A dor da perda e o que a psicologia fala sobre isso
Sem dúvida a dor da perda de um ente querido é imensurável. A morte de um pai ou de uma mãe, por exemplo, deflagram em nós uma sensação de escuridão, causada pela falta que o ente perdido nos faz.
Uma das frases mais famosas sobre luto diz: “mesmo sabendo que um dia a vida acaba, a gente nunca está preparado para perder alguém”.
Não ter mais ao nosso redor aquela pessoa amada causa uma dor tão grande que se manifesta das mais variadas formas: raiva, inconformidade, tristeza, desalento.
Apesar de tamanho sofrimento, as pesquisas científicas mostram que o luto é um estado temporário de tristeza que, ao permanecer por muito tempo, pode ser sinal de que uma depressão se instalou.
Neste artigo vamos abordar aquilo que precisa ser conhecido sobre a dor da perda pelo viés da psicologia. Venha saber mais!
O que sabemos sobre a dor da perda?
Segundo a psiquiatra suíço-americana Elisabeth Kübler-Ross, há 5 fases que envolvem a dor da perda.
Também conhecidas como as 5 fases do luto, esses momentos são necessários para a assimilação da ausência do ente querido que se foi e, assim, viver a vida com saúde emocional.
Vejamos uma a uma (elas variam em ordem, tempo e intensidade):
1. Negação ou isolamento
Trata-se de um mecanismo de defesa que nós temos para preservar nossa estabilidade emocional diante da perda.
Nesse momento é comum pensar que a pessoa que se foi irá retornar. Ter sonhos frequentes com a pessoa que partiu é comum durante a fase da negação.
Além disso, é bem comum nesta fase do luto ouvir frases como ““Isso não pode estar acontecendo!”.
2. Cólera ou raiva
Em um 2º momento a negação dá lugar à raiva, sentimento direcionado a um “culpado” para todo o sofrimento que a pessoa vivencia.
Às vezes, toda essa raiva se projeta em Deus, por ter permitido a morte do ente querido; aos médicos, por não terem feito outras abordagens e, às vezes, na própria pessoa que sofre. Neste caso, sente-se culpa por não ter prestado assistência de forma diferente nos últimos dias de vida de quem já se foi.
3. Barganha
Mais comum quando se lida com uma doença grave pessoal. É o tempo em que se volta para o mundo ou para Deus e começa-se a negociar por mais tempo de vida.
Ou seja, nessa fase o luto toma a forma de negociação e começa-se a dizer frases como: “Por favor, eu preciso de um milagre para a reversão da doença da minha mãe”.
A barganha ajuda quem sofre o luto a entender as circunstâncias que envolveram a perda. Muitas vezes a pessoa enlutada pergunta-se: “o que eu deveria ter feito diferente?”.
Isso tudo ajuda a compreender e superar, aos poucos, a dor da perda.
4. Depressão
Talvez seja a fase da perda mais difícil de lidar, uma vez aqui há forte tristeza acompanhada de solidão e saudade.
Nesse momento a realidade do contexto toma forma e, por isso, é comum que quem sofre o luto se isole e manifeste mais a tristeza relacionada à falta que se tem da pessoa amada.
5. Aceitação
A última fase se refere ao momento em que a pessoa que perdeu o ente querido vê sua dor suavizar e percebe que é possível continuar a vida e ainda ser feliz, apesar da saudade.
Isto é, neste momento o sofrimento está abrandado e a pessoa enlutada consegue orientar de forma mais consciente suas perspectivas de vida, ajudando muito na aceitação da partida do ente querido.
Como amenizar a saudade de quem já se foi?
Não é nada fácil lidar com o luto, mas há formas de amenizar a saudade e viver da melhor maneira possível sem o ente que se foi. Algumas sugestões dos especialistas em psicologia para superar esse momento tão difícil são:
Lembre-se dos bons momentos que você viveu com a pessoa
Apesar do seu ente querido não estar mais aqui, ele de alguma forma permanece dentro de você.
As memórias dos bons momentos são uma forma de amenizar a saudade de quem se foi, pois evocam lembranças que misteriosamente dão vida aos que partiram.
Por exemplo, a triste dor da perda certamente pode ser amenizada ao relembrar uma conversa que você teve com seu pai, uma festa que você foi com sua mãe, uma viagem feita em família.
Converse com pessoas queridas
De fato, conversar com pessoas que você ama alivia dores emocionais.
Compartilhar os sentimentos com pessoas de confiança ajuda a lidar com suas angústias e amenizar a dor da perda.
Não se culpe por sofrer a saudade
Algumas pessoas veem o processo de sofrimento por conta do luto como um sinal de fraqueza ou até mesmo de falta de amor para com quem se foi, porque pensam que o ente falecido não gostaria de presenciar tamanha dor.
No entanto, é preciso entender que sofrer faz parte do processo de superação da dor. A psicologia diz que sem passar pelas fases do luto, dificilmente alguém consegue aceitar com naturalidade a falta que o ente querido faz.
Busque ajuda profissional
Passar por sessões de terapia é especialmente interessante em um momento de luto, uma vez que os especialistas em luto saberão te dar toda a orientação para que você compreenda e aceite a dor da perda.
Assim, não se trata de negar a dor da perda, mas sim de acolher esse sofrimento e usá-lo para fortalecimento pessoal. Nada melhor que um terapeuta devidamente habilitado para te auxiliar nesse processo.
Dor da perda de um ente querido ou depressão?
De fato, a dor da perda de um ente querido é bem diferente da depressão.
Apesar de uma das fases do luto receber o nome de depressão, não se trata da mesma coisa. Nessa fase ocorre uma tristeza resultante da dor da saudade, o que é completamente natural que se sinta.
A depressão muitas vezes se dá sem que haja um gatilho definido, por assim dizer. A pessoa simplesmente começa a sofrer tamanha falta de vontade de realizar suas tarefas que a vida perde todo o brilho, toda a alegria.
Por outro lado, é importante ressaltar que é possível que alguém entre em depressão por conta da dor do luto. Isso acontece quando se permanece por muito tempo da fase de luto que envolve maior tristeza, sensação de solidão e saudade.
Assim, o principal fator a ser analisado para verificar se a dor pela perda de um ente querido pende para a depressão é que neste transtorno há prejuízos significativos na vida da pessoa que sofre e na vida de terceiros.
Ou seja, o que irá indicar que o luto na verdade se tornou depressão é quando, mesmo após bastante tempo depois da perda, a pessoa enlutada ainda não consegue retomar a vida anterior.
Conte com ajuda profissional para lidar com a dor da perda
Lidar com a <strong>dor da perda</strong> não é fácil e a ajuda profissional é imprescindível para superar a tristeza.
Dessa forma, o auxílio de especialistas em luto é importante para todos aqueles que perderam entes queridos, mas sobretudo é crucial para aqueles que estão sofrendo de depressão por conta da falta de quem se foi.
Aqui na Zenklub você encontrará profissionais excelentes especialistas em ajudar pessoas que estão vivenciando a dor da perda. Clique aqui e saiba mais!
Referências
Kubler-Ross E. On death and dying. New York: Scribner; 1969.
Kubler-Ross E. Questions and answers on death and dying. New York: Touchstone; 1971.
Kubler-Ross E. Living with death and dying. New York: Touchstone; 1981