Sabemos que a maternidade é o sonho de muitas mulheres, mas, quando se trata de conciliar a maternidade e trabalho sabemos que são grandes os desafios a serem enfrentados no caminho.
Nesse momento da vida, a mulher está passando por grandes mudanças, novos sentimentos e precisa lidar com tudo isso ao mesmo tempo. Além de tudo isso, é preciso lidar também com a questão de ter que se ausentar e deixar seu bebe para ter que cumprir com sua rotina de trabalho.
É claro que com as mudanças que o mercado sofreu com o passar dos anos e com a mudança de “mentalidade” das empresas, hoje já se fala mais sobre esse assunto e são criadas políticas pensadas em facilitar o dia a dia das mães que trabalham.
Para entendermos melhor como funciona esse período para as mulheres e como o mercado de trabalho lida com isso, abaixo separamos alguns tópicos que irão nos ajudar a entender melhor sobre o assunto.
Como é o mercado de trabalho para as mulheres?
Não é novidade que ainda hoje existe muita desigualdade em relação às mulheres no ambiente de trabalho, principalmente em relação à maternidade.
Se pararmos para apontar onde estão essas desigualdades, o primeiro da lista seria com certeza a remuneração, que de acordo com o IBGE mulheres ganham até 20% a menos do que os homens ganham para exercer a mesma função.
Além disso, ainda falta muita representatividade feminina em cargos de liderança, ocupados majoritariamente por homens.
Outro fator que também entra nessa lista é a educação, mulheres são a maioria que não conseguem completar um curso superior, muitas vezes por conta da maternidade.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia e a Fundação Getúlio Vargas, desde 2012 a taxa de desemprego das mulheres é maior que a taxa de desemprego dos homens. Esse índice em 2021 de mulheres desempregadas estava equivalente a mais de 7,5 milhões.
O fato é que, infelizmente ainda nos dias de hoje essa desigualdade continua, principalmente pelo fato da chegada da pandemia da COVID-19, que levou muitas mulheres a ficarem desempregadas.
E o mercado de trabalho para as mães?
Infelizmente as mulheres e principalmente as mamães ainda sofrem no mercado de trabalho, seja para se manter ou para se inserir novamente após o nascimento de seus filhos.
De acordo com pesquisas, após um certo tempo, grande parte das mulheres que tiram licença maternidade já não estão mais presentes no mercado de trabalho. Essa mesma pesquisa aponta que de 247 mil mães, 50% foram demitidas em torno de dois anos após terem retirado a licença maternidade.
Precisamos destacar que a lei 14.020 garante a estabilidade de emprego da mulher, a partir da confirmação da gravidez. Infelizmente, hoje ainda nos deparamos com empresas que ao realizar a seleção para preencher uma vaga de trabalho ainda dão prioridade para aquelas mulheres que não possuem filhos pequenos.
Ou seja, mesmo com a evolução do mercado e as mudanças que ele vem sofrendo , ainda sim precisamos lidar com as desigualdades que as mulheres e principalmente as mães sofrem.
Os desafios da maternidade
Que a maternidade é um desafio para todas as mulheres, isso é fato, mesmo que elas já tenham passado pelo primeiro filho. A confusão de sentimentos e os hormônios à flor da pele, além de terem que readaptar toda sua rotina para encaixar a nova vida a ela.
Questionamentos e inseguranças de estarem fazendo ou não a coisa certa, embora não exista certo ou errado nesse momento, além do sentimento de culpa, solidão e principalmente o cansaço físico e mental com os quais elas também precisam lidar, são alguns dos desafios encontrados pelo caminho nessa fase da vida.
Por mais que esse momento seja tão esperado por muitas mulheres e seja lindo, os desafios vêm para mostrar que a realidade não é um conto de fadas. Por esse motivo, quanto maior for sua rede de apoio, mais fácil será para essa mamãe encarar os desafios que estão por vir.
O home-office auxiliou a maternidade e o trabalho?
Com a chegada da pandemia da COVID-19 muitas empresas precisaram se adaptar à nova realidade e a grande maioria adotou a política do home office.
Mesmo que as coisas já tenham se acalmando, ainda enfrentamos a pandemia, e boa parte das empresas mudaram seu modelo de trabalho e mantiveram o home office ou tornaram sua jornada híbrida, onde os colaboradores trabalham alguns dias da semana na empresa e outros de home office.
O fato é que o home office trouxe pontos positivos e negativos para equilibrar a maternidade e trabalho.
O ponto positivo é que trabalhar de casa te dá mais liberdade e tempo de qualidade para se dedicar à sua família. O tempo gasto com transporte de ida e volta do trabalho pode ser usado para estar mais presente, descansar e fazer o que precisa ser feito.
Por outro lado, sabemos que crianças demandam atenção e, muitas vezes, é difícil para eles entenderem que os pais têm momentos de trabalho e momentos de lazer. Pode ser difícil para uma mãe se concentrar nas tarefas necessárias e ao mesmo tempo atender às necessidades dos filhos.
Quais problemas as mulheres encontram com a maternidade e trabalho?
A vida da mulher que precisa lidar com a maternidade e o trabalho não é nada fácil. Talvez a sensação que elas tenham nessa fase da vida é que os problemas parecem ser maiores, principalmente quando ela não tem uma rede de apoio.
O fato é que os problemas existem sim e é preciso saber lidar com eles. Algumas empresas são mais flexíveis e apoiam essa nova fase da mulher, mas em contrapartida ainda existem empresas que não dão esse apoio e não são nem um pouco flexíveis quanto a esse assunto.
Abaixo separamos os principais problemas que essas mulheres enfrentam em suas carreiras quando decidem se tornarem mamães ou já são mães e decidem ter outro filho.
Falta de empatia
A maternidade é uma fase complicada para muitas mulheres, que passam a ser responsáveis por outra vida e precisam balancear as novas responsabilidades, o trabalho, sua saúde e outros fatores.
O que se faz muito presente no mundo corporativo são pessoas com falta de empatia diante dessas situações. É preciso entender que, por vezes, mulheres que também são mães vão precisar priorizar as necessidades de forma diferente.
Perda de oportunidades
O preconceito ainda existe com relação às mulheres que optam pela maternidade. Infelizmente ainda temos que lidar com empresas tóxicas que ao abrir uma vaga, no momento da seleção, escolhe aquelas mulheres que não tem filhos, principalmente os pequenos.
Ou seja, ao escolher a maternidade, muitas mulheres ainda acabam perdendo oportunidades no mercado de trabalho.
Medo de demissão
Outra questão que também é uma realidade para a mulher que decide optar pela maternidade é o medo da demissão, mesmo sabendo que elas têm garantido por lei a estabilidade no trabalho por um determinado período.
Mesmo que essas mulheres cumpram com sua jornada de trabalho corretamente, muitas empresas, após passar esse período de estabilidade, decidem dispensar essas mulheres, que depois enfrentam uma grande dificuldade para voltar ao mercado de trabalho.
Dificuldade de recolocação
Algumas mulheres escolhem dar uma pausa em suas carreiras para se dedicarem aos seus filhos, principalmente nos primeiros anos. Mas, quando decidem retornar ao mercado de trabalho, encontram muita dificuldade.
Muitas vezes, ao disputar uma vaga de emprego as empresas acabam optando pelas mulheres que não tem filhos, ou usam o afastamento do mercado de trabalho como justificativa para a não contratação.
Qual é o papel das empresas para aliviar o problema?
É fato que a mudança precisa acontecer por parte da empresa, e fechar os olhos para essas situações não é uma alternativa. Lidar com a maternidade dessa forma é um jeito ultrapassado e empresas que ainda continuam com essa postura tem sua marca manchada no mercado de trabalho.
O Zenklub produziu um ebook sobre o tema e um webinar, trazendo à luz a relação entre as mulheres e o ambiente de trabalho.
Abaixo separamos algumas ações que as empresas podem colocar em prática para que esse quadro mude.
Mudanças no recrutamento e seleção
A mudança de cultura deve começar já no processo de recrutamento e seleção, pois muitas vezes esse preconceito é visível a partir dessa fase inicial. O fato é que a maternidade não deveria ser uma pauta a entrar em questão, muito menos ser encarada como um problema.
A empresa pode perguntar sobre maternidade para a candidata, mas isso jamais deve ser tópico determinante para contratá-la ou não. Muito pelo contrário, a empresa pode se mostrar flexível quanto a esse assunto e disponibilizar benefícios como auxílio creche.
Ambiente flexível e acolhedor
Um ambiente acolhedor e flexível nesse momento é muito importante para que a mulher que busca balancear seu tempo entre o trabalho e a maternidade fique mais tranquila e a vontade.
Proporcionar um clima e ambiente acolhedor dão mais segurança e fortalecem a marca empregadora da empresa.
Políticas para mães
É claro que toda empresa possui sua política, mas adotar e disponibilizar uma política em particular para as gestantes e mamães é também uma forma de demonstrar apoio a essas profissionais.
Vale conversar e ouvir o que as mulheres e mães que trabalham na empresa têm a dizer e onde elas sentem mais necessidade de mudança. Dessa forma, a empresa pode se adaptar a essa realidade e contribuir para o clima organizacional.
Oferecer benefícios
Oferecer benefícios flexíveis como por exemplo a possibilidade de trabalhar de home office ou sair mais cedo, são alternativas que as empresas podem oferecer a essa profissionais que estão vivendo a fase da maternidade.
Essa atitude por parte da empresa só tende a favorecê-la, pois essas colaboradoras podem se tornar até mais produtivas, minimizando até as chances de erros.
Alinhe os deveres e mudanças
A maternidade não impede a realização de tarefas, por isso mesmo as mães não devem perder oportunidades de emprego. Mas, é importante que a empresa esteja aberta para alinhar os deveres juntamente com as mudanças que estão ocorrendo na vida dessa mulher.
É muito importante ouvir o que a mulher tem a dizer e alinhar as responsabilidades dentro do time com o novo cenário de maternidade para que a rotina fique confortável para todos.
Conclusão
A maternidade é uma fase importantíssima na vida de uma mulher, que vem cheia de novidades e mudanças. Essas mudanças refletem também no dia a dia de trabalho dessa colaboradora e de suas dinâmicas com o time.
Infelizmente ainda hoje existe muito preconceito com a mulher no ambiente de trabalho, principalmente com aquelas que além de profissionais também são mães. O papel da empresa aqui é fornecer um ambiente seguro e empático para que essas mulheres consigam balancear essas diferentes áreas da vida.
Cabe ao time de Recursos Humanos garantir que existam políticas relacionadas à maternidade e que elas sejam respeitadas. É importante também que essas mães tenham voz e possam orientar a criação de novas políticas e benefícios.
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Referências
MANENTE, Milena Valelongo; RODRIGUES, Olga Maria Piazentin Rolim. Maternidade e trabalho: associação entre depressão pós-parto, apoio social e satisfação conjugal. Pensando familias, v. 20, n. 1, p. 99-111, 2016.
OLIVEIRA, Silvana Corrêa et al. Maternidade e trabalho: Uma revisão da literatura. Revista Interamericana de Psicología/Interamerican Journal of Psychology, v. 45, n. 2, p. 271-280, 2011.
