Trauma

Embora as pessoas tenham recursos psíquicos para lidar com dificuldades, uma experiência avassaladora pode atingir a vida de forma descontrolada, desregulando as emoções. Cada pessoa reage a um acontecimento traumático de modo diferente, dependendo da sua capacidade de enfrentamento. Os episódios potencialmente traumáticos podem ser divididos em três grupos de eventos: 

  • Intencionais provocados pelo humano, como: assalto, guerra e violência;
  • Não-intencionais provocados pelo humano, como: incêndios, acidentes de trânsito e acidentes aéreos;
  • Provocados pela natureza, como: enchentes, epidemias e ataques de animais.

Os traumas podem ser diretos, ou seja, advindos de vivências devastadoras ocorridas com a própria pessoa ou traumas indiretos, em que se testemunhe algo impactante ocorrendo com outrem, como presenciar um crime, por exemplo. 

Podem também resultar de experiências negativas duradouras, como em relacionamentos abusivos, negligência, bullying e doenças. Ou derivar de fatalidades de elevada intensidade em um tempo limitado, como em um incêndio ou acidente. 

Muitos traumas ocorrem em questão de instantes, mas suas consequências podem ter uma duração indeterminada. 

O Pós-Trauma

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais- DSM-5, o primeiro critério diagnóstico do Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT) envolve a vivência de um evento traumático, o testemunho presencial de outra pessoa vivendo o trauma ou o conhecimento de que a situação traumática ocorreu com um ente querido. 

O segundo critério é a presença de um ou mais destes sintomas intrusivos relacionados ao impacto vivido: lembranças; sonhos; revivências; sofrimento psicológico intenso e reações fisiológicas acentuadas frente a sinais que se assemelham ao ocorrido. 

O terceiro critério diagnóstico refere-se à evitação persistente de estímulos associados ao trauma, como: lembranças, pessoas, objetos, lugares e atividades. 

O próximo critério diz respeito a alterações negativas no humor e na cognição, como: 

  • Incapacidade de recordar detalhes importantes da circunstância traumática;
  • Crenças negativas em relação a si e aos outros;
  • Estado emocional negativo persistente;
  • Cognição distorcida de culpa;
  • Diminuição do interesse em atividades significativas;
  • Sentimentos de distanciamento ou alienação em relação aos outros;
  • Incapacidade persistente de sentir emoções positivas. 

O quinto critério envolve alterações como: hipervigilância, perturbações do sono, problemas de concentração, resposta de sobressalto exagerada, irritabilidade, comportamento autodestrutivo ou imprudente. Todos os sintomas descritos devem ter duração superior a um mês e causar prejuízos em áreas importantes da vida.

O TEPT é uma psicopatologia de difícil prevenção porque não se pode evitar certas situações marcantes que podem acontecer durante a vida e não é possível ter uma preparação prévia para determinados acontecimentos terríveis. 

Pode ser subdiagnosticado ou não ser diagnosticado como originário dos problemas dos pacientes, acarretando como foco de tratamento apenas seus efeitos secundários, como ansiedade e depressão, por exemplo. 

Em psicoterapia, nem sempre os sobreviventes de traumas expõem o fato impactante nas primeiras sessões por não reconhecerem que suas dificuldades psicológicas podem estar associadas ao acontecimento traumático. 

Conforme a gravidade e a cronicidade do trauma, mudanças cerebrais podem ocorrer, tais como:  

  • Atenção, memória;
  • Velocidade de processamento;
  • Aprendizagem
  • Flexibilidade cognitiva;
  • Funções executivas;
  • Inteligência;
  • Capacidade de tomada de decisão;
  • Controle inibitório;
  • Resolução de problemas e planejamento futuro estão entre as funções neuropsicológicas que podem apresentar déficit em pessoas com TEPT, por exemplo. 

Trauma na pandemia

Ainda não é possível determinar exatamente os impactos psicológicos de longo prazo da pandemia de COVID-19, mas podemos afirmar que se trata de um trauma coletivo e que tem elevado o risco para o desenvolvimento de TEPT nas populações, por isso a importância de se conhecer e divulgar este tema amplamente.

Observe como você ou as pessoas próximas têm lidado com os medos e angústias relacionadas ao mundo pandêmico. Os recursos psicológicos variam de pessoa para pessoa ao lidar com o luto coletivo e as preocupações associadas à incerteza sobre a economia, o risco de desemprego e de mais isolamento social. 

As mudanças nas rotinas diárias, o medo de contaminação, de novas variantes, de faltar vaga em hospital, de morrer ou perder pessoas importantes podem desencadear sintomas psicológicos que merecem atenção especializada.

Crescimento pós-traumático

O trauma pode deixar sequelas psíquicas definitivas em algumas pessoas, outras precisam de um tempo para retornar ao funcionamento normal e outras podem alcançar um estado emocional mais fortalecido. 

O Crescimento Pós-Traumático foi uma teoria desenvolvida pelos psicólogos Richard Tedeschi e Lawrence Calhoun na década de 1990 sobre a possibilidade de um crescimento pessoal após experiências adversas. 

Algumas pessoas reformulam valores na vida, mudam prioridades, sentem maior compaixão pelo sofrimento alheio, apreciam as “pequenas coisas”, experimentam uma sensação de força pessoal e percebem novas possibilidades na vida. São mudanças que passam a ser vistas como um crescimento interior edificante. O Crescimento Pós-Traumático geralmente leva um certo tempo para aparecer e depende dos traumas estarem elaborados e ressignificados.

Você pode conversar comigo sobre suas dores e sofrimentos, pois dividir o peso das lembranças difíceis é essencial para superar um trauma.

Eu posso te ajudar

Eu posso te ajudar a entender os seus sentimentos e emoções. Você pode conversar comigo autoconfiança, autocuidado, ansiedade, procrastinação, autoestima e depressão.