Solidão na era digital com redes sociais: estamos mais sozinhos?
É aquele velho ditado: o futuro chegou. E chegou, chegando! Inaugurou a era digital e a gente viu os Jetsons virarem realidade, nesse mundo de chamadas de vídeo ~ terapia em video ~ e várias maravilhas proporcionadas pela internet. Mas parece que uma consequência desse futuro, que já é presente, é o aumento da nossa solidão. Só que… será mesmo que estamos mais sozinhos? Existe mais solidão na era digital com redes sociais? Estamos mais sozinhos porque usamos mais redes sociais ou usamos mais redes sociais porque estamos mais sozinhos?
Perguntas difíceis! E nem a gente nem ninguém têm a resposta final para todas elas. Mas o que podemos fazer é te ajudar a pensar um pouco mais sobre essas importantes questões.
Estamos mais sozinhos na era digital?
A melhor resposta que podemos dar é: não sabemos ao certo. E o motivo é bem simples: medir solidão, o sentimento de estar solitário, é super difícil. E para termos certeza de que estamos mais sozinhos hoje em dia, do que no passado, seria preciso ter dados de pesquisas de décadas e séculos atrás. Assim, poderíamos comparar o nosso sentimento de solidão com o do pessoal que veio antes da gente.
Em uma matéria da BBC sobre mitos da solidão, a gente encontrou uma pesquisa que mostra que de 1948 a 2018, as taxas de solidão entre as pessoas mais velhas -que são sistematicamente isoladas socialmente, permaneceu estável, por volta dos 10%. Por outro lado, na matéria Solidão afeta cada vez mais moradores das grandes cidades, vemos estudos que mostram que o perfil da população das cidades grandes têm mudado, com estilos de vida mais individualistas e um contato menor com a família.
Então aí está um primeiro ponto importante: o que tem ficado cada vez mais claro é que existe uma sensação de solidão crescente nas cidades grandes, de crianças a adultos. Nos EUA, onde a maioria da população vive em cidades, uma pesquisa mostrou que boa parte dos americanos se sente sozinho. E quem mora numa metrópole consegue imaginar com facilidade o porquê. É tanta gente pra todo lado que a gente vai criando mecanismos de defesa para não lidar com as pessoas e, aos poucos, podemos ir nos fechando.
A realidade é que nosso momento atual como humanidade é de transição. Não sabemos ainda direito como navegar nesse novo mundo da era digital, e algumas coisas ainda são estranhas pra gente, mesmo que as levemos com naturalidade.
Por exemplo: a vida na cidade acaba sendo cheia de pequenas interações rasas; a gente se acostuma a ver muita gente, mas não necessariamente nos aprofundamos em diferentes contatos. Se isso é bom ou ruim, difícil saber, mas entendemos que é uma dinâmica presente, já que a população mundial não para de crescer, e que temos que aprender a lidar com esse dia a dia da melhor maneira possível. E é aí que entram as redes sociais.
As redes sociais agravam o sentimento de solidão?
Aqui, a pergunta é bem que nem do ovo e da galinha: nessa solidão na era digital com redes sociais, são as plataformas que nos deixam sozinhos ou usamos mais as plataformas porque estamos sozinhos? Que as duas se relacionam, a gente sabe. Mas, talvez, nem chegue a ser uma relação de causa e consequência. Talvez, as redes sociais sejam um fator importante desse novo tipo de solidão, em que nos vemos toda hora rodeados de amigos reais e virtuais, mas sem necessariamente estabelecer vínculos profundos.
Na matéria Solidão na era digital: nunca estivemos tão conectados e tão sós, do Observador, fala-se sobre uma “solidão acompanhada” na era digital. Para lidar com a solidão nesses tempos meio Black Mirror, a gente vai pras redes sociais (e também, porque não, plataformas de streaming) para nos fazerem companhia, para nos acompanharem quando nos sentimos solitários.
O que ainda não está claro é se as redes sociais provocam mais solidão ou não. Porque vão ter pessoas que vão falar como as redes sociais foram uma porta de entrada para diferentes círculos sociais, enquanto outras vão relatar como passaram a se isolar por conta delas. Pra entender melhor, a gente encontrou uma matéria do UOL sobre o tema, que traz o conceito de “solidão de Schrödinger”, baseado no “gato de Schrödinger”.
Pra quem não está por dentro, o gato de Schrödinger (pra resumir e simplificar bem) é uma suposição em que a gente imagina um gato dentro de uma caixa; a ideia é que depois que você fecha essa caixa, você não consegue mais saber se o gato está vivo ou morto.
Assim seria a nossa experiência na era digital. Dentro desse mundo, mesmo com tantas possibilidades de interagirmos com muitas pessoas, podemos estar 100% conectados ou completamente sozinhos a qualquer momento. E as redes sociais, justamente, são as plataformas que vão participar ativamente dessa dúvida. Ou seja, elas podem funcionar para o bem ou para o mal.
Como usar bem as redes sociais?
Para entender melhor a solidão na era digital com redes sociais, a gente tem que compreender como usar bem essas plataformas. E não fiquem bravos com a gente, mas a gente não tem uma resposta final para essa pergunta também (é o que a gente disse: hoje é mais sobre saber fazer as melhores perguntas e conseguir pensar nelas, do que ter as respostas certas para tudo). Isso porque cada pessoa tem as suas próprias particularidades e não existe uma receita que garanta que o seu uso de redes sociais vai ser 100% saudável.
No nosso texto Bem-estar na era digital, a gente falou sobre como a gente não pode deixar o offline de lado, mesmo se as coisas começarem no online. Nas redes sociais, a gente conhece outras comunidades e se expressa mais livremente; e tudo isso deve servir de ponte para uma vida mais completa também fora dessas plataformas.
Em Solidão em rede, da Revista Marie Claire, tem mais gente falando como as redes sociais podem, sim, trazer bons encontros. Mas, quando essa conexão fica só pelo wi-fi e de maneira rasa, aí a coisa pode complicar e a pessoa vai acabar sentindo uma solidão mais profunda.
A revista traz o exemplo de uma jovem gaúcha que foi dando uma contornada nos seus momentos mais solitários na adolescência com amigos online. Mas quando chegou numa fase importante de sua vida adulta (a compra de um apartamento), percebeu que, com o tempo, não tinha concretizado esses contatos no mundo real e, ainda, acabou se afastando de muitos deles, fazendo com que ela se sentisse isolada por não ter com quem comemorar a sua conquista. mundo real.
Ah! Mas vale dizer: é esse estar isolado que é realmente prejudicial, não o ficar sozinho em si. Inclusive, momentos em que você pode curtir sua própria companhia tendem a ser bons demais.
Ficar sozinho é viver em solidão?
Pronto, finalmente temos alguma resposta pra alguma dessas perguntas 😂 Então, vamos lá: não! Estar sozinho não é o mesmo que viver em solidão. Poder estar sozinho nos traz momentos muito construtivos e importantes para o nosso amadurecimento.
Nesse sentido, as redes sociais entram também como um ponto de atenção: elas muitas vezes impedem que estejamos completamente sozinhos. Com medo de lidarmos com essa solidão que parece nos perseguir nos tempos modernos, acabamos recaindo nas redes sociais, e várias outras tecnologias, para ocupar vários dos nossos momentos. Mas olha só: experimenta ficar só com os seus pensamentos por um tempinho.
E aí, ficar sozinho é sozinho mesmo. Não precisa ser sempre, mas… Ficar um tempo sem série ou música, só refletindo no sofá de casa, meditando ao acordar, na caminhada do parque, todos esses momentos nos levam para muitos lugares que devemos explorar – e curtir: nós mesmos. A nossa companhia não deve nunca ser algo que a gente teme ou queira fugir. Afinal, se tem alguém que está com a gente o tempo todo é a gente mesmo!
E quando pedir ajuda?
Depois de tudo isso que a gente viu sobre solidão na era digital com redes sociais, quando você perceber que anda sozinho demais, que o sentimento de solidão te acompanha sempre, que você não tem sabido usar muito bem as redes sociais, aí é hora de procurar ajuda.
Um especialista consegue te ajudar a entender, por exemplo, porque você tem se afastado de outras pessoas, ou porque você acaba passando tanto tempo nas redes sociais. E, mais do que isso, ele vai poder ir te guiando para você desenvolver dinâmicas mais saudáveis na sua vida, dentro das suas potencialidades, vontades e limites.
Então, precisando, no app do zenklub você encontra o especialista que mais combina com você, além de vários conteúdos pra te acolher nos momentos que você precisa. 😉