Ácido Valpróico: o que você precisa saber sobre esse medicamento
O ácido valpróico é um remédio da classe dos anticonvulsivantes que também possui ações na estabilização do humor.
A comercialização desse fármaco tem como referência os seguintes nomes e indústria fabricante:
- Depacon® (Abbott);
- Depakene® (Abbott);
- Depakote Sprinkle® (Abbott);
- Depakote ER® (Abbott).
Além de tais opções, há as seguintes opções similares:
- Epilenil® (Biolab Sanus);
- Torval CR® (Torrent);
- Valpakine® (Sanofi-Aventis);
- Valprene® (Teuto);
- Zyvalprex® (Zydus).
A apresentação do ácido valpróico se dá de 4 maneiras possíveis:
- Comprimidos;
- Cápsulas;
- Xarope;
- Gotas.
Continue com a gente para saber mais sobre esse fármaco!
Para que serve o ácido valpróico?
O principal uso do ácido valpróico é para melhorar quadros epilépticos.
Assim, o ácido valpróico é um remédio que serve para tratar tanto quadros em que há convulsões tônico-clônicas (com movimentos involuntários) ou as chamadas crises de ausência (um tipo de convulsão em que se perde a consciência por alguns segundos).
Além disso, na prática da saúde mental o ácido valpróico é bastante usado como estabilizador do humor para tratar sobretudo o transtorno afetivo bipolar, mas também há profissionais que o utilizam para tratar também o transtorno do pânico.
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Como o ácido valpróico funciona e age no organismo?
A ação do ácido valpróico é basicamente a inibição do Sistema Nervoso Central (SNC). Isso serve para diminuir a atividade elétrica, o que por sua vez faz com que as chances de crises convulsivas (e de mania) também caiam.
Não se sabe com segurança como tal ação inibitória acontece, mas se postula que ela se dá por conta do aumento da quantia do neurotransmissor GABA no SNC.
O GABA é o principal neurotransmissor inibitório que existe no organismo. Ou seja, quando suas quantidades aumentam, a atividade dos neurônios diminui.
Para que ácido valpróico é indicado?
O ácido valpróico, como vimos, serve para tratar não só questões neurológicas como também psiquiátricas. Vejamos com mais detalhes as indicações desse remédio:
Epilepsia
O ácido valpróico pode ser usado tanto em monoterapia, quanto em conjunto com outras medicações anticonvulsivantes para tratar casos de epilepsia.
Até mesmo crianças com mais de 10 anos já podem utilizar esse remédio.
O efeito anticonvulsivante do ácido valpróico trata não só as crises epilépticas “clássicas” em que há movimentos involuntários e repetitivos, mas também a crise de ausência, a qual pode ser confundida com um simples “lapso de consciência” que dura alguns segundos.
Alguns sintomas que podem indicar uma crise de ausência são:
- Uma parada repentina ao falar ou ao fazer algo por alguns segundos;
- Olhar fixamente para a frente, sem estar ciente de seus arredores;
- Não responder a perguntas ou a interações;
- Movimentos repetidos, como estalar os lábios ou vibração das pálpebras.
Transtorno bipolar
Embora o tratamento mais comum do transtorno bipolar no quesito de estabilização do humor seja o carbonato de lítio, o ácido valpróico também é uma opção de 1ª escolha.
Isto é, o valproato tem eficácia e segurança comprovada para diminuir a ocorrência de crises de mania e tem possui propriedades antidepressivas.
Assim como durante o uso do lítio, quem faz o uso do ácido valpróico para tratar o transtorno bipolar precisa dosar a quantidade do remédio no sangue para se verificar se a dose está sendo terapêutica.
Transtorno do pânico
Ainda como um uso off label (fora da bula), alguns profissionais prescrevem o ácido valpróico para questões de ansiedade, sobretudo para a Síndrome do Pânico.
Postula-se que os efeitos positivos se dão, porque o remédio conduziria a uma “desaceleração” cerebral, o que aliviaria a ansiedade.
Existem contraindicações no uso de ácido valpróico? Quais?
Sim! Assim como todos os remédios, o ácido valpróico também possui suas contraindicações, entre elas:
- Pacientes com hipersensibilidade conhecida à substância;
- Desordens conhecidas no ciclo da uréia (tendência ao acúmulo de amônia);
- Pessoas com alergia aos demais componentes da fórmula do produto;
- Gravidez;
- Lactação.
Alerta às mulheres em uso do ácido valpróico – deve-se sempre usar método contraceptivo eficaz, uma vez que esse remédio pode provocar sérios danos ao feto, particularmente no primeiro trimestre de gravidez.
Quais os efeitos esperados?
Os efeitos do tratamento com ácido valpróico/valproato de sódio varia de pessoa para pessoa e de doença para doença.
Assim, em alguns casos de tratamento das crises epilépticas, pode-se produzir sinais de melhora já nos primeiros dias de tratamento; em outros casos, é necessário um tempo maior para se obter os efeitos benéficos.
Por outro lado, a ação como estabilizador do humor costuma demorar algumas semanas, pois é o tempo para que se atinja um nível plasmático (no sangue) terapêutico.
O médico dará a orientação dos efeitos esperados para cada caso.
Quais os efeitos colaterais causados pelo ácido valpróico?
Os efeitos desagradáveis que podem ocorrer com o uso do ácido valpróico são:
- Náuseas, vômitos;
- Queimação no estômago;
- Dor de cabeça;
- Falta de coordenação nos braços e pernas;
- Queda passageira de cabelos;
- Raramente – depressão ou agressividade, fraqueza muscular e toxicidade para o fígado e pâncreas
Vejamos de perto alguns problemas mais sérios:
Pancreatite
É uma emergência médica, uma vez que precisa receber atendimento especializado rapidamente em detrimento de colocar a vida da pessoa em risco.
Os seguintes sintomas podem sinalizar pancreatite e, caso surjam, é imprescindível procurar um médico o quanto antes:
- Dor abdominal;
- Náusea, vômitos;
- Diminuição do apetite.
Encefalopatia hiperamonêmica
É um quadro grave que pode acontecer após o uso de ácido valpróico e se refere ao acúmulo de amônio, uma molécula tóxica proveniente do metabolismo das proteínas.
Quando a amônia se acumula no corpo pode causar danos cerebrais, suscitando assim a encefalopatia hiperamonêmica cujos sinais envolvem, por exemplo:
- Letargia inexplicável;
- Vômitos;
- Alterações no estado mental.
Quais os efeitos de tomar ácido valpróico com outros remédios?
*explicar o que acontece quando misturado com outros medicamentos, citando em h3 quais são esses medicamentos que não podem ser misturados*
Encefalopatia
O uso do ácido valpróico com topiramato, um outro anticonvulsivante, aumenta as chances do desenvolvimento de encefalopatia.
Ou seja, desenvolve-se maior probabilidade de acúmulo de amônia em níveis tóxicos para o cérebro.
No entanto, não se sabe se o uso isolado de topiramato aumenta o risco de encefalopatia.
Chance de sangramento
Um dos principais riscos dos fármacos que impedem a formação de coágulos é o de sangramentos. Entre esses remédios estão:
- Anticoagulantes orais;
- Heparina;
- Agentes trombolíticos;
- Inibidores da agregação plaquetária.
Nesse sentido, quando eles são usados em concomitância com o ácido valpróico, aumenta-se ainda mais a chance de tal efeito colateral.
Aumento de toxicidade
Como o ácido valpróico é metabolizado pelo fígado, outras medicações que também o são podem se acumular no organismo e gerar toxicidade durante o uso concomitante, entre elas estão:
- Carbamazepina;
- Fenitoína;
- Amitriptilina;
- Nortriptilina.
O que corta o efeito do ácido valpróico?
O uso concomitante do ácido valpróico com o álcool pode cortar o efeito do remédio.
Afinal, beber regularmente bebidas alcoólicas acelera a atividade das enzimas que compõem as moléculas que metabolizam o valproato.
Assim, recomenda-se que durante o tratamento evite-se o consumo de álcool.
Outras medicações que possam acelerar a degradação do ácido valpróico certamente serão alertadas pelo médico.
Ácido valpróico pode gerar dependência?
Diferente dos benzodiazepínicos e das anfetaminas, o ácido valpróico é um remédio que não causa dependência química.
No entanto, é importante realizar um desmame gradativo da substância, sobretudo ao usar doses mais elevadas, a fim de reduzir as chances de efeitos colaterais.
O que pode acontecer é a chamada dependência psicológica que se dá pelo hábito da tomada regular da medicação.
Quais cuidados devo ter ao usar ácido valpróico?
Para melhorar a eficácia e segurança do ácido valpróico atente-se aos seguintes pontos:
- Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do seu médico;
- Não use o medicamento com o prazo de validade vencido;
- Antes de usar observe o aspecto do medicamento;
- Este medicamento não pode ser partido ou mastigado;
- Tomar o ácido valpróico preferencial após as refeições para evitar efeitos colaterais gastrointestinais.
- Evitar ingestão de bebida alcoólica;
- Cuidado ao dirigir ou executar tarefas que exijam atenção.
Quando interromper o tratamento do ácido valpróico?
Alguns casos de uso do ácido valpróico são contínuos.
Ou seja, uma vez que esse remédio serve para tratar doenças crônicas, o tratamento pode não ter um tempo para acabar.
De qualquer forma, é indispensável seguir todas as orientações do médico, o qual irá ajustar o tempo de tratamento e a maneira como será realizado o eventual desmame de forma individualizada.
Dúvidas Frequentes
- O que fazer se esquecer de tomar o ácido valpróico?
Não interromper o tratamento sem o conhecimento de seu médico e informar o médico o mais rápido possível se esquecer de tomar uma dose. Se a pessoa parar de tomar de repente o medicamento, o efeito da medicação sobre a doença cessará, o que poderá ser perigoso ao paciente devido às características da doença para a qual este medicamento está indicado.
- Qual a dose máxima do ácido valpróico?
A dose é sempre decidida de forma individualizada de acordo com as características do paciente e do seu peso. De uma forma geral, a dose máxima é de 60 mg/kg/dia, sendo necessário fracionar as tomadas em caso de doses diárias maiores que 250 mg.
- O que fazer em caso de superdosagem?
É necessário procurar um médico com rapidez, para que se decida a abordagem a ser feita (por exemplo, lavagem gástrica, uso de antagonistas). A indução do vômito pode ajudar a eliminar o remédio, desde que seja feita logo após a ingestão. Recomenda-se hidratação abundante para ajudar o corpo na eliminação do excesso do valproato.
Resumo
O ácido valpróico é um remédio usado não só para tratar episódios convulsivos e crises de ausência, mas também transtorno bipolar e até mesmo transtorno do pânico.
Para que os resultados terapêuticos sejam os melhores possíveis é crucial associar ao uso do ácido valpróico a realização de consultas de terapia.
Através da terapia é possível conhecer melhor a si mesmo, bem como as circunstâncias externas que rodeiam cada pessoa.
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Referências
1) https://consultaremedios.com.br/acido-valproico/bula
2) https://www.medicinanet.com.br/conteudos/medicamentos/641/levomepromazina.htm
3) https://www.saudedireta.com.br/catinc/drugs/bulas/depakene.pdf