No dia Internacional da Mulher, nada é mais merecido do que homenagear e contar as histórias de grandes mulheres brasileiras que marcaram e revolucionaram, de alguma forma, a história do nosso país. Conheça as histórias de 5 mulheres inspiradoras e de luta que transformaram, ao longo das décadas, os cenários do Cinema, da Música, da Política e da indústria de beleza:

Leila Diniz (Cinema)

Leila Diniz foi uma atriz brasileira e ícone feminista em meio à época mais intensa da Ditadura Militar no Brasil. Durante os anos 60, Leila desafiou o conservadorismo do regime militar e a ideia de moralidade na época, levantando a bandeira  do amor livre, da liberdade feminina e da independência da mulher. Interpretou no teatro a lendária Carmem Miranda e estrelou o famoso filme “Todas as mulheres do Mundo”,sendo eternizada, anos depois, pela música homônima da cantora Rita Lee.

O ano era 1969. O país vivia um dos períodos mais turbulentos Ditadura Militar. Era uma época de perseguição política, censura e repressão a qualquer um que desafiasse o regime. Leila foi entrevistada pelo jornal carioca O Pasquim, falando abertamente sobre tudo, principalmente amor e sexo. Suas declarações chocaram a sociedade, incendiaram a imprensa e causaram um grande incômodo aos homens mais poderosos do regime militar.

Zuzu Angel (Moda)

Uma das mais icônicas estilistas da história da Moda brasileira, Zuleika Angel Jones também foi uma figura importante e inspiradora na luta contra a Ditadura Militar brasileira.

Sua trajetória de luta começou com o sequestro político de seu filho Stuart Angel Jones, ativista do Movimento Revolucionário 8 de Outubro, que desapareceu depois de ter sido preso por agentes de uma entidade do regime militar.

Logo após a morte de Stuart, Zuzu recebeu uma carta de um preso político narrando as torturas que o filho sofreu durante seu sequestro pelo regime militar. Ela denunciou incansavelmente as torturas e a morte de Stuart, usando seus desfiles de Moda para relatar esses fatos à imprensa brasileira e estrangeira.  A partir desse momento, Zuzu começou a usar sua Moda como forma de protesto, criando, em suas palavras, “a primeira coleção de moda política da história”, usando figuras de crucifixos, tanques de guerra, pássaros engaiolados e sol atrás das grades.

Maria da Penha (Feminismo)

A cearense Maria da Penha Maia Fernandes é uma das figuras mais importantes na luta feminista no Brasil. Em 1983, farmacêutica Maria da Penha era casada e tinha três filhas pequenas quando sua história de luta começou. Nesse ano, Maria é vítima de duas tentativas de homicídio, cometidas por Marco Antonio Heredia Viveros, seu marido. O resultado? Maria teria que  viver em uma cadeira de rodas pelo resto da vida.

Maria iniciou várias batalhas para punir seu agressor. Um ano depois das agressões, ele é detido. Mas alega inocência e é liberado. Foi só no ano de 1991, que ele é levado ao tribunal e condenado a 15 anos de prisão. Em 2006, Maria foi homenageada com o que é conhecido como uma das maiores conquista das mulheres nos últimos anos: a sanção da Lei Maria da Penha, que tem o objetivo de combater a violência doméstica e familiar contra mulheres no Brasil.

Elis Regina (Música)

É conhecida por muitos como a maior cantora e compositora brasileira – com algumas controvérsias. Elis Regina nasceu em Porto Alegre e começou sua história como cantora com apenas onze anos de idade, em um programa de rádio local. Elis alcançou a popularidade nacional em 1965, quando venceu o primeiro Festival de Música Popular Brasileira.

Como muitos artistas contemporâneos, Elis Regina denunciou, inúmeras vezes, a ditadura brasileira, que perseguiu e exilou muitos músicos naquela época. Muito engajada politicamente, fez parte de vários movimentos que clamavam pela renovação política cultural brasileira, apoiados na campanha pela Anistia de exilados brasileiros. Elis não chegou a ser presa, mas foi obrigada, pelo governo, a cantar o hino nacional durante um grande espetáculo.

Zezé Motta (Ativismo)

Maria José Motta de Oliveira, conhecida internacionalmente como Zezé Motta, foi e ainda é um ícone da Dramaturgia brasileira e do ativismo pelo protagonismo negro e os direitos das mulheres. Começou sua história no teatro  em 1967, na peça Roda-Viva, de Chico Buarque. Mas foi no ano de 1976, que Zezé interpretou o papel que seria o divisor de águas da sua carreira e da sua vida: a protagonista do consagrado filme brasileiro Xica da Silva.

Foi a partir desse momento que Zezé ganhou fama internacional e começou a se incomodar com a ausência de protagonistas negros no teatro, televisão e cinema brasileiro. Ela luta, até hoje, pelo fim da desigualdade entre negros e brancos na dramaturgia brasileira, tendo criado, junto a integrantes do Movimento Negro, o Centro de Informação e Documentação do Artista Negro.