O estresse faz parte das nossas vidas e há momentos em que a pressão é realmente angustiante. São nessas circunstâncias que o transtorno de adaptação (CID F43.2), também conhecido como transtorno de ajustamento, pode surgir.

A própria pandemia vivenciada é um fator de estresse gigantesco, pois está causando inúmeras perdas e mudanças.

Mas o que é esse transtorno de adaptação? Quais são suas causas e sintomas?

Vamos ver isso e muito mais ao longo do artigo!

O que é transtorno de adaptação ou transtorno de ajustamento?

O transtorno de adaptação é uma condição de sofrimento emocional que causa sintomas psíquicos e no comportamento.

A condição afeta de 5 a 20% das pessoas que procuram assistência em saúde mental, ou seja, é relativamente comum.

O que diferencia o transtorno de adaptação de uma reação ao estresse é que o sofrimento se torna tão exacerbado que não se consegue realizar os afazeres do dia a dia.

No transtorno de ajustamento os sintomas surgem em até 3 meses após o evento estressor.

Causas do transtorno de adaptação

Eventos estressores, ou seja, situações que geram grande sofrimento psíquico, são as causas do transtorno de adaptação.

Qualquer circunstância que gere grande estresse podem deflagrar o transtorno de ajustamento (CID 10 – F43), entre elas:

  • Divórcio ou fim de um namoro
  • Perda do trabalho
  • Dificuldades financeiras
  • Doenças que exigem internação
  • Patologias crônicas
  • Mudanças bruscas e profundas (cidade, cultura, escola, ofício)
  • Cuidar de alguém que possui uma doença incapacitante

Além dessas circunstâncias, abusos (dentro de um relacionamento, familiares ou até mesmo entre colegas) são fatores que podem suscitar não só o transtorno de adaptação como também outras condições, como o transtorno de personalidade histriônica.

Embora uma dessas situações acima possam causar o transtorno de adaptação, quanto mais eventos estressores concomitantes, maiores são as chances de desenvolver a condição.

Sintomas do transtorno de adaptação

Os sintomas do transtorno de adaptação são semelhantes a um transtorno de ansiedade (como, por exemplo, o transtorno de ansiedade generalizada).

Assim, alguns dos sintomas encontrados em quem sofre com o CID 10 F43 são:

  • Desesperança
  • Falta de prazer
  • Crises de choro
  • Irritabilidade e nervosismo
  • Preocupação excessiva com o futuro
  • Desespero
  • Dificuldades para dormir
  • Falta de foco
  • Sensação de estar oprimido
  • Pensamentos suicidas

Apesar de situações estressantes causarem sempre algum grau de sofrimento, no transtorno de adaptação os sintomas são desproporcionais ao evento causador.

Assim, os sintomas geram significativo sofrimento, o que causa prejuízos para a pessoa e para quem está ao redor.

Transtorno de adaptação: tratamento

O tratamento do transtorno de adaptação envolve algumas abordagens.

Afinal, o estresse grave é um condição que necessita de suporte em várias situações da vida.

Entre as abordagens recomendadas para o tratamento estão:

Psicoterapia

A terapia é um fator importante para tratar o transtorno de adaptação.

Por meio dessa prática o paciente recebe ferramentas para administrar as circunstâncias adversas.

Assim, à medida que opções para lidar com as angústias são oferecidas, o estresse diminui, permitindo que a pessoa realize suas atividades com tranquilidade.

Além disso, a terapia permite identificar causas inconscientes para o sofrimento exacerbado diante do estresse, oferecendo maior autoconhecimento a quem sofre com a condição.

Lembre-se: a terapia é parte essencial no tratamento da maior parte dos transtornos mentais, sendo eficaz até mesmo para mudar padrões nocivos de personalidade como acontece, por exemplo, no transtorno de personalidade antissocial.

Medidas de proteção

Algumas situações de violência podem causar o transtorno de adaptação.

Diferente do que algumas pessoas pensam, a violência pode ser:

  • Física
  • Emocional
  • Sexual
  • Patrimonial
  • Moral.

Assim, faz parte do tratamento da pessoa que estiver sofrendo de algum tipo de violência, a implementação de medidas de proteção para impedir que esses fatores estressores persistam.

Medicamentos

Em alguns casos de transtorno de adaptação, o médico psiquiatra pode prescrever medicações para ajudar a lidar com o estresse.

Entre os psicotrópicos utilizados estão os antidepressivos, que auxiliam a conter a ansiedade, e os benzodiazepínicos, os quais promovem relaxamento.

Qual o CID do transtorno de adaptação?

Segundo o Código Internacional de Doenças (CID), o transtorno de adaptação está catalogado com F43.2.

Dessa maneira, o transtorno de ajustamento está inserido no grupo CID F43 que se referente às “Reações ao “stress” grave e transtornos de adaptação e também inclui (além do CID F43.2) as seguintes condições:

  • CID 10 – F43.0 – Reação aguda ao “stress”
  • F43.1 – Estado de “stress” pós-traumático
  • F43.8 – Outras reações ao “stress” grave
  • F43.9 – Reação não especificada a um “stress” grave

Quando cessam os sintomas do transtorno de adaptação?

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição (DSM‑5), os sintomas do transtorno de adaptação cessam em até 6 meses após a ausência do fator estressor.

Ou seja, caso o transtorno de adaptação seja causado pelo sofrimento do desemprego, os sintomas desaparecerão em até 6 meses após a pessoa encontrar um trabalho.

De fato, os sintomas cessam mais rapidamente com a intensificação do tratamento.

Por isso, é importante buscar ajuda especializada a fim de que o sofrimento termine o mais rapidamente possível.

Lembre-se: nenhuma dor dura para sempre.

Qual a diferença entre transtorno de adaptação e TEA (transtorno de estresse agudo)?

Como visto, o transtorno de adaptação (CID F43.2) está inserido dentro do grupo de transtorno do CID F43. Entre essas condições está o TEA (transtorno de estresse agudo) – F43.0.

Assim, a principal diferença é que o transtorno agudo ao estresse dura até 1 mês após o fator estresse, enquanto o transtorno de adaptação pode permanecer por até 6 meses após a ausência do evento gerador da angústia.

Além disso, as causas do TEA tendem a ser mais dramáticas, como, por exemplo:

  • Envolvimento em guerras e conflitos
  • Movimentos imigratórios – sofrimento no trajeto, na adaptação no novo país
  • Situações de cárcere e sequestro
  • Trabalho escravo
  • Exploração sexual.

Conte com apoio para superar uma situação estressora

Embora o sofrimento causado pelo transtorno de adaptação seja intenso, saiba que você não está sozinho (ou sozinha).

O estresse é uma angústia que causa sofrimento significativo e, diante da situação atual, acomete milhões de pessoas.

No entanto, há tratamento até mesmo para reações ao stress grave e transtornos de adaptação.

Um braço terapêutico essencial é o da terapia. Nesse sentido, você pode contar com a Zenklub que oferece sessões online de terapia com mais de 4000 especialistas em saúde mental!

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Referências:

1) KAPLAN, H. B.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria: Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.

2) Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

3) Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Descrições Clínicas e Diretrizes. Trad. Dorgival Caetano. Artes Médicas, Porto Alegre. 1993. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=2774544&pid=S1677-2970200000010001300006&lng=pt

4) DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2 ed., Porto Alegre: Artmed, 2008.