Saiba o que é cleptomania e quais os riscos associados ao transtorno
Cleptomania é um certo tabu em nossa sociedade.
Afinal, é comum perceber o transtorno da pessoa que “rouba” (na verdade a pessoa com o problema comete furtos, ou seja, atos de usurpação que são feitos em sigilo) com certo julgamento a pessoa que pratica.
No entanto, precisamos falar sobre isso, já que nem sempre o transtorno está ligado a desvios morais.
Saiba mais sobre a cleptomania na sequência.
Tenha uma ótima leitura!
O que é cleptomania?
Cleptomania é o ato de cometer pequenos furtos, de objetos com pouco valor financeiro, sem planejamento, por impulso. Assim, cleptômano é uma palavra cujo significado remete à pessoa que comete a cleptomania.
Apesar de muitas vezes ser abordada com certo preconceito, não é interessante que seja assim, uma vez que uma postura acolhedora é o meio eficaz para orientar o adequado tratamento.
O que é importante destacar sobre a cleptomania é que ela pode ou não estar ligada a um transtorno de personalidade. Isso quer dizer que nem sempre o problema está ligado a um “desvio” no que tange ao cumprimento das leis e regras sociais.
No caso da cleptomania, o paciente tem certeza de que o ato de roubar é errado, mas o impulso de o fazer é incontrolável.
Quem é mais afetado pela doença?
As mulheres têm mais chance de desenvolver o transtorno, mas ele também pode se manifestar nos homens.
Estima-se que a cleptomania seja uma condição vivida por cerca de 0,3 a 0,6% da população e tende a começar no final da adolescência ou início da vida adulta.
Como na maior parte dos transtornos da mente, há um caráter genético. Isto é, uma pessoa que é filha de um parente de primeiro grau com história de cleptomania tem mais chances de desenvolver o problema.
Como a cleptomania afeta o corpo?
Os segundos que antecedem o furto cometido pelo cleptomaníaco causam uma descarga de neurotransmissores e hormônios no corpo da pessoa com o problema.
Dessa forma, o corpo entra em um estado de “luta ou fuga”, o que significa que o indivíduo fica repleto de tensão e ansiedade para cometer o ato.
Nesse viés, mesmo a pessoa sabendo que o ato é criminoso, ela tem dificuldade na inibição do impulso de cometer o furto.
Quais são as características que indicam cleptomania?
Há alguns sintomas e sinais que podem ser indicativos da cleptomania, confira:
- Incapacidade de resistir ao impulso de roubar, mesmo que não precise do objeto
- Tensão e ansiedade elevadas antes de roubo
- Prazer e alívio durante o roubo
- Culpa, remorso e ansiedade após o roubo
- Roubos sem motivo ou planejamento
- Repetição dos impulsos
- Roubo não é melhor explicado por outro problema transtornos, mania, uso de drogas etc.
Causas da cleptomania
A causa da cleptomania geralmente é multifatorial, ou seja, é a combinação de vários fatores.
Contudo, tem sido levantada a hipótese de que a os cleptomaníacos sofrem de uma menor quantidade de serotonina na área do cérebro responsável pelo controle dos impulsos (córtex pré-frontal ventromedial).
Além disso, como dito antes, há uma característica genética no transtorno, o que faz com que o problema seja mais comum em filhos de pais cleptomaníacos, por exemplo.
Qual o tratamento para cleptomania?
Embora as pessoas que sofram da cleptomania possam esconder seus sintomas e não procurar ajuda, é importante ressaltar que há tratamento para o transtorno.
O principal meio para tratar o problema é através da psicoterapia.
O profissional especialista em saúde mental pode, em alguns casos, encaminhar o paciente a um psiquiatra que avaliará a necessidade de medicação para ajudar no controle dos impulsos.
Como lidar com a doença ao longo da vida?
Antes de tudo, é importante ressaltar que a pessoa com o problema precisa ser acolhida sem julgamentos para que ela se sinta à vontade para procurar ajuda.
Ademais, as estratégias de tratamento, quando acompanhadas por um pessoa que dê o suporte sem fazer juízos de valor, têm maiores chances de sucesso.
Confira na sequência algumas maneiras de lidar com a doença ao longo da vida…
Fazer tratamento com medicação
Como a doença muitas vezes tem relação com a ansiedade, podem ser prescritos remédios antidepressivos para o paciente.
Além disso, tais medicações podem auxiliar no controle dos impulsos.
Por vezes, a própria ansiedade é um fator causador dos impulsos. Ou seja, ao controlar a ansiedade, reduz-se de maneira considerável os furtos.
Frequentar profissionais da saúde
A base do tratamento é o acompanhamento psicológico.
Afinal, sem um especialista que dê o suporte periódico, é difícil avaliar as melhoras reais.
Por isso, é interessante fazer terapia em uma frequência semanal ou quinzenal para que um especialista ouça os relatos dos pacientes e dê orientações assertivas.
Criar estratégias de adaptação
As estratégias são definidas em conjunto entre o terapeuta e o paciente.
Ademais, para a execução de tais ações, muitas vezes é importante um núcleo de apoio de amigos ou familiares.
Por exemplo, se a pessoa com cleptomania tende a cometer furtos em supermercados, pode ser interessante que ela vá fazer as compras acompanhada de uma pessoa de confiança que esteja ciente da questão.
Conclusão
A cleptomania não deve ser um tabu, uma vez que não se trata de um problema ético, mas sim uma dificuldade de controlar impulsos.
Para isso, há tratamento eficaz por meio da terapia.
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Referências
https://www.scielo.br/j/rbp/a/wZ4Lq3zQbM4N5ccsb4QYBms/?lang=pt
https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/kleptomania/symptoms-causes/syc-20364732
https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/9878-kleptomania
https://hospitalsantamonica.com.br/cleptomania-entenda-como-funciona-a-compulsao-por-roubos/
Rui Brandão é médico, com experiência em Portugal, Brasil e Estados Unidos da América, e mestre em Administração pela FGV em São Paulo. Hoje é CEO & Co-fundador do Zenklub, plataforma de saúde emocional e desenvolvimento pessoal que oferece conteúdos, profissionais e ferramentas especializadas para mais de 1.5 milhões de pessoas no Brasil.