Pensa lá atrás na sua vida. Você tinha uns seis, sete anos. Tinha acabado de entrar na escola, talvez. Você lembra de ter ouvido alguém (ou mais de uma pessoa) falar no tal “amor da sua vida”, na “alma gêmea”? E certeza que, desde criança, você também já foi bombardeada de contos de fada e histórias de princesa, onde o final feliz era um só: mocinho e mocinha descobrem o amor de sua vida e vivem felizes para sempre. Ninguém era feliz sozinho.

Parece uma tradição inofensiva, né? Mas se você refletir um pouco, a gente tem essa ideia na cabeça desde pequenos, ainda que de forma subconsciente. E é também por isso que muita gente se acomoda e se apega a relacionamentos abusivos, tóxicos ou que simplesmente já não funcionam mais. É gostoso ter alguém do lado para compartilhar, se divertir e pedir suporte, quando não conseguimos lidar com algo sozinhos? É. Mas se engana quem acha – e mais ainda, quem afirma convicto – de que não é possível ser feliz sozinho.

SIM. É COMPROVADAMENTE POSSÍVEL.

Um estudo feito, há alguns anos atrás, pela Universidade de Auck­land, confirma a nossa história. Realizada com neozelandeses de 18 a 94 anos, a pesquisa criada pela psicóloga Yuthika Girme, comprovou que é possível ser feliz sozinho. O resultado mostrouy que um determinado grupo de pessoas são, sim, mais felizes solteiras.

E para os que adoram levantar a bandeira firmada por Tom Jobim, a psicóloga também revela o seguinte: além de poder submeter as pessoas a mágoas, ansiedade e até depressão, estar solteiro aumenta a possibilidade de melhorar a relação com parentes e amigos e de dedicar-se a hobbies, à carreira e a outras atividades que podem proporcionar bem-estar.

É TEMPO DE SE CONHECER DE NOVO

Em outras palavras: é um momento de transição que permite o autoconhecimento. É quando você descola do outro que você permite se redescobrir, se perceber de novo. É o momento que você se coloca novamente no lugar principal da sua história. É a hora certa para você retomar projetos de vida, sonhos e vontades antigos e realizações profissionais. Isso é uma coisa boa!

É como diz precisamente a psicóloga Pamela Magalhães: “É inegável que somos seres sociáveis. Sim, nós gostamos de boas companhias, nós buscamos no outro parcerias, compartilhar momentos, ideias e realizações. Porém, isso não inclui a necessidade de depender de alguém para que algo faça sentido. Acreditar que sem essa pessoa na sua vida, tudo perde a razão de ser. Essa mania de depositar todo o estímulo da própria vida em outro sujeito que não a gente mesmo é uma proposta vulnerável demais! São vidas carentes, fixadas em qualquer movimento de outra parte que não seja a delas. Nossa existência é muito preciosa para isso. Entenda que você pode ser feliz independente de estar com qualquer pessoa, desenvolva seu poder de autonomia para não se perder, se ancorando ou fazendo alguém de apoio e sustentação da sua própria história”.

Terapia é para quem quer se desenvolver

Ninguém vai morrer se estiver sozinho por um tempo ou se passar por um término difícil. Não há mudança ou transição pela qual a gente não consiga passar. Então da próxima vez que você ouvir alguém com aquele discurso chato dizendo que você precisa encontrar o amor da sua vida para ser feliz, diga que sim, é perfeitamente possível ser feliz sozinho.