Nos últimos anos, temos testemunhado o crescimento exponencial da agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) e seu impacto nos setores corporativos e financeiros ao redor do mundo. O ESG é um conceito que engloba preocupações ambientais, questões sociais e práticas de governança corporativa em empresas e instituições. Este texto explora a origem da agenda ESG, sua importância crescente e sua conexão com a saúde mental e o trabalho.
A agenda ESG surge como uma resposta aos desafios ambientais, sociais e de governança que o mundo enfrenta. É uma abordagem que visa incorporar considerações sociais e ambientais na estratégia central das empresas, além de estabelecer uma governança de qualidade.
Ao contrário do conceito anterior de responsabilidade social, que não necessariamente exigia uma integração estratégica, a agenda ESG demanda que o social e o ambiental sejam elementos fundamentais para a sobrevivência e o sucesso de uma empresa em longo prazo.
A história da agenda ESG remonta à década de 1980, quando a ONU lançou o relatório Brundtland, destacando a importância do meio ambiente como um problema global. Na década de 1990, surgiu o conceito de “Triple Bottom Line” (Triplo Resultado), que introduziu a sustentabilidade como um tripé que abrangia os aspectos financeiros, sociais e ambientais das empresas.
Em 2004, a ONU publicou o relatório “Who Cares Wins” (Quem se importa vence), que convocou as empresas a participarem da construção de um mundo sustentável e introduziu oficialmente o termo ESG. Em 2006, a ONU estabeleceu os princípios do investimento responsável (PRI), incentivando a análise de empresas com base em critérios ESG.
Desde então, o número de gestoras de investimento comprometidas com estratégias ESG vem crescendo rapidamente, totalizando trilhões de dólares em recursos investidos globalmente. Em 2015, a ONU lançou a Agenda 2030, que estabeleceu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), abrangendo diversas questões sociais, ambientais e econômicas, incluindo a saúde.
Como resultado, o foco global nos fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) tem ganhado grande impulso nos últimos anos. Por isso, empresas em todo o mundo estão reconhecendo a importância de incorporar princípios ESG em suas estratégias para impulsionar um crescimento sustentável e impactar positivamente a sociedade e o meio ambiente.
Quando falamos do aspecto ambiental do ESG, abordamos questões como:
Sendo assim, uma empresa que deseja ser considerada ESG e sustentável precisa abordar esses temas, entender quais deles são relevantes para a sua atividade e incorporá-los à sua estratégia central. Por exemplo, uma indústria que utiliza intensivamente recursos hídricos deve priorizar a gestão sustentável desses recursos como parte de sua estratégia.
Da mesma forma, o aspecto social do ESG engloba cinco temas principais, incluindo:
Por isso, é fundamental que as empresas entendam cada um desses temas, identifiquem aqueles que são relevantes para sua estratégia e os incorporem ao cerne de suas operações.
No que diz respeito à governança corporativa, o terceiro pilar do ESG, existem quatro temas principais:
Portanto, as empresas devem avaliar esses temas, identificar possíveis fragilidades e incorporar as melhores práticas de governança em sua estratégia central.
Dentro desses temas, a qualidade de vida é um fator especialmente relevante. De acordo com a norma ABNT PR 2030, que trata de ESG no Brasil, a qualidade de vida como um agente promotor quando os trabalhadores vivenciam um ambiente organizacional saudável, em que se sintam valorizados, acolhidos e respeitados. Portanto, promover a qualidade de vida, incluindo a saúde mental dos funcionários, é uma prática recomendada pela norma.
Exemplos de práticas sugeridas:
Com toda a certeza, a saúde mental é crucial para a agenda ESG. Afinal, ela se enquadra no componente social da sigla, que se refere às práticas e políticas da empresa relacionadas ao bem-estar dos funcionários, clientes, comunidades e outras partes interessadas.
De tal forma que existem três motivos principais pelo qual as empresas deveriam implementar uma agenda ESG que inclua a saúde mental:
Além disso, é importante ressaltar que a saúde mental afeta diretamente o bem-estar dos funcionários, a reputação da empresa, a capacidade de reter talentos, a gestão de riscos e a responsabilidade social corporativa. Sendo assim, ao priorizar a saúde mental, as empresas demonstram um compromisso com a sustentabilidade e o cuidado com as pessoas, fortalecendo sua posição no mercado e gerando valor de longo prazo.
SOBRE O AUTOR
Este texto é resultado da palestra do Marcos Pinheiro, consultor e produtor de conteúdo sobre ESG, que nos últimos vinte anos tem atuado na área social. Fundador do Instituto Phi, o qual arrecadou mais de cinquenta milhões de reais para mais de mil organizações sociais em todo o Brasil, e fundador do Instituto Conectada, em 2020, que proporcionou acesso à internet a escolas públicas, beneficiando mais de setenta mil alunos.