Empreender exige equilíbrio e autoconhecimento
A cada dia aparecem termos técnicos, receitas e tabelas prontas do que seria o ideal de empreendedor, que são apresentadas sem considerar a história e perfil individual dos envolvidos.
Esse movimento traz consigo lacunas como a negligência à saúde mental do trabalhador, questões relativas a comunicação, trabalho em equipe, entre outras. Essa negligência passa tanto pela atuação prática como pela área de pesquisas, que acabam focadas em temas como economia, tecnologia, criação e desenvolvimento de novas empresas e parcerias, ficando de fora pesquisas voltadas para características comportamentais, culturais e de educação do empreendedor.
O perfil do empreendedor aparece associado à imagem de alguém com um dom de intuição especial para ver e prever as coisas, alguém com energia e força de vontade acima da média para superar as normas tradicionais e até mesmo suportar a oposição social.
Geralmente associamos os empreendedores bem-sucedidos ao status de herói, como aquele que enfrenta a morte de seus sonhos e sobrevive a esta jornada. Porém, os empreendedores carregam consigo demônios secretos e acabam por esconder que antes de se tornar um empreendedor de sucesso houve uma importante luta (interna) para superar estes momentos de ansiedade em que tudo parece desmoronar. Isso acaba reforçado pelo fato de que até recentemente admitir e abordar estes sentimentos era um tabu ou ainda sinônimo de potencial fracasso.
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Uma nova forma de encarar a vida
É comum empreendedores conciliarem muitos papeis e enfrentarem por isso inúmeros contratempos. Não é a toa o crescente número de grupos específicos de apoio a empreendedores como grupos voltados a mães ou mulheres em que se busca apoio e validação dos passos dados.
A potencial sequela psicológica deste período é o surgimento ou intensificação de sentimentos como depressão, desespero, desesperança, ansiedade, sentimento de inutilidade, perda de motivação, dificuldade de concentração, baixa autoestima e até mesmo o pensamento suicida. Por conta disso é normal encontrar também, de forma equivocada, mecanismos de compensação e alivio destes sentimentos como o fumar, beber ou comer em excesso.
O excesso da carga de trabalho, a má gestão do tempo e até mesmo da falta de espaço físico de trabalho, faz você “ser” o seu trabalho e ele não dar certo (fato de grande probabilidade) não pode significar que você tenha falhado como pessoa. Por isso é necessário observar a situação sob perspectivas diferentes e compreender que tempos difíceis podem trazer conhecimento e maturidade, mas para isso é necessário estar aberto e ser honesto emocionalmente consigo mesmo, para permitir que ocorra uma conexão mais profunda com as pessoas ao seu redor. A busca por profissionais capacitados para auxiliar na atuação mais resiliente e aceitar as perdas quando necessárias, pode ser uma ajuda fundamental.