O cloridrato de metilfenidato, popularmente conhecido pelo nome do seu fármaco de referência Ritalina® (Novartis) – 10mg, é uma anfetamina usada sobretudo para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

Outros nomes de referência do metilfenidato incluem: 

  • Concerta® (Janssen) – disponível em 18, 36 e 54 mg;
  • Ritalina LA® (Novartis) – disponível em 20, 30 e 40 mg.

Tal remédio foi produzido pela primeira vez em 1944 e desde então passou por inúmeros aprimoramentos.

Preparamos este conteúdo para você entender tudo o que é importante saber sobre tal medicamento. 

Tenha uma excelente leitura!

Para que serve o metilfenidato?

O metilfenidato é um dos mais conhecidos estimulantes do mercado farmacológico.

Seus efeitos são voltados principalmente para aumento dos seguintes aspectos do funcionamento mental:

  • Atenção;
  • Foco;
  • Disposição;
  • Clareza;
  • Autocontrole.

Por seus efeitos estimulantes, o metilfenidato é usado para tratar os seguintes transtornos:

  • TDAH (tanto em crianças como em adultos);
  • Narcolepsia;
  • Hipersonia idiopática do Sistema Nervoso Central (SNC).

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Como o metilfenidato funciona e age no organismo?

De forma ampla, o metilfenidato atua estimulando o SNC.

Isso é feito pelo bloqueio dos canais transportadores de 2 neurotransmissores excitatórios (denominados monoaminas):

  • Dopamina;
  • Noradrenalina.

Essas substâncias são responsáveis por ativar regiões do cérebro relacionadas à:

  • Atenção;
  • Autocontrole;
  • Foco;
  • Disposição.

Diferente de outras anfetaminas (como, por exemplo, a lisdexanfetamina), a atuação do cloridrato de metilfenidato não se dá pela liberação de mais neurotransmissores, mas sim pelo maior aproveitamento dos que já estão disponível na fenda sináptica (espaço entre 2 neurônios).

Para que metilfenidato é indicado? 

Apesar da principal indicação do metilfenidato ser para TDAH, não é somente para esse fim que o estimulante é indicado.

Vejamos quais são as indicações do metilfenidato segunda a sua bula:

1) TDAH 

Esse é um transtorno que acomete cerca de 3% das crianças ao redor do mundo.

Geralmente é diagnosticado no colégio pelos professores, os quais notam maior dispersão e dificuldade da criança para realizar as tarefas e interagir com os colegas.

No entanto, não é incomum que o problema só seja diagnosticado na idade adulta, quando os prejuízos são maiores, uma vez que interfere na capacidade laborativa e de cuidado com seus dependentes.

Além da desatenção, outros sinais e sintomas comuns do TDAH são:

  • Impulsividade;
  • Inquietude;
  • Irritabilidade e/ou agressividade.

É mais comum que alguém com TDAH, comparado com quem não têm o problema, tenha outros transtornos de aprendizagem como:

  • Dislexia;
  • Discalculia.

2) Narcolepsia

Trata-se de um Transtorno do Sono em que o ritmo do ciclo circadiano está desregulado.

Isto é, a narcolepsia se refere a condição na qual a pessoa “troca o dia pela noite”. 

Isso faz com que a pessoa possa adormecer de forma profunda durante o dia em situações nas quais deve se manter ativa.

O metilfenidato auxilia na manutenção da vigília e da atenção nas tarefas diurnas.

3) Hipersonia idiopática do Sistema Nervoso Central (SNC)

Diferente da narcolepsia na Hipersonia idiopática do SNC a pessoa tem a necessidade de dormir muito, o que faz com que despertar para a realização de atividades seja difícil, sobretudo aquelas em circunstâncias estáticas e passivas (sentado assistindo uma aula, por exemplo).

Dessa forma, não resta muito tempo para que quem sofre desse transtorno realize suas atividades ao longo do dia.

O metilfenidato auxilia na diminuição da necessidade de sono, fazendo com que cerca de 8 horas de descanso sejam suficientes para ficar bem desperto ao longo do dia.

O diagnóstico tanto desta questão como também da narcolepsia se dá com:

  • Resultados da polissonografia (sono NREM);
  • Exclusão de outras possíveis doenças;
  • Descarte de origem medicamentosa. 

Existem contraindicações no uso de metilfenidato? Quais?

Assim como qualquer psicotrópico, o metilfenidato também possui suas contraindicações, que são:

  • Pessoas alérgicas (hipersensíveis) ao metilfenidato ou a qualquer outro componente da fórmula. Se você achar que pode ser alérgico, peça orientação ao seu médico;
  • Excessiva ansiedade, tensão ou agitação;
  • Problemas da tireoide;
  • Problemas cardíacos, como ataque cardíaco, batimento cardíaco irregular, dor no peito (angina), insuficiência cardíaca, doença cardíaca ou se nasceu com problema do coração;
  • tem pressão sanguínea muito alta (hipertensão) ou estreitamento dos vasos sanguíneos (doença arterial oclusiva que pode causar dor nos braços e pernas);
  • Pessoas que estão tomando um medicamento chamado “inibidor da monoamino oxidase” (IMAO), utilizado no tratamento da depressão ou tiver tomado IMAO nas últimas duas semanas;
  • Aqueles que têm pressão ocular aumentada (glaucoma);
  • Casos de quem possui um tumor da glândula adrenal chamado feocromocitoma;
  • Pessoas que têm fala e movimentos corporais incontroláveis (síndrome de Tourette) ou se qualquer outro membro da família for portador desta síndrome.
  • Grávidas e lactentes (avaliar risco-benefício).

Quais os efeitos esperados?

O tempo para o início dos efeitos varia de 20 a 60 minutos, com pico de ação por volta de 2 horas. A duração da ação é de três a cinco horas.

Nos comprimidos de liberação prolongada (Ritalina LA®) o tempo de ação pode durar até 12 horas.

De acordo com as necessidades de cada pessoa, o médico realizará a prescrição a fim que os efeitos desejados ocorram nos momentos em que há maior necessidade de atenção, foco e energia.

Quais os efeitos colaterais causados pelo metilfenidato?

Muitas pessoas buscam o uso “off label” do metilfenidato como uma “pílula da inteligência” a fim de melhorar o desempenho cognitivo durante a preparação para provas e concursos.

Isso é muito perigoso, sobretudo quando há automedicação, uma vez que o metilfenidato possui uma série de efeitos colaterais possíveis (alguns deles graves).

Por isso, confira algumas explicações para certos efeitos colaterais e depois uma tabela com a organização dessas reações de acordo com a frequência de aparecimento:

Emagrecimento

Muitas pessoas que fazem uso do metilfenidato perdem peso.

Isso ocorre porque a ação estimulante faz com que o apetite seja reduzido.

Assim, a pessoa não sente a necessidade de se alimentar.

Por um lado, isso pode parecer bom, principalmente àqueles que querem emagrecer. 

Contudo, se não houver o acompanhamento de um nutricionista, essa perda de peso pode refletir déficits nutricionais importantes.

Em crianças, comer pouco significa ter problemas no desenvolvimento, o que é uma séria repercussão.

Insônia

A depender do horário em que se toma o metilfenidato, ele pode causar insônia.

Afinal, duas das suas 3 indicações contidas na bula são para transtornos do sono.

Por isso é crucial fazer o acompanhamento médico a fim que a prescrição seja individualizada e feita de acordo com a rotina de cada pessoa.

Tabela dos sintomas

A tabela seguinte foi feita de acordo com a taxa de incidência de cada efeito secundário possível do metilfenidato, a saber:

  • Muito comuns > 1/10;
  • Comuns > 1/100 a < 1/10;
  • Raras > 1/10000 a < 1/1000;
  • Muito raras < 1/10000.
Muito comunsComunsRarasMuito raras
NasofaringiteDiminuição do apetiteNervosismo, insôniaNáusea, boca secaDiminuição do pesoArtralgia (dor articular)Rash (erupção cutânea), prurido, urticária, febre, queda de cabelo, hiperidrose (suor excessivo)Dor abdominal, vômito, dispepsia (desconforto abdominal), dor de denteTosseTaquicardia, palpitação, arritmias, alterações da pressão arterial e do ritmo cardíaco (geralmente aumentado)Discinesia, tremor, cefaleia, sonolência, tonturaAnsiedade, inquietação, distúrbio do sono; agitaçãoRedução moderada do ganho de peso durante uso prolongado em criançasDificuldades de acomodação da visão e visão embaçadaAngina pectoris (dor no peito)Leve retardamento do crescimento durante o uso prolongado em crianças (por conta da alimentação insuficiente).Leucopenia, trombocitopenia, anemiaReações de hipersensibilidade, incluindo angioedema e anafilaxiaHiperatividade, psicose (algumas vezes com alucinações visuais e táteis), humor depressivo transitórioConvulsões, movimentos coreoatetoides, tiques ou exacerbação de tiques préexistentes e síndrome de Tourette, distúrbios cerebrovasculares incluindo vasculite, hemorragias cerebrais e acidentes cerebrovascularesFunção hepática anormal, estendendo-se desde um aumento de transaminase até um coma hepáticoPúrpura trombocitopênica, dermatite esfoliativa e eritema multiformeCãimbras musculares

Quais os efeitos de tomar metilfenidato com outros remédios?

É importante relatar ao médico todos os fármacos que se faz uso (inclusive fitoterápicos e suplementos) antes de iniciar a utilização do metilfenidato.

Isso fará com que o uso do remédio seja seguro e eficaz.

Seguem interações importantes que devem ser evitadas:

Medicamentos que aumentam a pressão sanguínea

O cloridrato de Metilfenidato deve ser utilizado com cautela em pacientes tratados com medicamentos que aumentam a pressão sanguínea, em especial os IMAOS.

Picos hipertensivos podem causar uma série de problemas, alguns deles fatais casos se tenha outras questões associadas, por exemplo:

  • Rompimento de aneurismas;
  • Infarto agudo do miocárdio;
  • Acidente vascular cerebral.

Em casos de cirurgias agendadas, devido ao aumento da pressão causado pelo metilfenidato, a medicação não deve ser tomada no dia da cirurgia.

Uso de fármacos serotoninérgicos

O uso em associação de metilfenidato e fármacos que aumentam a quantidade de serotonina na fenda sináptica é desaconselhado.

Isso porque pode haver um perigoso acúmulo do neurotransmissor, causando um quadro chamado de síndrome serotoninérgica cujos sintomas são, por exemplo:

  • Ansiedade;
  • Agitação;
  • Inquietação;
  • Sobressaltos;
  • Delírio com confusão.

O que corta o efeito do metilfenidato?

A associação do metilfenidato com medicamentos que alteram também aumentam os níveis de dopamina podem cortar o efeito do estimulante.

Exemplos desses remédios são:

  • DOPA;
  • Antidepressivos tricíclicos – por exemplo, amitriptilina;
  • Antipsicóticos – por exemplo, haloperidol e olanzapina. 

Nesses casos o médico deverá analisar qual a melhor opção terapêutica.

Metilfenidato pode gerar dependência?

Sim! O metilfenidato, assim como todos os psicofármacos da classe das anfetaminas pode causar dependência química.

Isso fica evidente na caixa do metilfenidato a qual é envolvida com uma tarja preta, a qual representa o potencial de dependência do fármaco.

Por isso, o metilfenidato não pode ser prescrito em receita médica comum, mas sim na receita amarela, reservada para os remédios estimulantes.

A fim de evitar o fenômeno da tolerância (necessitar cada vez de doses maiores para os mesmos efeitos), é imprescindível seguir as doses prescritas pelo médico, não as aumentando por conta própria.

Dentre os possíveis sintomas de abstinência do metilfenidato estão:

  • Dores de cabeça frequentes;
  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Oscilação do humor.

Quais cuidados devo ter ao usar metilfenidato?

Para o uso seguro e eficaz do metilfenidato, deve-se atentar aos seguintes cuidados:

  • Não aumentar a dose por conta própria;
  • Não ingerir bebida alcoólica;
  • Evitar bebidas que contenham cafeína (café, chá, chocolate, refrigerantes à base de cola);
  • Procurar ajuda médica para descontinuar o fármaco em caso de: hipersensibilidade; crise convulsiva; se nenhuma melhora for notada após 1 mês de tratamento; se os sintomas forem paradoxalmente agravados durante o tratamento;
  • A descontinuação do medicamento deve ser lenta e gradual;
  • O uso de cocaína com o metilfenidato pode acarretar intenso nervosismo, irritabilidade, problemas de sono, batimento cardíaco irregular, convulsão e até mesmo a morte;
  • O medicamento pode provocar diminuição temporária do crescimento em crianças, sobretudo se não realizaram uma alimentação adequada (ter atenção às medidas da curva de crescimento).

Quando interromper o tratamento do metilfenidato?

Somente interrompa o tratamento com a decisão médica.

Pode ser necessário, após um período de uso do metilfenidato, ter um tempo de “férias medicamentosas”, a fim que o corpo possa ter os efeitos terapêuticos desejados.

O acompanhamento psicológico é muito importante, uma vez que através dele poderá ser avaliado de forma mais minuciosa eventuais oscilações na eficácia do remédio e, em casos de efeitos adversos, se será necessário fazer a descontinuação.

Dúvidas Frequentes

  • Metilfenidato pode causar doping?

Sim. Por ser um estimulante do sistema nervoso central (SNC) o metilfenidato auxilia na concentração e rapidez de raciocínio. De fato, isso representa uma vantagem em competições esportivas.

  • Metilfenidato vicia?

Se utilizado de maneira desregrada e sem orientação profissional, há grandes chances do metilfenidato gerar uma dependência química em quem o usa. 

  • Metilfenidato emagrece?

A perda de peso é um efeito colateral comum do metilfenidato. Isso se dá pois o fármaco reduz o apetite. É importante monitorar as refeições especialmente das crianças a fim que elas não apresentem problemas de desenvolvimento por má alimentação.

Resumo

O cloridrato de metilfenidato é uma medicação cujo nome comercial de referência é a Ritalina® e serve para tratar os seguintes transtornos:

  • TDAH;
  • Narcolepsia;
  • Hipersonia idiopática do Sistema Nervoso Central.

De fato, tal medicação tem efeitos que pode ser notados em poucas horas após o uso, auxiliando na atenção e no desenvolvimento de um estado bem disposto ao longo do dia.

No entanto, por si só o fármaco é insuficiente para tratar os transtornos da mente como um todo. É imprescindível associar com o uso de metilfenidato sessões regulares de terapia.

Através dessas sessões é possível desenvolver estratégias para lidar com aquilo que prejudica a qualidade de vida.

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Referências

1) https://consultaremedios.com.br/cloridrato-de-metilfenidato/bula 

2) https://www.medicinanet.com.br/conteudos/medicamentos/784/metilfenidato.htm 

3) https://www.bulas.med.br/p/bulas-de-medicamentos/bula/3721/ritalina.htm 
4) https://www.mdsaude.com/bulas/metilfenidato/