Estamos com uma nova edição da nossa série de conversas “Sair da Caixa”. Histórias, experiências e curiosidades, contadas por pessoas que percorreram diferentes caminhos rumo ao mesmo destino: o bem-estar e o desenvolvimento pessoal. Hoje, recebemos José Simões, co-fundador do Zenklub e ex-CPO do e-commerce Dafiti.

Vamos voltar ao primeiro dia do Zenklub. Nessa altura, tinha consciência da importância do bem-estar na sua vida?

Eu diria que pouco. Foi a minha experiência no Zenklub que me “abriu os olhos” quanto à importância de investir no meu bem-estar. Umas semanas depois de o projeto avançar, tive a minha primeira experiência com a psicoterapia, levada à sério. Confesso que, até experimentar, eu era bastante cético. Um ano e meio depois, acho que já devo ter feito entre 50 a 60 sessões. Não é brincadeira (risos).

De onde surgiu esse ceticismo?

Diria que nasceu de puro desconhecimento. Eu sabia pouco ou nada sobre Psicologia ou terapia. Não sabia como era o processo, quais eram as ferramentas, nem que resultados eu poderia alcançar. Acho que esse “nevoeiro” alimentou o meu ceticismo.

O que te motivou a experimentar a terapia pela primeira vez?

Foi parte curiosidade, parte experiência: queria testar e avaliar os resultados. Testar a mim também, desafiar-me, sair da zona de conforto.

A verdade é que gostei muito dos resultados. Fui me surpreendendo à medida que eu ia me conhecendo melhor e explorando pensamentos e situações que eu nunca tinha parado para processar. Se não me engano, foi na terceira sessão que tive o meu momento eureka: percebi o quão bem me fazia aquilo. Essa percepção coincidiu com o momento em que eu tomei consciência de alguns fatores na minha vida que tinham estado “adormecidos”, ignorados, e que, imediatamente, comecei a mudar.

Como esses resultados impactaram a sua vida, mais especificamente?

Eles me trouxeram clareza quanto àquilo que eu queria para a minha vida. O que é realmente importante para mim. O processo me motivou, não só a continuar a crescer o Zenklub, como também a investir em mim, no meu desenvolvimento. Primeiramente pela Psicologia, mas, mais tarde, experimentei outros meios: o yoga e a meditação, que pratico quase diariamente até hoje.

Terapia é para quem quer se desenvolver

A minha alimentação também foi impactada nesse caminho. Comecei a me alimentar melhor, mais orgânico, mais vegetariano. Tornei-me mais consciente do meu bem-estar e portanto, mais consciente da minha alimentação e de como ela me impacta.

Você diria que as suas experiências com a Psicologia, a Meditação e até o Yoga, também influenciaram o desenvolvimento do Zenklub?

Quando começamos, o nosso objetivo era facilitar o processo de desenvolvimento pessoal e promover o bem-estar. Foi esse estímulo que levou à criação do Zenklub e ainda hoje é esse o propósito que nos guia.

Sabíamos que havia vários caminhos que poderíamos percorrer para chegarmos lá – e aqui talvez tenha uma semelhança com a minha trajetória: foi com a Psicologia que o projeto cresceu, mas hoje, estamos nos preparando para abraçar outros caminhos e expandir a plataforma para outras áreas do bem-estar.

Nas conversas que temos tido com profissionais e praticantes, falamos muito em resultados a curto-prazo. Mas como é raro conversarmos com alguém que já fez mais de 50 sessões, queria perguntar: passado este tempo todo,  ainda vê resultados?

Conto chegar às 100 sessões esse ano (risos). Acho que, independentemente do número de sessões, o próprio processo gera um resultado, o ritual. O que é que eu quero dizer com isso:

Entre o trabalho, a família, os amigos, os programas, o celular e tudo mais, quando foi a última vez em que paramos – parar, mesmo – uma hora para explorar os nossos pensamentos, as nossas emoções, a nossa vida? Para muitos, nunca. Descobri rapidamente que essa hora sem ruído, só para mim, é importantíssima.

Também é importante experimentar diferentes áreas, diferentes profissionais, diferentes abordagens, para ir aprendendo continuamente. Não existe um limite para o quanto podemos melhorar e é importante estarmos continuamente em melhoria. Acho que faz parte da condição humana.

Costumamos acabar essas conversas com um exemplo de um exercício de bem-estar. Hoje queria fazer isso de um jeito um pouco diferente: vou te pedir para nos falar sobre o primeiro exercício que te vier à cabeça. É sinal de que te marcou de alguma forma.

Para ser sincero, a primeira coisa de que me lembrei foi uma pergunta que uma vez me fizeram. Acaba por ser um exercício de pensamento. Também vale? (risos).

Vamos lá.

Em uma das minhas sessões, dessa vez com um Coach Português, estávamos falando sobre o meu trabalho. Especificamente, sobre uma situação que estava me incomodando há alguns dias.

Depois de falar sobre o meu problema, as pessoas em questão, a minha opinião, a opinião de outros e tudo mais, ele me perguntou: “Agora, tentando olhar para a sua vida como um todo, gostaria que avaliasse o quão significativo é esse problema para você. Será que vale a pena ficar chateado com isso? Será que isso que está sentindo é proporcional à dimensão do problema?” Quando eu o ouvi, percebi rapidamente que estava excessivamente focado no problema. Foi essencial dar um passo para trás.

Hoje em dia, eu passo todos os meus problemas pelo mesmo processo de “relativização”, vamos chamar assim. Me ajuda muito.. Não estamos falando de reinventar a roda. Até parece algo simples, lógico, mas é um processo importante de se mecanizar, treinar. Experimentem!