: visão borrada e glaucoma. Renal: enurese noturna;
  • Respiratórios: insuficiência respiratória aguda e congestão nasal.

Quais os efeitos de tomar flufenazina com outros remédios?

Hipotensores

A associação da flufenazina com outros fármacos com efeito anti-hipertensivo aumenta o risco de hipotensão ortostática – pressão cair ao levantar.

Embora o uso da maior parte dos anti-hipertensivos em associação com tal antipsicótico não seja totalmente contraindicado, remédios que reduzem a pressão da pela ação na guanidina devem ser evitados.

Depressores do Sistema Nervoso Central (SNC)

Deve-se ter cautela e monitorar pacientes na concomitância do uso de flufenazina com fármacos depressores do SNC, entre eles:

  • Derivados morfínicos (analgésicos e antitussígenos);
  • Maioria dos anti-histamínicos H1;
  • Barbitúricos;
  • Benzodiazepínicos;
  • Ansiolíticos não benzodiazepínicos;
  • Clonidina seus derivados. 

Afinal, o aumento da depressão central, coloca o paciente em risco para a condução de veículos e utilização de máquinas, além de elevar o risco de quedas.

Medicações que aumentam o intervalo QTc

Quaisquer medicações que causam aumento no tempo para condução do estímulo elétrico no coração devem ser evitadas em associação com a flufenazina, entre elas:

  • Antiarrítmicos (ex: sotalol, amiodarona, disopiramida, quinidina, ibutilida e procainamida), Antagonistas de receptores H1 da histamina (ex: astemizol, terfenadina); 
  • Agonistas dos receptores da serotonina (ex: cisaprida); 
  • Alguns diuréticos (ex: indapamida);
  • Antipsicóticos (ex pimozida, droperidol).

Tal efeito colateral pode suscitar arritmias graves, potencialmente fatais.

O que corta o efeito da flufenazina?

Algumas substâncias foram associadas com redução do efeito da flufenazina, entre elas:

  • Levodopa – há uma relação de corte recíproco tanto da levodopa quanto da flufenazina. Em caso de tratamento com neurolépticos, não tratar a síndrome extrapiramidal com a levodopa, pois esta irá inibir a parte ativa dos neurolépticos. 
  • Uso de cigarros também corta o efeito da flufenazina;
  • Uso de antiácidos e antidiarréicos pode afetar a absorção de tal antipsicótico.

Flufenazina pode gerar dependência?

Em geral, as fenotiazinas não produzem dependência.

Ou seja, a flufenazina, não ocasiona tolerância – necessidade de usar doses cada vez maiores para se obter os mesmos efeitos.

No entanto, foram relatados, após cessação abrupta da flufenazina:

  • Gastrite;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Tonturas;
  • Tremores.

Quais cuidados devo ter ao usar flufenazina?

  • No caso de uso do Flufenan® Depot, após a injeção o paciente deve permanecer deitado por cerca de 30 minutos para prevenir possíveis efeitos hipotensivos;
  • Evitar levantar da posição sentada ou deita de forma abrupta, para não causar a hipotensão postural; 
  • Não ingerir bebida alcoólica;
  • Cuidado ao dirigir ou executar tarefas que exijam atenção;
  • Pelo risco de choque de calor: evitar banhos muito quentes; não fazer saunas; não praticar exercícios extenuantes, principalmente no calor; não se expor ao sol; evitar medicamentos para resfriados e alergias com atividade anticolinérgica;
  • Pelo risco de hipotermia (queda da temperatura): evitar exposição prolongada ao frio;
  • Evitar exposição ao sol; bronzeamento artificial. Usar filtros solares, roupas protetoras e óculos escuros – risco de fotossensibilidade;
  • Ingerir alimentos ricos em fibras, ingerir grande quantidade de líquidos;
  • Para aliviar a secura da boca, usar gomas ou chicletes sem açúcar;
  • Evitar exposição a pesticidas ou inseticidas;
  • Cuidado com cirurgias, inclusive procedimentos odontológicos (necessário avaliar os medicamentos a serem utilizados);
  • Durante aplicação injetável, é necessário controlar a pressão arterial;
  • Se utilizadas apresentações injetáveis de ação prolongada, os cuidados acima devem se estender por 6 a 12 semanas.

Quando interromper o tratamento da flufenazina?

A cessação do uso da flufenazina se dá basicamente em dois momentos:

  1. Uso terapêutico já satisfeito;
  2. Efeitos colaterais ou associações medicamentosas que inviabilizam o uso.

Ou seja, nos transtornos crônicos que não têm perspectiva de cura, pode-se usar a flufenazina por longos períodos de tempo.

Quem irá decidir o tempo do tratamento será o médico.

Nunca faça o interrompimento do uso sem relatar ao profissional responsável.

Dúvidas Frequentes

  • Qual a dose limite da flufenazina para adultos?

O limite usual para adultos é de até 20 mg ao dia.

  • Flufenazina engorda?

Não há indicações diretas na bula que mostram que a flufenazina engorda. Contudo, pacientes que a utilizam devem ter monitorização de níveis glicêmicos, basais e periódicos, além do controle do peso corporal.

  • Qual a indicação principal da flufenazina?

Embora não haja só uma indicação da flufenazina, a principal delas se refere ao tratamento dos transtornos psicóticos, sobretudo da esquizofrenia.

Resumo

A, flufenazina, fármaco da classe dos antipsicóticos e do grupo dos fenotiazínicos serve para tratar não só transtornos da mente, como também quadros de dores crônicas.

Vale destacar que até mesmo a dor pode ter uma ligação com a saúde psíquica.

Por isso, independente do motivo pelo qual se use a flufenazina é fundamental associar ao tratamento sessões de terapia.

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Referências

1) https://consultaremedios.com.br/flufenazina/bula 

2) https://www.medicinanet.com.br/conteudos/medicamentos/482/flufenazina.htm 

3)https://www.cristalia.com.br/arquivos_medicamentos/324/Flufenan_Depot_Bula_Profissional.pdf