Muitas vezes quando pensamos em transição de vida, ligamos diretamente a questão profissional e de carreira. O que poucos se aprofundam é que há possibilidades de pensar nesse desafio também com foco na própria vida pessoal e o seu propósito.
A transição de vida envolve muitos aspectos relacionados ao nosso bem-estar emocional e que por isso, esses momentos ocorrem em diferentes momentos da nossa própria linha do tempo. Ou seja, não há uma resposta imediata, temos que nos apropriar quase que diariamente sobre essas questões e é sobre essas variações e encontros que vamos conversar hoje junto com a especialista do Zenklub, a psicóloga Ana Maria D’Alessandro de Camargo.
O que é transição de vida?
Começamos com essa pergunta para a nossa especialista que destacou “Transição significa passagem de um lugar, de um estado de coisas, de uma condição a outra, e levando ao campo de vida e a nossa linha do tempo, estamos e estaremos, invariavelmente, em transição a vida inteira. Afinal, desenvolvimento humano se dá em constante transformação, nas diversas fases da vida: infância, adolescência, vida adulta e na sequência para a maturi, uma denominação carinhosa para as pessoas da terceira idade”.
Linha do tempo
Não é novidade para nós que a vida evolui, crescemos, envelhecemos e os desafios se transformam, mas não são todos que conseguem desfrutar dos benefícios que isso proporciona naturalmente. É preciso estar preparado emocionalmente para as transições.
“Em cada fase nós temos desafios a serem transpostos, dentre eles, aprender a desapegar de coisas em que acreditávamos, mudar a forma de ver o mundo, mudar o jeito de fazer as coisas, mudar o conceito de homem, aprender a nos reorganizar, a nos reinventar, a usar as novas ferramentas, e tentamos dar sentido a estas experiências e a esse novo “Eu”, em todos os momentos.”, afirma Ana.
É natural do ser humano tentar resistir a determinadas transformações, isto está dentro da nossa capacidade como seres pensantes, mas o que nos diferencia é como respondemos às situações, muitas vezes similares, ao longo da vida. “Somos prejudicados se não entendermos que a situação vivida hoje, tem apenas aspectos similares com aquela que vivenciamos no passado, onde os atores e o contexto eram diferentes e, portanto, a forma como conduzimos a resposta lá atrás pode não ser eficaz neste momento atual.”, completa Ana.
Resiliência e autoconhecimento
Para a nossa especialista, resiliência é a palavra-chave e a dica para encarar essas transições. “Resiliência é a nossa capacidade de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos, resistir à pressão de situações adversas. Nossa educação perpassa por uma ótica dualista, onde existe o certo e o errado, branco ou preto, presente ou futuro, além de outros aspectos, nos deixando presos a verdades que não são necessariamente as nossas. Isso que gera mais ansiedade, ao invés de nos prepararmos para ampliar nosso sistema de respostas às diversas situações, que vamos enfrentar ao longo da vida.”
Além desse aspecto, podemos considerar também o autoconhecimento e a busca que alguns indivíduos fazem para ampliar a sua consciência e descobrir o seu propósito, ou seja, descobrir o que lhe faz feliz de verdade, quais são os seus medos e trabalhá-los, quais as suas emoções e como lidar com elas diante de situações diversas e adversas, enfim, se olhar no espelho e identificar muito além daquele reflexo.
Enxergando a vida e os propósitos
Além da transição de vida natural que falamos aqui, muitas vezes nos deparamos com momentos de necessidade de transgredir e de mudar, ou seja, nada mais é do que impor uma mudança dentro de algo que você já identificou que não está sendo positivo para si. Isso pode acontecer em vários momentos e geralmente percebemos quando temos certeza dos nossos propósitos e o caminho que escolhemos para nos relacionar e viver.
Então, pode-se dizer que quando nos perdemos dos nossos propósitos, precisamos parar, refletir e entender se de fato o seu propósito mudou de figura ou se foi você que fez caminhos e escolhas que te afastaram dele. Independente de qual seja a sua resposta, o importante é que você já aprendeu (aqui e na vida) que você possui essa capacidade de enxergar as coisas e de realizar uma transição de vida.
Como a psicologia pode me ajudar?
O desafio em qualquer transição, seja de vida ou profissional, é realizá-la sem muitos abalos a estrutura emocional, sem perder o chão, como se diz popularmente. E buscar a ajuda de um profissional, psicólogo ou terapeuta, para conquistar esse espaço com mais objetividade e evolução, pode ser o ideal para você.
“Como eu citei acima, estamos num sistema dual e precisamos sair dele e admitir outras possibilidades. Partir desse pressuposto e olhar para o que já realizamos, é um bom início e devemos ampliar a angular e mudar o foco para enxergar melhor o que pode vir. Valorizar as experiências vividas e, entender que esta, é mais uma transição na vida. Procurar ajuda com profissional qualificado, ampliará nossas chances de possibilitar uma vivência nessa transição de maneira mais rica e produtiva.”, finaliza Ana.