Você já deve ter ouvido em TDAH, mas a dúvida sobre o significado dessa sigla sempre surge. Isso porque o TDAH significa Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade e é um transtorno neurobiológico difícil de se diagnosticar, já que compreende uma combinação grande de sintomas.

Com informação você irá perceber que não é impossível conviver com o TDAH e que há diversas formas de você encontrar uma vida mais funcional e satisfatória para aqueles que apresentam os seus sintomas. Confira tudo sobre o tema e veja as dicas de como trabalhar esses fatores e encontrar o tratamento adequado.

O que é TDAH?

O TDAH significa Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, como já antecipamos, e é um transtorno com causas genéticas, ambientais e biológicos, que, geralmente, se manifesta na infância.  

Entre as suas principais características estão a desatenção, impulsividade e a inquietude motora ou também conhecida como hiperatividade. Em alguns ambientes, o TDAH é chamado de DDA, Distúrbio do Déficit de Atenção e em inglês a sigla se transforma em ADD, ADHD ou AD/HD.

Mesmo que a origem do transtorno se manifeste desde a infância, os sintomas podem ser melhor percebidos no momento em que a criança passa a frequentar a escola, em que ela é colocada em um novo ambiente de interação e raciocínio, e é a partir daí que as dificuldades e atitudes são mais evidentes.

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, o transtorno está presente em até 8% da população infantil no país e no mundo todo. Em adultos esse número é reduzido e, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Ed. 2013 (DSM-5), registra 2,5%, sendo mais comum em pessoas do sexo masculino.

Quais os sintomas do TDAH?

Para diagnosticar o TDAH é preciso reconhecer os sintomas característicos desse transtorno e notar a persistência e frequência dos mesmos. A avaliação mais correta poderá ser dada apenas por um médico especializado, mas a lista abaixo torna-se importante para que você possa identificar e recorrer a ajuda médica de maneira precoce.

Sintomas de Desatenção

  • Têm dificuldade para manter a concentração durante muito tempo em um assunto específico, serem facilmente distraído por estímulos externos;
  • Erram muito por falta de atenção no que estão fazendo;
  • Evitam atividades que demandam um grande esforço mental;
  • Frequentemente esquecem o que iam falar;
  • Têm dificuldade em se organizar com o planejamento de tempo e com objetos
  • Hábito de perder coisas importantes para o dia a dia;
  • Não ouvem quando o chamam, podendo ser considerados desinteressados ou egoístas.  

Sintomas da hiperatividade e da impulsividade

  • Mexer o corpo com frequência, em especial, mãos e pés;
  • Fala excessiva;
  • Pressa em se comunicar, não esperando que outras pessoas concluam sua fala ou pensamento;
  • Inquietude em ambientes calmos;
  • Constante mudança de posição e incapacidade de permanecer sentado por períodos longos;
  • Dificuldade em corresponder a regras como “esperar a vez”;
  • Tentam assumir o controle das atividades de outras pessoas.

Em geral, o diagnóstico do TDAH é possível de ser registrado quando a criança apresenta mais de seis desses sintomas, adolescentes ou adultos cinco, pelo período de mais de seis meses. Além disso, deve haver um cuidado nessa percepção para entender o que é e não confundir com outros transtornos, como o bipolar, de personalidade e até o autismo ou a dislexia.

Tipos de TDAH

Os tipos de TDAH são classificados de acordo com a quantidade de combinações dos sintomas e a gravidade dos mesmos. São três subtipos e três graus diferentes:

Subtipos

  • Apresentação combinada: quando os critérios de hiperatividade-impulsividade e desatenção são evidentes nos últimos 6 meses;
  • Predominantemente desatento: quando não são preenchidos os critérios de hiperatividade-impulsividade, mas os de desatenção sim, nos últimos seis meses;
  • Predominantemente hiperativo-impulsivo: quando não são preenchidos os critérios de desatenção, mas os de hiperatividade sim, nos últimos seis meses.

Graus de TDAH

  • Leve: poucos sintomas presentes e pequenos prejuízos sociais, profissionais ou acadêmicos;
  • Moderado: os sintomas e alguns prejuízos de graus leve e grave presentes;
  • Grave: muita expressão dos sintomas com real prejuízo funcional, social, acadêmico e profissional.

Causas do TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade é um dos transtornos mais estudados no mundo. Considera-se, hoje, que as causas do aparecimento do TDAH são uma combinação entre fatores genéticos, alterações no cérebro e fatores ambientais. Saiba mais sobre cada um dos fatores de risco:

Genética e Hereditariedade

Sabe-se hoje que as chances de ter o TDAH é bem maior em filhos e familiares de pessoas com esse transtorno: a hereditariedade média do TDAH é estimada em 76%.

Estudos descobriram que 60% das crianças com o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade tinham um dos pais com o transtorno e que a probabilidade de uma criança ter o TDAH aumenta em até oito vezes se os pais também tiverem o problema.

Além disso, o risco de apresentar o transtorno é cinco vezes maior entre familiares de pessoas com TDAH do que em pessoas sem o transtorno na família.

Anormalidades cerebrais

Muitos estudos descobriram que o TDAH causa alterações no cérebro. Existem, no cérebro das pessoas que sofrem desse transtorno, mudanças na região frontal e nas conexões com o resto do cérebro. A região frontal é responsável pela capacidade de prestar atenção, organização, memória e autocontrole.

Fatores ambientais

Estudos indicaram que o fato de a criança apresentar um peso baixo no nascimento (menos de 1.500 g) gera um risco de 2 a 3 vezes maior para o surgimento do TDAH, embora a maioria das crianças que nascem com baixo peso não desenvolva esse transtorno.

Outros fatores relacionados que podem causar o TDAH são: história de abuso infantil, negligência familiar, exposição a neurotoxinas como o chumbo, infecções e exposição ao álcool durante a gravidez.

TDAH tem cura?

O TDAH não tem cura, mas pode ter os seus sintomas reduzidos naturalmente conforme o desenvolvimento humano no período da adolescência e idade adulta. De qualquer forma, cerca de 50% das pessoas com o transtorno, continuam apresentando os sintomas durante toda a vida.  

O tratamento na infância e adolescência para o TDAH é multidisciplinar, ou seja, demanda o suporte de profissionais de várias áreas, como psiquiatras, psicólogos, pedagogos e fonoaudiólogos. É essencial entender as necessidades de cada caso para um tratamento adequado e eficaz.

TDAH: tratamento

Orientação psicológica

Diferentes tipos de terapia podem ajudar as pessoas com TDAH a viver de uma forma melhor. A opção mais adequada para o tratamento pode ser diferente em cada pessoa. Alguns tipos de terapia comuns e eficazes são: terapia comportamental, terapia cognitiva, terapia cognitivo-comportamental, treinamento de habilidades sociais, terapia psicoeducacional e terapia fonoaudiológica.

Esse suporte da terapia pode ajudar as crianças com TDAH a buscarem uma mudança em seu comportamento, controlar impulsos e lidar com acontecimentos emocionalmente difíceis. Já em adolescentes e adultos com o transtorno, a terapia pode ajudar em questões de baixa autoestima, organização pessoal e profissional e no controle da impulsividade.

Uso de medicamentos

Geralmente, os medicamentos utilizados para tratar os sintomas do TDAH são da classe dos estimulantes que, apesar do nome, causam um efeito calmante, como é o caso da Ritalina, um dos mais indicados pelos médicos. Esses medicamentos podem reduzir a hiperatividade e impulsividade, além de melhorar a capacidade de concentração, trabalho e aprendizado da pessoa que tem o transtorno.

Todo e qualquer medicamento só poderá ser manipulado e utilizado a partir da prescrição médica. A automedicação no TDAH ou qualquer outro transtorno psicológico pode afetar a redução dos sintomas, provocar efeitos colaterais e prejudicar o tratamento psicológico.

Mudança de hábitos

Mudanças simples em hábitos do cotidiano também podem ajudar no tratamento do TDAH, agindo em conjunto com a terapia e medicamentos. Hoje, sabe-se que mudanças na alimentação, como reduzir o consumo de cafeína e açúcar, podem ajudar a controlar os sintomas do transtorno.

Além disso, estudos também têm mostrado que a prática de atividades físicas intensas, como nadar e correr podem melhorar o funcionamento cognitivo e comportamental. Assim, pessoas com TDAH que praticam regularmente exercícios físicos podem reduzir os sintomas do transtorno e melhorar seu rendimento.

Ajudando crianças a conviver com TDAH

Conviver com uma criança diagnosticada com TDAH pode ser uma tarefa bastante desafiadora. O tratamento do transtorno também depende muito do apoio dos pais e professores, que terão que estabelecer limites, regras e tarefas para ajudar no rendimento da criança na escola e no dia a dia.

Separamos algumas dicas de como ajudar as crianças com alguns sintomas do TDAH:

  • Coloque limites claros e dê instruções focadas, como por exemplo: “Comece agora a lição de matemática”, ao invés de “Preste atenção!”;
  • Dê responsabilidades por meio de tarefas simples, o que fará com que elas se sintam  necessárias e valorizadas;
  • Crie um sistema de gratificação e penalidade: pontos ganhos por dia quando têm boas atitudes ou iniciativas e perda de bônus a cada infração cometida. Pense em um prêmio a ser recebido no caso de gratificação;
  • Em sala de aula, procure colocar a criança ou adolescente na frente, perto do professor, para evitar distrações;
  • Fique atento a possibilidade da criança estar sofrendo bullying por parte dos colegas;
  • Busque incentivar trabalhos escolares em grupos pequenos, estimulando que se relacionem socialmente;
  • Não esqueça da dificuldade de manter a atenção por muito tempo: 12 tarefas de 5 minutos cada geram resultados melhores do que 2 tarefas de meia hora, por exemplo;
  • Mande por e-mail as tarefas de casa, datas de trabalhos e provas – pode ser que o aluno não tenha conseguido copiar informações da lousa ou anotar tudo o que foi falado em sala de aula;
  • Sempre promover a comunicação entre pais, professores e outros profissionais que cuidam da criança.

Como conviver melhor com o TDAH

Agora a dica é para todos, criança, adolescente ou adulto que possuem TDAH e tem problemas para conviver e assumir. Vamos ver algumas dicas:

  • Seja fiel ao tratamento: após o diagnóstico do transtorno, algumas tarefas serão recomendadas pelo médico e é necessário o total cumprimento e adesão para que os resultados sejam eficazes. Lembre-se que o TDAH não tem cura, mas pode ter os seus sintomas controlados;
  • Não tenha vergonha de ter TDAH: pode parecer embaraçoso assumir o TDAH, mas mais constrangedor é o preconceito e a desinformação alheia. Não deixe que a opinião de outras pessoas prejudiquem o seu desafio em superar os seus sintomas;
  • Nem tudo que está na internet é verdade: o melhor caminho para se informar sobre o seu transtorno é com o seu médico ou com profissionais de saúde. Muita informação não é verídica ou está desencontrada, confie sempre na palavra de quem está acompanhando o seu caso;
  • Procure atividades prazerosas: além do tratamento com a terapia, encontrar hobbies, praticar exercícios físicos, meditação e ter hábitos de alimentação saudáveis só irá contribuir para uma vida melhor.