Conversamos com a Fernanda Costa, uma das especialistas do Zenklub e psicóloga há 16 anos. Já tendo atuado tanto no universo corporativo (em empresas como Accenture e Natura) e como psicóloga em seu consultório privado, ela nos contou um pouco da história sobre sua paixão pela Psicologia, suas experiências conciliando a maternidade com a desmotivação profissional e, por fim, a redescoberta de seu propósito de vida.
Como começou sua história com a Psicologia?
Desde muito cedo, eu sabia que tinha o propósito claro de ajudar as pessoas, impactar suas vidas. No colegial, eu me deparei com o estudo da Psicologia e tive certeza de que essa era a área que eu queria seguir na minha vida. Sempre me interessei pelo comportamento humano.. o que leva as pessoas agirem de um jeito ou de outro? E se elas tiverem conhecimento dessas motivações e conseguirem viver uma vida mais consciente? Ali eu percebi que poderia exercer meu propósito por meio da psicologia.
Com tantos anos de experiência na área de Recursos Humanos, o que você percebe como as principais frustrações no ambiente profissional?
Depois de completar minha formação, trabalhei muito tempo na área de Recursos Humanos (dentro de grandes empresas como Natura e a consultoria Accenture). O momento em que estamos vivendo agora é muito complicado para o profissional. As tecnologias e inovações avançam rápido e as empresas perceberam que chegou a hora de se reposicionar no mercado e de acompanhar as transformações que estão acontecendo. Quem não se adapta, não sobrevive ao mercado. Ao mesmo tempo, internamente, muitas empresas ainda não se adaptaram a essa nova forma: continuam com estruturas muito hierárquicas, verticais, pouca flexibilidade e abertura ao erro. Claro que é um processo, mas isso cria uma pressão enorme dentro do ambiente profissional e muita chance de frustração. São duas forças opostas e o profissional se encontra no meio desse embate.
Temos ainda uma questão interna: as pessoas estão buscando mais propósito e significado em seu trabalho. Elas querem se sentir produtivas, serem remuneradas e ter qualidade de vida. Querem contribuir para uma causa maior. Todos esses fatores juntos, internos e externos, geram inquietação, medo de perder o emprego, frustração, uma possível mudança de carreira, etc.
E mesmo que seja voluntária ou desejada, toda mudança é um processo delicado. O acontecimento externo também implica uma mudança de dentro pra fora, quando você aprende a transitar de uma realidade para outra completamente diferente. E, sem que a gente perceba, antigas feridas ainda não totalmente cicatrizadas podem vir à tona. Por isso mesmo, esse processo de transição é uma oportunidade muito boa de reflexão e autoconhecimento. Nós não controlamos o que acontece com a gente, mas podemos controlar como reagimos a isso.
Conta um pouco para a gente como foi seu processo de transformação pessoal e profissional.
Quando eu trabalhava em empresa, por vezes eu era assaltada por uma sensação de vazio e de distanciamento do meu propósito. Eu tentava buscar um significado no que eu fazia. Mas isso não acontecia no dia-a-dia. Foi quando eu virei mãe que a situação mudou. A sensação de incômodo com o formato de trabalho que eu tinha – ficar 12 horas fora de casa, viagens diárias ao trabalho, que era em outra cidade – começou a crescer cada vez mais. Eu queria mais tempo de qualidade com o meu filho. Meu emprego, embora tivesse vantagens nesse sentido, não era compatível com esse desejo, com esse novo formato que eu buscava.
Quando eu voltei da minha licença-maternidade, esse incômodo se juntou a uma fase ruim que a minha empresa passava externamente. A crise chegou e, com ela, cortes, mudanças na gestão, retrabalho, falta de definições. Tudo isso deixou minha motivação no chão. Meu trabalho já não estava gostoso, agradável. Estava um desafio grande demais. Nesse momento, imergi em uma crise de identidade profissional.
Retomei meu processo de psicoterapia tendo como foco o meu lado profissional, o que me ajudou a enxergar o que eu realmente queria. Refleti sobre como eu poderia juntar todas essas necessidades: o sonho de atuar junto ao meu propósito de vida, o desejo de estar mais próxima e a vontade de estar mais tempo em casa, ter mais flexibilidade. Essa busca começou durante as sessões de psicoterapia e do Coaching profissional que eu ingressei, para descobrir o que eu queria em minha carreira.
A ficha caiu e as coisas foram se encaixando. E eu?
Retomei meu propósito e minha essência.