O ciúmes é um sentimento inerente aos seres humanos e que pode estar presente nas mais diversas relações.

É bem verdade que, em geral, esse sentimento nos provoca mais descontentamentos do que felicidade, mas você sabe classificar o seu ciúmes?

Provavelmente essa não seja uma tarefa tão fácil, por isso, vamos discutir hoje todos os aspectos que estão envolvidos com essa emoção, para que você possa entender o quanto o ciúmes está interferindo na sua vida e nas suas relações.

O que é o ciúmes?

O ciúmes é um sentimento de insegurança que vem do medo de perder uma pessoa, em que o seu maior desejo é preservar e permanecer em uma relação.

Para a psicóloga e especialista do Zenklub, Milena Lhano:

Em uma relação, o ciúme pode estar presente quando existe desconfiança, insegurança, tendência ao controle e posse, dentre outros fatores que dificultam confiar na outra pessoa.

Para ela, relações mal-sucedidas anteriormente também podem influenciar. “Relações anteriores em que houve traição ou um relacionamento abusivo e muitos conflitos amorosos também podem contribuir para que o ciúme esteja presente na nova relação”, afirma.  

Na maioria dos casos, ter ciúmes em alguma relação é completamente normal. Porém, quando esse grau de ciúmes é desproporcional, constante e até mesmo sem fundamento, podemos vivenciar o ciúmes obsessivo, que está mais relacionado a necessidade de controle e desconfiança, do que de amor.

O que é ciúmes obsessivo?

Como mencionamos, o ciúmes obsessivo é o tipo de ciúme que se afasta do sentimento de amor e se torna algo abusivo e controlador, podendo ser considerado, inclusive, um transtorno obsessivo.

É no ciúmes obsessivo que pensamentos negativos e muitas vezes sem fundamento invadem a consciência e se tornam recorrentes, a ponto de se tornar um sofrimento.

Essa espiral destrutiva de relacionamento, costuma ter como consequência o rompimento da relação.

A pessoa ciumenta obsessiva não costuma ter uma visão realista do seu próprio comportamento, não enxergando que o limite pessoal está sendo destruído e invadido.

Em geral, o ciumento obsessivo busca evidências a qualquer custo e chance de desmascarar algo que, às vezes, está apenas em sua própria imaginação, não dando ouvidos a argumentos reais e provadores do contrário.  

Ciúmes saudável x obsessivo

Agora você deve estar se perguntando, então qual a diferença entre o ciúmes saudável e o obsessivo?

Como você deve perceber, o ciúmes inerente ao ser humano, ou seja, o saudável, está na esfera apenas do receio e preocupação em se distanciar das pessoas e das relações que criamos.

É um sentimento que não atrapalha, controla ou machuca a vida do outro e nem a de si próprio.

Já o ciúmes obsessivo ou também chamado de ciúmes patológico, pode ser considerado um distúrbio mental, que obceca, causa sofrimento e torna-se um transtorno repleto de hostilidade e impactos negativos entre as pessoas.  

Ciúmes obsessivo diagnóstico

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR, 2002), é um Transtorno Delirante Paranóico centrado na obviedade sem motivo evidente ou justo de que está sendo traído ou enganado pelo parceiro.

Nesse transtorno,  pequenas evidências, como chegar mais tarde em casa, perfumes diferentes ou até mensagens privadas, tornam-se uma justificativa acumulada para o delírio, que pode levar até a medidas extremas com acusações verbais, violência e abuso.  

Causas do ciúmes

As causas do ciúmes podem ser variadas de acordo com as pessoas e as relações, mas sua base é sempre a questão de insegurança, falta de autoconfiança e baixa autoestima.

Essas inseguranças podem ter origens anteriores, como outros relacionamentos amorosos, como comentamos aqui, mas podem ir além, remontando lembranças da infância ou de uma relação entre pais e filhos distante e ausente.

Para esses casos, a pessoa exprime sua necessidade de afeto e carência que vem desde a fase infantil para o seu parceiro ou amigos. Outra causa comum é a insegurança fonte de alguma experiência de humilhação ou trauma.

Sintomas do ciúmes

É difícil nos darmos conta dos sintomas que podem indicar um excesso de ciúmes ou até os sinais de um ciúmes obsessivo, mas em geral há algumas atitudes e sensações mais genéricas:

  • Pensamentos de traição e abandono;
  • Busca constante por pistas ou evidências que indiquem uma traição;
  • Medo excessivo de perder a pessoa, causando até mal-estar físico;
  • Análise constante dos pensamentos, gestos e atitudes do outro;
  • Violação da privacidade;
  • Controle excessivo do dia a dia do outro;
  • Interferência nas relações pessoais e profissionais do outro;
  • Criação de situações imaginárias que levam a conclusões sem sentido;
  • Insônia, agitação, ansiedade e até depressão;
  • Sentimento de solidão e tristeza profunda quando não está junto ao outro.

Ciúmes: tratamento

Você pode achar que ciúmes não tem tratamento ou cura, mas a verdade é que existe sim formas de você administrar melhor esse sentimento e até se livrar dos sintomas obsessivos.

E uma ferramenta que pode nos ajudar, tanto como indivíduo ou como casal, é a psicoterapia. Com a ajuda de um especialista você irá conseguir identificar o que está por trás desse sentimento e irá desenvolver habilidades para superá-lo.

Segundo a especialista Milena Lhano:

A presença de um profissional também é importante porque muitas vezes o ciúme pode ter motivos reais e não só emocionais, ou seja, pode realmente existir traição, indiferença e omissões da outra parte.

“Existem muitos casais que veem o ciúme como prova de amor e forma de preocupação, e usam inclusive a famosa frase ‘Quem ama cuida’.

Nesses casos, quando ambos têm a mesma ideia e o ciúme não é um problema, ele pode ser saudável sim, pois ajuda a manter o relacionamento”, explica Milena.

A terapia, assim como para outras questões da nossa vida, nos ajuda a nos transformar nas pessoas que gostaríamos de nos conhecer.

Ela estimula a inteligência emocional, a autoestima e o autoconhecimento, que são importantes quesitos para estarmos bem, acima de tudo, com nós mesmos.

Para vítimas de ciúmes obsessivo

Se você é uma vítima de uma outra pessoa ciumenta obsessiva, é bom não se intimidar e tentar lutar pelos seus direitos de existir e viver com liberdade e cercada de amor.

É muito importante que você saiba avaliar o grau de obsessão do seu parceiro ou parceira, para que não haja um perigo iminente que possa colocar você e sua integridade moral e física em perigo.

Por isso, procure ajuda, converse com amigos e não se cale diante dessa situação.

Quando você é permissivo e deixa que haja o controle por parte do obsessor, você não ajuda a resolver a situação, ao contrário, só o torna ainda mais agressivo e fora da realidade.

Dicas para não ser tão ciumento

Há também algumas dicas dos especialistas que podem ajudar a controlar e a lidar melhor com o seu ciúmes.

Lembrando, que ter uma ajuda profissional, caso você já tenha se identificado com os sintomas, é ainda a melhor opção para se livrar desse sentimento.

De qualquer forma, vale algumas ações e pensamentos para você começar a trabalhar esse problema dentro de si hoje mesmo:

  • Trabalhe a autoestima: quando estamos felizes conosco, estamos felizes com o mundo. Pessoas com autoestima elevada são mais seguras e cultivam boas relações;
  • Tenha inteligência emocional: a inteligência emocional irá lhe conectar com as suas mais profundas relações com os seus próprios sentimentos, fazendo que não seja uma surpresa constante as suas reações, decepções e sucessos;
  • Tenha pensamentos positivos: deixar-se levar por pensamentos negativos e que só atrapalham a sua vida, podem refletir também nas pessoas com quem você se relaciona. Ter empatia e resiliência para tratar os acontecimentos na vida podem te tornar mais positivo;
  • Converse: abrir o diálogo e deixar clara as suas incertezas e inseguranças, ou a tal famosa D.R. (discutir a relação) pode ser extremamente útil, pois já expõe toda a sua imaginação e realidade para ser conversada abertamente;
  • Pratique atividades físicas e hobbies: nada melhor do que ocupar o tempo com atividades que estimulam nosso corpo e mente. Essa prática, além de ocupar a cabeça, traz benefícios para o corpo e consequentemente para a autoestima;
  • Saiba dizer não, e sim também: limite é a palavra-chave, tanto para você ter para as outras pessoas, como para si. Não se deve fazer tudo que todos pedem, é preciso se conectar com as suas verdadeiras vontades e desejos para ser feliz.

Quer se conhecer, trabalhar o ciúmes e saber como controlar e ressignificar? Conheça os especialistas em saúde emocional do Zenklub e comece a sua jornada rumo ao bem-estar emocional.