Volta às aulas depois das férias – como adaptar ao regresso
As férias terminam, é hora da volta às aulas. O recomeço traz consigo certa preguiça, vontade e, ao mesmo tempo, falta de coragem para retomar a agenda. Isso é comum não só para as crianças, mas também para os adultos, pois o recomeço implica sempre em despedida, e despedir-se das férias nem sempre é fácil.
O que significa a volta às aulas para as crianças?
Algumas crianças, especialmente as pré-escolares, têm maior dificuldade em voltar às aulas, pois esse recomeço marca para elas um distanciamento maior de casa, a separação dos familiares, de seus brinquedos etc. Algumas crianças vivenciam este processo com tanta dor e ansiedade que chegam a apresentar sintomas físicos nos primeiros dias de aula, como vômito, diarreia e dor de cabeça, dentre outros. Se isso não se estende por muitos dias, serve apenas para “ritualizar” a volta às aulas; porém, se o quadro persiste, é preciso atenção e orientação aos pais.
A criança que coloca muitos obstáculos para voltar à escola pode estar evitando distanciar-se do lar, indicando que ainda precisa muito do aconchego familiar, ou mesmo dizendo que teme separar-se dos pais, que ainda sente como muito grande a distância entre a casa e a escola. Nestes casos, é preciso um olhar atento para a criança e também para os pais, para determinar o que estaria dificultando a criança e impedindo sua saída com maior tranquilidade. Muitas vezes, a ansiedade é dos pais (noutro artigo abordamos a questão como entender o que o seu filho quer dizer).
Impacto do regresso à escola para os pais
Para os adultos os momentos de recomeço também são difíceis, ainda que sem perceber, os pais podem “desencorajar” a ida dos filhos à escola. É que os pais também tiveram de se lançar em ambientes pouco familiares. A escola, em geral, marca a primeira grande separação entre a criança e sua família, algo que se perpetua na vida adulta através do trabalho. E mais, se é possível a uma criança estar demasiadamente apegada à família, a ponto de pouco interessar-se pelo mundo além do próprio lar, muitas vezes os pais também têm dificuldade de soltar, de deixar os filhos crescerem. Ainda que de forma inconsciente e apesar de um discurso favorável à escola, os adultos marcam para as crianças que a situação não é tão tranquila.
“Você já vai à escola? Tadinho, é tão novinho!”
“Já está de férias? Ainda não? Ah, passa logo, as férias já vão chegar.”
“Aproveite que por enquanto é só brincadeira. Depois, quando você crescer, ai tem lição de casa…”
Expectativas das crianças na volta às aulas
A criança ouve estas frases e escuta a ambivalência nelas contida. Aprende que deve negar o medo, a dúvida e fazer-se de corajosa e forte, como um super-herói. Mas ela é apenas uma criança.
Por outro lado, se a criança tiver a oportunidade de expressar seus temores, se puder lamentar abertamente o final das férias, ou melhor, a volta às aulas, talvez possa curtir fazer ou reencontrar os amigos, professores e todos os projetos e pesquisas que a inserem nesse grupo, formado por crianças de sua idade.
Os pais precisam autorizar seus filhos a ganhar o mundo para além de seus lares supostamente seguros e bem conhecidos. Muitas vezes, os pais se beneficiam quando fazem terapia, ambiente no qual podem conversar e ser ajudados a refletir sobre a criação de seus filhos e rever suas próprias histórias de vida, o que os ajudou (ou não) a enfrentar os desafios da escola e, posteriormente, da vida de adulto.
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