Na última semana uma nova onda tomou a vida das pessoas nas redes sociais, e é o novo recurso do Instagram que permite que você abra um canal de conversa com os seus amigos a partir de perguntas que eles façam para você ou para aquilo que você os direcionou a perguntar. Para quem não liga muito para as novidades, mas frequenta as redes sociais – assim como eu – não teve como fugir! Sem dúvida alguma, pelo menos metade dos seus amigos e das marcas e influencers que você segue, aderiram a moda e postaram o recurso em seus Stories.
Já é sabido que o consumo das redes sociais em excesso é prejudicial para nossa vida pessoal, social e profissional, deixamos de interagir na vida real para viver dentro da tecnologia e dos likes e compartilhamentos, mas hoje queremos levantar a discussão do quanto esse vício digital pode trazer consequências para o seu bem-estar emocional.
Você pode até não ter muito conhecimento de quem é Mark Zuckerberg, mas aposto que você sabe que esse americano fundou a rede social mais acessada do mundo, o Facebook. Mas, de 2004, ano da fundação do Facebook, para cá, muita coisa esse cara fez. Com a expansão da empresa, em 2012 o Facebook alcançou 1 bilhão de usuários e, nesse mesmo ano, a companhia anunciou a compra do Instagram. Dois anos depois, Mark anuncia a compra do Whatsapp. Sim, pessoal, esse nova iorquino de 34 anos de idade é dono das principais redes sociais do mundo e também daquelas que consumimos por horas do nosso dia.
Eu que vivi tempos de Orkut e que rede social era algo mais para as horas vagas, à toa em casa, ou no final de semana, fiz como a maioria das pessoas – e como você, e surfei na onda das novas tendências da tecnologia e da comunicação. Afinal, falar de rede social não é só comentar as fotos dos seus amigos ou saber o que o seu artista favorito almoçou hoje, mas sim se adaptar a evolução da comunicação.
Como todo bom artigo, aqui vão os dados. Pesquisa do IBGE mostra que 138 milhões de brasileiros possuem smartphones – para quem não sabe, o Brasil registra uma população de aproximadamente 207 milhões de pessoas – e que, em 2016, 116 milhões se conectaram por esse dispositivo à internet.
Dentro desses 116 milhões, pelo menos 94% utilizou aplicativos de mensagem e de rede social para trocar mensagens de texto, de voz ou imagens. Se juntarmos esses dados aos frequentadores de Netflix e YouTube, a partir de 10 anos de idade, temos mais de 76% usando a internet para assistir vídeos, filmes e séries, e 73% das pessoas realizaram chamadas por vídeos.
Ou seja, o que esses números nos mostram é que o brasileiro é sim um povo conectado – salvo as suas exceções por motivos sociais e de acesso – e que cada vez mais utilizamos a tecnologia para nos comunicar e interagir com o mundo. Para você ter uma ideia, ficamos em média 9 horas por dia conectados.
Agora que você já conheceu o Mark Zuckerberg e sabe o quanto esse cara influencia nos nossos milhões de brasileiros conectados diariamente, vamos pensar um pouco sobre o quanto estamos vulneráveis, ou não, a essa tendência e o quanto isso pode nos afetar emocionalmente.
Você já parou para perceber quanto tempo você dedica do seu dia vendo posts do Instagram e Facebook? E o quanto você se sente possivelmente “nu” se sair de casa e esquecer o celular? E o quanto a vida das outras pessoas – tão, tão felizes nas redes – influencia a sua vida e as suas questões pessoais, como “Por que a minha vida não é legal assim?” E no seu trabalho, quanto tempo você desperdiça dando aquela olhadinha no grupo de WhatsApp ou nos Stories do Instagram?
Se você respondeu sim para qualquer uma dessas questões – assim como eu! – provavelmente você deveria rever alguns hábitos com o seu smartphone e a sua vida real. Esses e outros aplicativos nos invadiram de tal forma que criamos uma ansiedade quando ficamos muito tempo distante das redes e com isso estamos perdendo ações, situações, conversas e muito o que é real de fato.
Você pode até não sentir isso tanto em você, mas faz sentido, afinal a tecnologia também nos trouxe mais conveniência, nos aproximou de quem está longe e nos fez ampliar a nossa forma de nos comunicar, de nos expressar e de mostrar ao mundo a nossa volta o que está acontecendo com a gente – pelo menos as coisas boas.
Nesse aspecto, gosto de uma frase que um ex-diretor do próprio Facebook lançou na mídia após se desligar da empresa. Sean Parker disse que o site “explora vulnerabilidades da psicologia humana”.
Pausa dramática para você pensar a respeito dessa frase.
Uma das principais causas e afetações das redes sociais no emocional das pessoas é o quanto daquilo que estamos expressando é real ou apenas figurativo e momentâneo. O quanto passamos a olhar para fora e para aquilo que vai interessar aos nossos seguidores e o que realmente estamos sentindo por dentro e vivendo de verdade , por exemplo, muitas pessoas preferem comprar seguidores no Insta só para mostrarem que estão se tornando populares para seus seguidores. Além disso, hoje talvez estamos preferindo ter mais likes do que ganhar sorrisos e abraços reais e ao vivo.
Grande parte dessas novas necessidades tem a ver com a nossa incapacidade de experimentar desenvolver a nossa autoestima, nossa confiança e segurança com quem nós somos. O medo de ser rejeitado ou de ser julgado e criticado ganhou um novo recurso, o de se esconder atrás de uma tela de celular.
O momento presente se perde em meio da necessidade de registros, fotos e vídeos, de com quem, como, onde ou o que se está comendo é mais interessante para quem está te vendo pelo celular e não para você ou quem está ao seu lado.
O jogo virou e pode ser que fique mais sério a cada dia que passa. Pode não estar tão sério com você – ou você que não percebeu – mas para muita gente isso já virou um vício emocional e que necessita sim da ajuda de pessoas próximas ou de um especialistas para rever essa situação.
Voltando ao que motivou esse texto, que é o novo recurso do Instagram, você já percebeu quantas novas atualizações e possibilidades essas redes trazem para você com frequência? E olhando para si, você já se perguntou o quanto elas realmente influenciam ainda mais a sua frequência por uma conexão e busca por visualizações e likes?
Não queremos dizer que devemos nos boicotar e simplesmente deletar essas modas da nossa vida, mas devemos refletir o quanto elas influenciam e exploram a sua vulnerabilidade da psicologia humana – valeu, Parker. Há tantas oportunidades de você fazer perguntas na vida real para os seus amigos e familiares, então que tal aproveitar esse gancho que o Instagram nos deu e correr para a casa, ou para a sua roda de amigos, e utilizar o recurso no seu mundo real.
Obrigada, Mark, por deixar nossa vida mais divertida, mas vou apreciar com moderação. A gente se fala, tchau.