Síndrome de Munchausen: Entenda o que é e como identificar
A Síndrome de Munchausen acontece quando uma pessoa manipula intencionalmente sintomas físicos com a intenção de receber atendimento médico.
Por ser uma síndrome difícil de identificar, geralmente suspeita-se quando a pessoa não apresenta nenhuma melhora mediante o tratamento realizado ou até mesmo quando ocorrem incoerência entre os sintomas descritos pela pessoa e os dados apresentados ao longo do tempo.
Com isso, abaixo vamos entender melhor o que é a Síndrome de Munchausen, o que causa, o tratamento e muito mais.
O que é a Síndrome de Munchausen?
Também conhecida como transtorno fictício, a síndrome de Munchausen é um transtorno psicológico no qual a pessoa simula sintomas ou força o aparecimento de doenças. Pessoas portadoras dessa síndrome, inventam doenças e estão frequentemente em hospitais em busca de tratamento.
Além de tudo, a pessoa que sofre com a síndrome de Munchausen geralmente possui certo conhecimento sobre as práticas médicas e com isso, é capaz de manipular seus cuidados para serem hospitalizados e submetidos a mais uma bateria de exames, tratamentos em geral e até mesmo cirurgias.
Síndrome de Munchausen por procuração: o que é?
Também conhecida como Síndrome de Munchausen por substituto, ocorre quando uma pessoa simula ou cria sintomas de doenças em outra pessoa.
Isso acontece com mais facilidade em crianças, onde a pessoa possui o controle sobre a outra e assim consegue levá-la com frequência aos hospitais ou conseguir que sejam feitos tratamentos diversos. Nesses casos, são feitos tratamentos que a pessoa portadora da síndrome julga ser o mais eficiente.
É importante deixar claro que, a criança em questão precisa receber atendimento médico para de fato verificar se possui alguma comorbidade.
Caso não haja nada fora do normal, o mais adequado a se fazer é afastar a criança da pessoa portadora da síndrome, afinal, esse tipo de comportamento é considerado como abuso infantil.
Quais são as causas da síndrome de Munchausen?
Ainda não foram identificadas causas exatas para essa síndrome, mas especialistas apontam que diversos fatores podem influenciar em seu desenvolvimento. Inicialmente, o que muitas pessoas acreditam é que pessoas que sofrem com essa síndrome têm uma necessidade de chamar atenção.
Para alguns especialistas, essas causas vão além da necessidade de atenção, mas sim, pode estar relacionada ao prazer que a pessoa portadora da síndrome possui em enganar os outros, principalmente quando se trata de pessoas importantes e “poderosas”.
Mas, também sabe-se que essa síndrome possui relação com transtornos de personalidade, principalmente para as pessoas que já estão em um nível mais grave desses transtornos.
Alguns desses transtornos que estão relacionados a essa síndrome são: borderline, depressão e até mesmo traumas de infância. Abaixo vamos entender melhor o que são cada um deles e o que causam.
Borderline
Esse é um transtorno difícil de ser diagnosticado, onde sua característica mais marcante é a instabilidade emocional e uma grande variação entre momento de estabilidade e momentos de descontrole.
A pessoa que sofre com borderline, possui uma constante mudança de humor, comportamento e baixa tolerância à frustrações. Isso leva essa pessoa a enfrentar episódios intensos de depressão, ansiedade e até mesmo de raiva, que podem ocorrer durante minutos, horas ou até mesmo por dias.
Diante de tudo que já sabemos sobre a síndrome de munchausen e com a breve explicação acima sobre o que é o borderline, podemos compreender que pessoas que sofrem deste transtorno estão mais suscetíveis a desenvolver a síndrome de munchausen.
Depressão
Uma doença psiquiátrica crônica e recorrente, que produz uma alteração muito grande de humor nas pessoas que sofrem com essa doença. É caracterizada por uma tristeza profunda e sem fim, que está ligada a sentimentos de baixa autoestima, culpa, dor, amargura e desencanto.
Muitas pessoas que sofrem com a síndrome de munchausen, possuem depressão e até mesmo já iniciaram ao menos uma vez o tratamento para essa doença, porém tem a tendência de abandonar logo no início.
Traumas na infância
De forma objetiva, os traumas estão relacionados à situações de violência e medo vividos na infância. Esses traumas podem ser caracterizados por abuso e violência sexual, assaltos, acidentes, agressões físicas e psicológicas, entre outras situações de estresse extremo.
Esses eventos traumáticos também estão relacionados a possíveis causas para que uma pessoa desenvolva a síndrome de munchausen.
Quais os sintomas da síndrome de Munchausen?
Como já mencionado acima, a pessoa portadora dessa síndrome cria ou enxerga sintomas de doenças em si ou no outro, e são capazes até mesmo de alterar amostras de exames como urina e fezes.
Geralmente, esse indivíduo portador dessa síndrome passa por vários hospitais para que investiguem e tratem o que estão sentindo. Eles são até mesmo capazes de auto-induzir evidências físicas. Mas, também é possível que sejam analisados outros sintomas, como:
- febres com origem desconhecidas;
- dores em geral;
- insuficiência respiratória;
- infecções de repetição sem causa aparente;
- lesões na pele;
- simulação de alguma patologia
- distúrbios endócrinos;
- enfisema subcutâneo (geralmente aparecem no pescoço e região torácica, tem como característica inchaço indolor);
- arritmia cardíaca.
Como é feito o diagnóstico da síndrome de Munchausen?
É fundamental que, para realizar esse diagnóstico tenha em mãos o histórico médico desse indivíduo, pois assim, é possível ter conhecimento, por exemplo, dos números e lugares de internações nos últimos anos, que foram realizadas para esse paciente.
Além disso, é importante identificar os motivos pelos quais esse paciente deixou o hospital, afinal, a maioria dessas pessoas que sofrem da síndrome de munchausen saem do hospital sem autorização médica. Por isso, é importante prestar atenção em alguns sinais como:
- Comportamento autodestrutivo;
- Incompatibilidade de relatos contados pelo paciente;
- Dificuldade em responder aos tratamentos médicos;
- Aumento na intensidade dos sintomas, quando o paciente percebe que está sendo observado;
- Presença dos sintomas, sem ter a doença;
- Resposta ao tratamento de placebo.
É importante deixar claro que, é muito marcante a ausência de sintomas psicóticos no portador da síndrome de munchausen, o que facilita no diagnóstico.
Mas também, vale ressaltar que há uma semelhança com alguns sintomas de doenças psicóticas, como a esquizofrenia ou transtorno borderline. Por isso, o diagnóstico é bastante complexo e exige muita atenção aos detalhes.
Qual o tratamento para a síndrome de Munchausen?
O tratamento para essa síndrome varia muito, e vai de acordo com o diagnóstico de cada paciente. Até porque, ela pode ser desenvolvida por transtornos psicológicos como borderline, depressão, ansiedade e até mesmo de humor.
O diagnóstico para o tratamento é um processo investigativo que exige muita atenção do médico a cada detalhe. E quando esse diagnóstico é realizado, o tratamento é feito por um psiquiatra em conjunto com um psicólogo e uma equipe multidisciplinar.
É importante ressaltar que em alguns casos graves é necessário haver intervenção médica e o paciente precisa ser hospitalizado para que sejam ministrados medicamentos e, se necessário, sejam realizadas até mesmo cirurgias. Mas isso vai de acordo com o quadro clínico de cada paciente.
Terapia é essencial
Nesse processo, o tratamento é realizado pelo psiquiatra e psicólogo, onde eles tentam encontrar a verdadeira causa que levou o paciente a desenvolver esse transtorno.
Por esse motivo, a psicoterapia e o acompanhamento com esses profissionais é fundamental, pois um de seus principais desafios é conscientizar o paciente de que ele está prejudicando a si mesmo. Por isso, o psiquiatra e o psicólogo são fundamentais.
Filmes e séries que abordam a síndrome de Munchausen
Após entender melhor do que se trata e como ela ocorre, abaixo vamos citar algumas produções que retratam a Síndrome de Munchausen.
Fuja!
Começamos pelo filme Fuja, que relata a vida de uma adolescente chamada Chloe (Kiera Allen), que sofre de inúmeras doenças, inclusive paralisia, que a colocou em cima de uma cadeira de rodas.
Chloe é educada em casa por sua mãe, Diane (Sarah Paulson), e aguarda uma carta de resposta para a faculdade. Porém, o comportamento estranho apresentado pela mãe, começa a deixar a jovem desconfiada de que algo está errado.
Quando Chloe encontra um remédio que foi receitado para a mãe, ela começa a questionar todas as atitudes de Diane, suspeitando que algo muito sinistro está por trás de tudo o que acontece.
The Act
Uma minissérie que relata a chocante e verdadeira história de Dee Dee Blanchard, uma mãe que forçou sua filha Gypsy Rose a fingir diversas doenças para conseguir atenção e recursos financeiros.
Sentindo-se presa e sufocada, Gypsy Rose acaba pedindo para seu então namorado que assassinasse sua mãe, para se ver livre e escapar desse relacionamento abusivo no qual sofria.
The Politician
Em The Politician, Dusty Jackson, interpretada pela atriz Jessica Lange é a vovó da personagem interpretada por Zoey Deutch, Infinity.
Infinity é companheira de chapa do ambicioso Payton Hobart durante as eleições da escola. Ela sofre de uma doença misteriosa e além de tudo, tem um passado ainda mais misterioso.
O que fica muito claro na série, é que Dusty, a vovó, está se aproveitando da doença de sua neta e usando-a para entrar no Olive Garden de todos os lugares.
Objetos Cortantes
Na minissérie “Objetos Cortantes”, Amy Adams interpretada pela atriz Camille Preaker, é uma repórter problemática que investiga assassinatos na pequena cidade onde vive.
Mas eventualmente, começa a fazer descobertas sobre sua mãe, Adora, interpretada pela atriz Patricia Clarkson e sua irmã mais nova.
Nessa minissérie a Síndrome de Munchausen por preocupação é relatada de uma forma mais assustadora.
IT – A Coisa
Em IT – A Coisa, Pennywise (Bill Skarsgard) pode até ser o principal antagonista, mas Eddie (Jack Dylan), também é uma vítima da síndrome de munchausen de sua mãe. No filme, a mãe de Eddie diz a ele, que ele tem várias doenças, forçando-o a tomar comprimidos que acabam sendo placebos.
MA
Na comédia de terror MA, também podemos ver um caso de Síndrome de Munchausen por preocupação, onde Sue Ann interpretada pela atriz Octavia Spencer, droga sua filha adolescente Genie (Tanyell Waivers), até que ela descobre e pega sua mãe.
O Sexto Sentido
Em O Sexto Sentido, clássico filme de terror dos anos 90, retrata um dos primeiros exemplos da Síndrome de Munchausen por preocupação.
No filme, fica bem claro que a Sra. Collins (Angelica Page) possui a síndrome, onde envenena seus filhos, principalmente a garota fantasma Kyra (Mischa Barton), para conseguir chamar a atenção.
O psicólogo Malcolm Crowe, interpretado pelo ator Bruce Willis, se dedica ao caso de Cole Sear (Haley Joel Osment). Um garoto de oito anos que possui dificuldades de entrosamento no colégio e vive paralisado de medo.
Porém, Malcolm busca também se recuperar, mas no caso é de um trauma sofrido anos antes, quando um de seus pacientes se suicidou na sua frente.
Como a terapia pode ajudar
A síndrome de Munchausen é um transtorno psicológico que pode afetar gravemente o bem-estar e saúde de quem sofre com ela e das pessoas ao redor. A psicoterapia e o acompanhamento com um médico psiquiatra são partes fundamentais do tratamento.
Buscar ajuda profissional é importante não apenas se você sofre com a síndrome de Munchausen, mas também se você precisa aprender a melhor forma de lidar com alguém do seu convívio e que passa por isso.
Investir em autoconhecimento e na sua saúde mental garante retorno em bem-estar, qualidade de vida e financeiro para todos. Ganhe em performance e impulsione os seus resultados investindo em saúde emocional com o Zenklub.
Referências
Enoch MD, Trethowan WH. The Munchausen syndrome and some related disorders. In: Uncomon psychiatric syndromes. Bristol: Wright; 1979. p.77-94.
RIBEIRO, Thayanne Mayul de Souza Borges. Síndromes de Munchausen e Munchausen por Procuração: alguns apontamentos da Psicologia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 05, Vol. 09, pp. 90-98. Maio de 2020.