Como pai de primeira viagem pode ser mais participativo na gravidez
A geração precedente de pais se esmerou em ser provedora de bens materiais e dar acesso à instrução dos filhos. Este comportamento foi embasado em um silêncio das necessidades e angústias interiores dos homens. A nova geração de pais tenta quebrar este silêncio e a gravidez, algo que era puramente feminino, passa a atribuir ao pai um papel mais participativo e a expressão: “casal grávido” já passa a ser adotada mais comumente.
Os homens algumas vezes demoram mais para assimilar a gravidez do que as mulheres, pois estas percebem diariamente em seu corpo as mudanças. Contudo, é comum relatos de casos nos quais o homem manifesta inconscientemente em seu próprio corpo sintomas da gravidez, tais como: enjôos, aumento de peso, aumento do sono. Tais sintomas do “homem grávido” podem estar associados à inveja e ao ciúme do homem em relação à gravidez e ao forte desejo de não sentir-se excluído da ligação entre mãe e filho na gestação.
Homens sentem que não têm com quem dividir angústias
A noticia do nascimento do primeiro filho pode gerar no homem um sentimento de solidão e desamparo com relação às suas angústias e ansiedades sobre o futuro que está por vir. Todas as atenções estão voltadas para a mulher neste momento, e o homem algumas vezes pode sentir-se só, sem ninguém para compartilhar suas aflições. Passam na cabeça do futuro pai inúmeras preocupações relacionadas às mudanças que ocorrerão em breve. Segundo Helder Machado, a confirmação da gravidez causou um misto de preocupação com desespero, pois ele achou que era o fim da boa vida e que a rotina mudaria completamente. No entanto, por outro lado, ele sentiu felicidade absurda ao imaginar como seria o rosto do menino e a alegria dos parentes.
Participação dos pais desde a gestação traz benefícios ao bebê
Segundo estudos da psicologia pré-natal, a importância do contato do pai antes do nascimento traz benefícios emocionais ao bebê, pois a criança é capaz de guardar e registrar em seu inconsciente este contato. Experiências de acariciar a barriga da mãe, conversar com o bebê, expressões de afeto junto à barriga, são assimiladas pela criança e são muito importantes para formar o vínculo emocional de pai e filho.
Com o nascimento do filho, outras angústias são somadas. O reatamento da relação sexual pode gerar em alguns homens medo de machucar a parceira, ou dependendo da cultura a ele inserida alguns veem a mulher como “mãe” e acabam perdendo o desejo. Outros passam a ter um desejo sexual ainda maior, pois a mulher é a mãe do fruto deste homem, que passa a sentir-se mais viril.
É comum alguns homens sentirem certa depressão pós-parto, pois sentem que não serão capazes de assumirem uma família e novas responsabilidades. No entanto, outros ampliam ainda mais suas responsabilidades junto a sua companheira, nas atividades das rotinas domesticas e do bebê, para que as mãe e filho sintam-se amparados, acolhidos e seguros, estando mais disponíveis emocionalmente para a mulher e para a criança. Com o nascimento, alguns homens podem se decepcionar com a mulher e vice-versa por não serem pais ideais e isso gera conflitos.
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Nesta nova fase da vida, onde o misto de enorme alegria e grandes angustias estão presentes, é comum alguns casais procurarem uma orientação de um profissional. Segundo Helder Machado, a orientação da psicóloga foi fundamental para o amadurecimento dele como marido e pai. “Passei a aceitar mais responsabilidade e a entender o sentido de família e companheirismo, baladas já não eram tão importantes como estar ao lado de minha esposa e filho”, diz ele.
A psicoterapia, seja individual ou de casal, é enormemente utilizada para aplacar tais angustias paternas em relação ao nascimento do primeiro filho diante do novo modelo de família que está sendo formado.