Em um cenário de diversidade e de tanta discussão sobre identidade de gênero e orientação sexual, muita gente ainda se confunde ou não entende a real importância de discutirmos essas questões desde a infância. Sim, desde a infância. Afinal, sentimentos de pertencimento e o reflexo no espelho começam desde essa fase.

Portanto, acreditamos que se elevarmos a discussão para o nível da informação, nos fará seres humanos mais bem preparados para relatarmos a nossa opinião sem ferir o próximo.

Entenda tudo sobre o assunto a seguir:

Sexo e gênero

Tecnicamente começamos por entender qual a diferença entre sexo e gênero. A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve o sexo como as características biologicamente definidas, enquanto o gênero é baseado em características socialmente construídas. Eles reconhecem que há variações em como as pessoas vivenciam o gênero com base na auto percepção e expressão, e como se comportam.

Em resumo, o sexo, refere-se às distinções biológicas e anatômicas como genitálias, seios, aparelhos reprodutivos.  Pessoas biologicamente do sexo masculino apresentam pênis, do feminino, a vulva ou vagina, e intersexuais, genitálias ambíguas ou ausentes – são raros os casos, mas existem.

Gênero é quando queremos falar sobre a construção social desse sexo biológico. Ou seja, refere-se a cultura de cada ser humano diante da sua sexualidade, que, por ser extremamente diversa, e é onde localizamos a confusão, que explicamos ao decorrer do artigo.

Terapia é para quem quer se desenvolver

Padrões estabelecidos na infância

Voltando alguns passos, quando os pais descobrem o sexo do bebê que está por vir, o mundo começa a se colorir. A sociedade em algum momento disse que meninas nascem em seu mundo cor de rosa e meninos no azul, antes mesmo deles terem a capacidade de descobrir e dizer qual a sua cor favorita. No universo cor de rosa, o azul não entra, e vice versa.

Essa analogia proposital, foi para chegarmos a questão do universo das meninas e dos meninos que vemos desde cedo. Meninas brincando de boneca, de casinha, de arrumar a casa, de sentar direito ou com “modos”, de fazer as unhas e enfeitar os cabelos.

Enquanto meninos, recebem a função de jogar bola, saber toda a escalação do seu time de futebol favorito, não chorar a toa, não ser afetuoso com outros meninos e, nem pensar, tentar cuidar da casa ou colocar um arco de estrelas no cabelo. Assim percebemos o quanto sexo e gênero são sim, termos muito diferentes e necessários.

Identidade de gênero

Identidade de gênero é a experiência da pessoa a respeito de si mesma e das suas relações com o outro gênero, ou seja, como ela se percebe na sociedade.

A identidade de gênero não depende do sexo biológico, e ela pode ser binária, quando a pessoa se reconhece como homem ou como mulher, ou não-binária (explicado abaixo), quando ela se identifica com os outros tipos de gênero. E quais são esses outros tipos de gênero? Vamos ao mini glossário:

  • Cisgênero: cis vem do latim do mesmo lado. Isso significa que pessoas que se classificam como cisgêneras são aquelas que estão de acordo com o gênero que lhe registraram ao nascer. Então, mulheres cisgêneras são aquelas que estão de acordo com o gênero registrado ao nascer, o mesmo vale para os homens; já para as pessoas intersexuais, que já explicamos aqui, elas podem se confirmar com o registro de gênero masculino ou feminino. Esse termo é também considerado o oposto a transgênero;
  • Transgênero: são aqueles que não se identificam com o seu sexo biológico, mas sim com um gênero diferente daquele que lhe foi atribuído ao nascer. Ou seja, são pessoas que nascem com órgãos sexuais femininos ou masculinos, mas que possuem uma identidade de gênero oposta;
  • Transexual: é considerado sinônimo de transgênero, mas é habitualmente aplicado a pessoas que se submeterem a mudança do seu sexo biológico por meio de cirurgia.

Vale lembrar que é incorreto afirmar que os cisgêneros são somente pessoas heterossexuais, assim como os transgêneros são necessariamente homossexuais. Além disso, sabemos que existem outros termos e variações para o conceito de transgênero, como genderqueer, bigênero, pangênero e drag queen.

Orientação sexual

Chegou a hora de falar sobre o significado de orientação sexual e o porquê da heterossexualidade, homossexualidade e suas outras variações estarem inseridas nesta “categoria”.

A orientação sexual é relacionada ao lado afetivo, sexual e amoroso das pessoas. Ou seja, é o que você, homem ou mulher, define por sua atração quando o assunto é o coração e/ou o sexo, independe do sexo biológico seu ou da outra pessoa. Vamos de mini glossário para explicar:

  • Heterossexuais: atração afetiva e sexual por pessoas do gênero e sexo oposto;
  • Homossexuais: atração afetiva e sexual por pessoas do mesmo gênero e sexo;
  • Bissexuais: atração afetiva e sexual por pessoas de qualquer gênero e sexo;
  • Assexuais: pessoas que não sentem atração por nenhum gênero e sexo;
  • Pansexuais: atração afetiva ou sexual que não depende de gênero sexual ou sexo biológico.

Expressão de gênero

A expressão de gênero nada mais é do que a forma que você escolhe para se manifestar em público, como você se veste, como você corta o seu cabelo, quais são os seus comportamentos, quais suas características corporais e como você decide interagir com outras pessoas.

A expressão de gênero não necessariamente corresponde ao seu sexo biológico ou a sua orientação sexual, aqui vale toda forma de ser feliz e de se relacionar com seu corpo e mente.

É o poder buscar o jeito que melhor te representa, que melhor atende ao seu bem-estar emocional. Mas é aqui também onde encontramos repreensão, julgamento e violência, inclusive familiar.

Ilustrando cada um dos termos:

o que é identidade de gênero, orientação sexual, sexo biológico e expressão de gênero

Bem-estar emocional, o gênero e a sexualidade

A discussão sobre gênero e sexualidade percorre todos os grupos de identidade, orientação e expressão. A questão é que no fundo estamos em um mesmo barco, todos tentando encontrar o seu pertencimento e a capacidade que isso tem de cuidar do nosso bem-estar emocional. Sem esquecer, é claro, de simplesmente garantir o direito universal de ir, vir e ser, com respeito e compreensão.

E se tudo continuar confuso e insatisfatório, procure a ajuda de um especialista, seja para você ou para ajudar alguém que você conhece. Há profissionais e grupos de apoio que realizam trabalhos incríveis, que disseminam a informação e que podem te mostrar o quão é importante é se sentir pertencido e acolhido.