O cloridrato de buspirona é um remédio ansiolítico, ou seja, que ajuda a conter sintomas de ansiedade.

Seus efeitos podem ser comparados aos dos benzodiazepínicos, uma classe de fármacos ansiolíticos. No entanto, a ação da buspirona é diferente de tais sedativos.

A versão de referência do cloridrato de buspirona é o Buspar® (Bristol-M-Squibb), mas também há a versão similar Ansitec® (Libbs).

Para saber mais sobre esse medicamento, continue lendo o conteúdo!

Para que serve a buspirona?

Como a buspirona funciona e age no organismo?

Para que buspirona é indicada?

Ansiedade persistente generalizada

Estados de ansiedade

Existem contraindicações no uso de buspirona? Quais?

Quais os efeitos esperados?

Quais os efeitos colaterais causados pela buspirona?

Reação muito comum

Reação comum

Reação rara

Reação muito rara

Quais os efeitos de tomar buspirona com outros remédios?

Inibidores da isoenzima CYP3A4 do citocromo P450

Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs)

O que corta o efeito da buspirona?

Buspirona pode gerar dependência?

Quais cuidados devo ter ao usar buspirona?

Quando interromper o tratamento da buspirona?

Dúvidas Frequentes

Resumo

Referências

Para que serve a buspirona?

A buspirona serve basicamente para aliviar sintomas de ansiedade, sejam eles suscitados por um transtorno em si ou em casos pontuais de ansiedade. Assim, destaca-se que a buspirona serve tanto para melhorar a qualidade de vida dos pacientes que possuem:

  • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG);
  • Transtorno misto ansioso-depressivo.

Embora possa ser associado a antidepressivos a fim de realizar o uso prolongado, a maior parte dos estudos com a buspirona se referem a tratamentos de no máximo 6 meses.

Como a buspirona funciona e age no organismo?

Apesar de não se saber exatamente como a buspirona funciona no corpo, os estudos mostram que sua ação não se assemelha aos benzodiazepínicos.

Estes atuam nos receptores do principal neurotransmissor inibitório do corpo, o GABA.

Por outro lado, a buspirona parece agir em outros mecanismos, entre eles;

  • Serotoninérgicos;
  • Dopaminérgicos;
  • Colinérgicos;
  • Noradrenérgicos.

Esses efeitos somados suscitam o resultado terapêutico da redução da ansiedade.

Para que buspirona é indicada?

Embora a ansiedade seja um sintoma extremamente comum entre as pessoas, nem todos os que possuem essa queixa têm a indicação do uso da buspirona.

É importante, em casos de ansiedade, procurar ajuda de terapia.

Assim, o profissional irá orientar caso houver a necessidade da procura de um médico para prescrever a buspirona ou outro fármaco ansiolítico.

De acordo com as orientações da bula da buspirona, trata-se de um medicamento indicado para os seguintes quadros:

Ansiedade persistente generalizada

Acontece quando se observa pelo sintomas de ao menos 3 dos quadros grupos de queixas a seguir:

  • Tensão motora: envolve instabilidade, agitação, nervosismo, tremores, tensão, mialgias, fatigabilidade, incapacidade para relaxar, contração muscular da pálpebra, testa enrugada, face extenuada, desassossego, sobressalto, diplopia (visão dupla);
  • Hiperatividade do sistema nervoso autônomo: sudorese, palpitações, taquicardia, frio, mãos frias e pegajosas, boca seca, tontura, delírio, parestesias (formigamento das mãos ou dos pés), distúrbios estomacais, acessos de calor ou frio, micção frequente, diarreia, desconforto epigástrico, nó na garganta, rubor, palidez, pulso e respiração muito rápidos em repouso;
  • Expectativa apreensiva: ansiedade, preocupação, medo, reflexão e pressentimento do infortúnio para si mesmo ou para outros.
  • Vigilância e vigília: estado de hiperalerta que resulta em distração, dificuldade de concentração, insônia, sensibilidade extrema, irritabilidade e impaciência.

Ao contemplar esses sintomas, é possível que seja realizado o diagnóstico de TAG, mas este não é essencial para indicar o tratamento com buspirona, vejamos…

Estados de ansiedade

Trata-se de uma condição em que se sente a ansiedade de forma contínua durante pelo menos um mês, mas sem contemplar todos os sintomas anteriores.

Quando somados com sinais e sintomas depressivos, pode-se realizar o diagnóstico de transtorno misto ansioso-depressivo.

Existem contraindicações no uso de buspirona? Quais?

Ter consciência das contraindicações da buspirona é importante, uma vez que elas ajudam o paciente, antes da prescrição do fármaco, a esclarecer todos os pontos importantes durante a consulta com o médico.

Assim, não se deve fazer o uso da buspirona caso se apresente:

  • Hipersensibilidade ao cloridrato de buspirona ou a qualquer componente da formulação (por exemplo, a lactose);
  • Idade menor que 18 anos de idade;
  • Epilepsia;
  • Intoxicação aguda por álcool, hipnóticos, analgésicos ou drogas antipsicóticas;
  • Insuficiência renal e hepática graves;
  • Gravidez ou em lactação (exceto se, na opinião do médico, o benefício exceder o risco potencial ao bebê).

Além disso, a buspirona deve ser utilizada com cuidado nas seguintes situações:

  • Glaucoma de ângulo agudo (ou fechado);
  • Miastenias gravis;
  • Dependência a drogas;
  • Paciente com problema hereditário raro de intolerância à galactose, deficiência da enzima lactase;
  • História de insuficiência renal ou hepática.

Quais os efeitos esperados?

Apesar da absorção da buspirona ser rápida e a ação máxima se dar em torno de 60 a 90 minutos após a ingestão do medicamento, seus efeitos ansiolíticos começam a notar-se apenas cerca de 1 a 3 semanas passarem.

Por isso, é recomendado que o tratamento seja prescrito por, no mínimo, três a quatro semanas.

A fim de potencializar os efeitos, o médico pode optar por combinar a buspirona com outros fármacos com ação ansiolítica, sobretudo das seguintes classes:

  • Inibidores seletivos da recaptação de serotonina;
  • Benzodiazepínicos.

Quais os efeitos colaterais causados pela buspirona?

Assim como acontece com todos os remédios, os efeitos secundários são uma possibilidade durante o uso da buspirona.

De acordo com a bula da buspirona, os efeitos colaterais podem ser divididos de acordo com a frequência da incidência:

Reação muito comum

Mais de 10% dos pacientes que fazem uso da buspirona irão sentir um destes sintomas:

  • Tontura (incluindo vertigem);
  • Cefaleia (dor de cabeça);
  • Sonolência.

Reação comum

Entre 1% e 10% dos pacientes que fazem uso da buspirona irão sentir um destes sintomas:

  • Nervosismo;
  • Insônia;
  • Distúrbios de atenção (concentração);
  • Depressão;
  • Estado confusional;
  • Alterações do sono;
  • Raiva;
  • Parestesia (sensação semelhante a alfinetadas);
  • Visão turva;
  • Coordenação anormal;
  • Tremor, tinido (zumbido no ouvido);
  • Taquicardia (aumento da frequência dos batimentos cardíacos);
  • Dor torácica (dor no peito);
  • Congestão nasal;
  • Dor faringolaríngea (dor de garganta);
  • Náusea (enjoo);
  • Dor abdominal;
  • Boca seca;
  • Diarreia;
  • Constipação;
  • Vômito;
  • Suor frio;
  • Erupção cutânea (lesões na pele);
  • Dor musculoesquelética;
  • Fadiga (cansaço).

Reação rara

Entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que fazem uso da buspirona irão sentir um destes sintomas:

  • Edema angioneurótico (inchaço que ocorre sob a pele);
  • Equimose (mancha arroxeada na pele causada por infiltração de sangue nos tecidos;
  • Urticária (placas avermelhadas na pele com coceira e/ou queimação).

Reação muito rara

Menos de 0,01% dos pacientes que fazem uso da buspirona irão sentir um destes sintomas:

  • Despersonalização (sensação persistente ou recorrente de desligamento do próprio corpo ou dos próprios processos mentais);
  • Labilidade emocional (mudanças muito rápidas do humor ou tem emoções desproporcionais a determinada situação ou ambiente);
  • Síndrome serotoninérgica (estado de confusão, inquietação, sudorese, tremor, calafrio, alucinação–visões ou sons estranhos – movimentos repentinos dos músculos ou batimentos cardíacos acelerados);
  • Convulsão;
  • Visão estreita (em túnel);
  • Sintomas extrapiramidais (tremor, fala arrastada, acatisia, distonia, ansiedade e angústia);
  • Reações distônicas e rigidez em roda denteada (rigidez muscular com movimentos circulares irregulares);
  • Discinesia (movimentos corporais involuntários);
  • Distonia (espasmo muscular que pode afetar a postura);
  • Desmaios;
  • Amnésia (perda da memória);
  • Ataxia (perda do controle muscular ou coordenação);
  • Parkinsonismo;
  • Acatisia (dificuldade de se manter sentado);
  • Síndrome das pernas inquietas;
  • Inquietação;
  • Retenção urinária (dificuldade para esvaziar a bexiga);
  • Galactorreia (produção de leite fora do período de lactação).

Quais os efeitos de tomar buspirona com outros remédios?

A buspirona não tem seu mecanismo de ação muito bem definido, mas se sabe que suas propriedades envolvem vários neurotransmissores.

Por isso, a lista de fármacos que podem gerar interações com a buspirona é vasta, seguem alguns deles:

Inibidores da isoenzima CYP3A4 do citocromo P450

É conhecido que a buspirona é metabolizada por essa enzima produzida no fígado.

Assim, ao usar concomitantemente com outros fármacos que são metabolizados pelo CYP3A4, deve-se diminuir a dose de buspirona para evitar intoxicações. Entre esses remédios destaca-se;

  • Itraconazol;
  • Eritromicina;
  • Nefazodona.

Inibidores da monoaminoxidase (IMAOs)

Embora os IMAOs sejam uma classe de antidepressivos em desuso por conta dos cuidados alimentares que se deve ter com a utilização, é importante destacar os riscos interação deles com a buspirona.

Afinal, essa união aumenta a chance de elevar perigosamente a pressão sanguínea, necessitando intervenção médica.

Outras interações medicamentosas.

A seguir estão alguns outros fármacos que podem interagir com a buspirona:

  • Haloperidol;
  • Trazodona;
  • Diazepam;
  • Diltiazem;
  • Verapamil;
  • Rifampicina;
  • Cetoconazol;
  • Ritonavir;
  • Dexametasona;
  • Fenitoína;
  • Fenobarbital;
  • Carbamazepina;
  • Cimetidina.

O que corta o efeito da buspirona?

Alguns dos fármacos citados acima podem acelerar as enzimas que metabolizam a buspirona.

Além disso, deve-se ter especial atenção com a associação da buspirona com bebidas alcoólicas, pois elas também podem não só influenciar no metabolismo do remédio, mas causar depressão do Sistema Nervoso Central (SNC).

Ingerir os comprimidos do cloridrato de buspirona após as refeições diminui o tempo de absorção do fármaco, mas não corta o seu efeito. Aliás, fazer o uso do ansiolítico desta maneira previne efeitos colaterais gastrointestinais como náuseas e vômitos.

Buspirona pode gerar dependência?

Não foi encontrada relação da buspirona com a geração de dependência química.

No entanto, sobretudo em casos de uso prévio de benzodiazepínicos, com a retirada da buspirona pode-se apresentar os seguintes sintomas:

  • Irritabilidade;
  • Ansiedade;
  • Agitação;
  • Insônia;
  • Tremor;
  • Cãibras abdominais e musculares;
  • Vômito;
  • Suor excessivo;
  • Sintomas semelhantes aos da gripe sem febre e ocasionalmente convulsões.

Por isso, é aconselhável a retirada desses medicamentos de forma gradual para evitar reações de abstinência, em especial, naqueles pacientes que tenham utilizado drogas depressoras do SNC por um longo período.

Quais cuidados devo ter ao usar buspirona?

Para melhorar a segurança e eficácia com o tratamento da buspirona, aqui estão alguns cuidados básicos:

  • Não ingerir bebida alcoólica;
  • Fazer uso do comprimido preferencialmente após refeições para evitar efeitos gastrointestinais;
  • Não dirigir veículos ou operar máquinas, pois a habilidade de atenção pode ser prejudicada;
  • Consultar um médico antes de associar qualquer medicação durante o tratamento;
  • Não fazer a descontinuação ou aumento da dose por conta própria;

Quando interromper o tratamento da buspirona?

Diferente dos tratamentos com antidepressivos, os quais geralmente duram 1 ano ou mais, o tempo de uso da buspirona costuma ser no máximo 6 meses.

Isso acontece porque a maior parte das pesquisas foram realizadas com esse intervalo de tempo.

Ou seja, não quer dizer que a buspirona não serve para ser utilizada por mais tempo, mas somente que não há muitas evidências que mostram qual o perfil de efeitos em prazos maiores.

De qualquer forma, quem irá decidir quando e como interromper o tratamento é o médico e, em nenhuma hipótese, deve-se descontinuar o tratamento por conta própria.

Dúvidas Frequentes

  • Qual a dose da buspirona?

A posologia de Buspirona deve ser determinada de acordo com a indicação do médico, no entanto, a dose inicial recomendada é de 3 comprimidos de 5 mg por dia, que pode ser aumentada, mas que não deve exceder os 60 mg por dia.

  • O que fazer se esquecer de tomar a buspirona?

Se você se esquecer de tomar uma dose do medicamento, despreze a dose esquecida e volte ao seu esquema normal, tomando a próxima dose no horário habitual. Não tome duas doses ao mesmo tempo.

  • Buspirona emagrece?

Não há nenhum indicativo na bula do cloridrato de buspirona que mencione a possibilidade de emagrecer com o uso da substância.

Resumo

Portanto, a buspirona é um fármaco ansiolítico não benzodiazepínico usado para tratar a ansiedade, seja ela em transtornos que persistem por mais tempo, seja em períodos de ansiedade menores que 1 mês.

No entanto, o que precisa ser destacado é que os melhores resultados de qualquer tratamento com psicofármacos só são possíveis quando se associa o uso do remédio com a terapia.

Assim, pode-se regular com a medicação os aspectos biológicos que envolvem os transtornos como também se estruturar psicologicamente o paciente, ganhando consciência sobre si e das circunstâncias ao redor.

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Referências

1) https://www.libbs.com.br/wp-content/uploads/2015/11/Ansitec_Paciente_V4-ampliada.pdf

2) https://www.medicinanet.com.br/conteudos/medicamentos/235/buspirona.htm

3) https://consultaremedios.com.br/cloridrato-de-buspirona/bula/para-que-serve

4) https://www.tuasaude.com/buspirona/