O Brasil é um país muito diverso, com vários sotaques, modos de vestir, tipos de comidas, costumes, danças, cores, gostos. Com certeza, essas diferenças atraem e brilham o olhos de quem é de fora. Mas, também pode ser motivo de preconceito, a chamada: xenofobia.

A SaferNet, em 15 anos, realizou uma pesquisa onde foram registrados 160.538 casos de xenofobia na internet em 40.963 sites. Isso só mostra que precisamos falar sobre esse assunto. Por isso, entenda um pouco mais sobre o que é xenofobia e como ela afeta hoje a saúde mental dos brasileiros.

O que é xenofobia?

Mas, afinal, qual o significado da palavra xenofobia? Segundo o dicionário Aurélio, é a rejeição a pessoas ou coisas estrangeiras.

Ou seja, muitas vezes a cultura, os costumes e os pré-conceitos chegam antes mesmo da primeira interação com o outro. Por exemplo, frases famosas como “brasileiro é preguiçoso” ou outras. 

Mas, quando falamos de dentro do país, isso se torna um pouco mais complicado de perceber. Por isso, ainda hoje questionamos coisas do tipo: será que o preconceito de outras regiões do país é mesmo xenofobia?

Exemplos de xenofobia

Por isso, separamos alguns exemplos de xenofobia muito comuns que acontecem no Brasil e em outros países.

  • Piadas com o sotaque de uma pessoa;
  • Julgar o caráter de alguém pelo local de nascimento;
  • Criar conceitos a partir da cultura;
  • Xingamentos tendo como base na localidade.
  • Sentimento de superioridade.

Xenofobia e saúde mental

A falta de informação, muitas vezes, faz com que pratiquemos atos de preconceito que influenciam na vida de outras pessoas. 

Ou seja, por muito tempo, fazer brincadeiras referentes à cor do cabelo, jeito de andar, era muito comum. Mas, é importante ter em mente que uma brincadeira pode ter consequências na saúde emocional de quem a recebe.

Para o psicólogo do Zenklub, Emerson Oliveira:

A pessoa que sofre por algum comportamento ou fala xenofóbica pode  abrir um leque de sentimentos e sensações: insegurança, vergonha, medo, vulnerabilidade, rejeição, impotência e etc.  Tudo isso pode gerar alguns transtornos de ansiedade, depressão e até mesmo síndrome do pânico.

Além disso, a vítima também pode desenvolver baixa autoestima e se sentir inferior aos seus amigos, família e toda sociedade. Com isso, a pessoa acaba se isolando cada vez mais. 

Por isso, existem muitas pessoas que para se adequarem ao local, tentam mudar o seu modo de falar, reduzem o sotaque, negam sua cultura e aparência física. 

Xenofobia e racismo. Tem diferença?

Será que xenofobia é a mesma coisa que racismo? Bom, o que os dois têm em comum é o preconceito. Mas, na xenofobia, as pessoas passam por processos dolorosos que envolvem a sua cultura, fala, modo de vestir e outras coisas que envolvem o lugar de onde vieram. 

No entanto, no racismo os fatores de definição são a cor da pele, o fenótipo como lábios, cabelo, etc. Por exemplo, quando uma pessoa é asiática, é muito comum vermos memes debochando da sua linguagem – isso é xenofobia. 

Ou seja, quando essa mesma pessoa é vista com outros olhos por causa da sua origem ou até mesmo sua característica física, é racismo. 

No Brasil, há muitos imigrantes. Por isso, se a cor da pele deles define seu caráter, é racismo, quando o preconceito envolve o país de onde ele veio, é xenofobia.

Ainda com dados da ONG SaferNet, em 2019, foram registradas 4.310 queixas de racismo e 2.413 páginas com o discurso foram denunciadas. 

Segundo o psicólogo do Zenklub, Marcus Rossi

Alguns imigrantes são considerados inferiores a outros, tendo como alguns exemplos grupos étnicos e religiosos advindos do continente Africano e do Oriente Médio. Outros grupos, como mulheres e jovens, e de outros países como o Haiti, também são mais vulneráveis.

A Universidade Federal de Minas Gerais realizou uma pesquisa, em 2015, com haitianos residentes em Minas Gerais, foi constatado que 60% dos homens sofrem xenofobia e, para as mulheres, esse número chegou a 100%.

Além disso, a xenofobia afeta diretamente e de maneira mais imediata, o ingresso no mercado de trabalho e a integração à cultura local. Por isso, para essas pessoas, o dia a dia é ainda mais difícil e com privação de oportunidades.

O Nordeste e a xenofobia

Pessoas de diversas regiões do Brasil também sofrem xenofobia, a mais comum são as nascidas nas regiões Norte e Nordeste. Isso porque, muitas vezes, precisam sair de suas casas para trabalhar, estudar, fazer turismo e se deparam com este preconceito. 

Existe uma ideia errada de que os estados do Norte e Nordeste são inferiores a outras regiões do país. Por isso, o jeito de falar, o sotaque e alguns estigmas referentes a essas regiões são os principais meios de ataque. 

Esse preconceito está presente em vários lugares da nossa sociedade. Por exemplo, tivemos recentemente o caso de uma participante de um reality show que sofreu xenofobia através de piadas por conta do seu sotaque e modo de se expressar. 


Como lidar com a xenofobia?

A melhor forma de lidar com as consequências da xenofobia é buscar ajuda de um psicoterapeuta. Como foi dito acima, passar por essa violência deixa cicatrizes emocionais e pode prejudicar o dia a dia da pessoa. 

Participar de grupos de apoio também é um bom caminho. Com isso, você pode ouvir histórias de outras pessoas que passam pela mesma situação. Através da troca de experiências o apoio e o acolhimento são maiores por causa da empatia.

O psicólogo Emerson dá uma dica interessante sobre o assunto:

Você consegue lidar com a frustração do outro de uma forma mais neutra e sem se contaminar com sentimentos que não são seus, isso quando se tem quando se tem autoconhecimento e inteligência emocional. Saber identificar a falta de conhecimento de uma pessoa que tem falas xenofóbicas, diz muito mais sobre ela do que você.

Sobre grupos que praticam xenofobia, é importante ter em mente que conhecimento é uma das chaves contra o preconceito.

Busque entender mais sobre culturas e saber que todos somos diferentes e é isso que faz o Brasil ser diverso. Além disso, devemos prestar atenção ao reproduzir algumas falas sem nos darmos conta do peso delas e suas consequências.

Xenofobia é crime

É importante lembrar que praticar atos preconceituosos como a xenofobia é crime previsto na Lei 9459, de 13 de maio de 1997.

As denúncias de xenofobia podem ser feitas através de Boletim de Ocorrência, Disque 100 e também o SaferNet, que recebe denúncias de crimes virtuais.

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