Filhos adolescentes: proteja quando deve, permita quando pode
Em seu livro “Age of Opportunity”, o especialista em adolescentes e professor de psicologia na Universidade Temple (Filadélfia), Laurence Steinberg afirma que, devido à plasticidade do cérebro, a adolescência traz uma segunda chance para ajudarmos nossos filhos a serem mais saudáveis, felizes e bem sucedidos.
Plasticidade cerebral é o processo pelo qual o cérebro se desenvolve na interação com o ambiente, portanto, infância e adolescência são as melhores épocas para um desenvolvimento positivo.
A adolescência, considerada pelos neurologistas o período entre os dez e vinte e cinco anos, é a época em que o cérebro ainda está em desenvolvimento e o sistema cerebral que governa o autocontrole está especialmente maleável. Portanto, ele propõe uma nova forma de pensar sobre essa fase da vida, baseado em evidências científicas, e afirma que se adotarmos esse ponto de vista, veremos muitas melhoras no bem estar de nossos filhos adolescentes. Essa é, talvez, nossa última e significante “janela da oportunidade”.
Como aproveitar essa janela de oportunidade com seus filhos adolescentes?
A adolescência é uma transição da infância para a vida adulta. Há três fatores que governam essa transição:
- Segurança emocional
- Habilidades de comportamento
- Responsabilidade pelos próprios atos
Em outras palavras, calma, competência e confiança. Portanto, os pais devem ser amorosos, firmes e apoiadores de seus filhos adolescentes.
Pais amorosos:
Transmitem ao filho a sensação de ser amado, valorizado e protegido. Não diminua o carinho, nem fique distante porque acha que seu filho ficará mimado com muita atenção. Alguns pais acreditam que não demonstrar amor ajuda a desenvolver o caráter da criança. De fato, a verdade é exatamente o oposto. Quando a criança se sente genuinamente amada, ela tem menos necessidades.
Criança precisa de muito contato físico, mesmo depois que cresce. Abrace e beije seu filho naturalmente, essa atitude reforça e fortalece a conexão emocional entre vocês. Tente entender e responder às necessidades emocionais dele a cada idade, e respeite. Faça do lar um paraíso de paz e segurança. Envolva-se com a vida dele, isso é crucial para seu autocontrole e ele levará essa sensação de bem estar para toda a vida.
Pais firmes:
Impõem limites ao comportamento do filho. A criança adquire autocontrole tendo regras. Se não houver controle externo, ele não desenvolverá controle interno. Se você não escovar os dentes de seu filho quando pequeno, ele não saberá escová-los quando mais velho. Disciplina traz segurança. Deixe claras as suas expectativas sobre o comportamento dele, explique suas regras e decisões, seja consistente, seja sensato, estabelecendo regras apropriadas para a idade, e evite castigos severos.
Pais apoiadores:
Encorajam a autonomia do filho. Deve haver um equilíbrio entre o que a criança já pode fazer e o que ela logo estará pronta para realizar. Na esfera neurobiológica, os circuitos do cérebro que regulam o autocontrole estão engajados e suficientemente fortalecidos para fazer o autocontrole automático.
Prepare seu filho para ter sucesso e, quando ele não for bem sucedido, não o faça sentir como se tivesse falhado. Foque nos acertos e, se possível, ajude-o a perceber o que poderia ter sido diferente, ou melhor. Elogie as conquistas, mas foque no esforço, não no resultado, assim ele dará valor ao esforço para atingir uma meta.
Não seja excessivamente invasivo, pois parte do que faz uma criança saudável, feliz e bem sucedida é a sensação de autossuficiência. Encontre um equilíbrio entre envolver-se e deixá-lo independente. Vá liberando o controle gradualmente, assim que seu filho for administrando melhor sua vida e obtendo mais autocontrole. Enfim, proteja quando deve, mas permita quando pode. (Escrevemos um artigo sobre a importância de uma boa comunicação entre pais e filhos).
Filhos adolescentes:
Muitos adolescentes sofrem porque os pais já não os veem como crianças e acreditam que eles não precisam mais dos carinhos e cuidados da infância. Porém, é nessa fase de transição que eles precisam de maior apoio, compreensão, cuidados, atenção e carinhos. Segundo os neurologistas, essa é a oportunidade de construir um ser humano saudável, feliz e bem sucedido.
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Texto baseado no livro “The age of opportunity”, de Laurence Steinberg.