Um relacionamento não termina de uma hora pra outra, como um antes e depois tão demarcado. Em geral, o término de uma relação amorosa é um processo que inicia enquanto o casal ainda está unido e segue além do fim da relação. Vamos desmembrar este processo em 6 fases para compreendermos melhor as emoções envolvidas neste difícil caminho:

1- Afastamento emocional

Esta é a primeira etapa, na qual, o casal ainda convive, mas algo começa a mudar, surgindo uma desconexão, seja por desinteresse de uma das partes, por alguma decepção, por falta de diálogo ou outro motivo nem sempre tão claro. O casal pode ter brigas frequentes ou pode existir um silêncio afastador. Sentimentos contraditórios são comuns, como: certeza-dúvida, amor-ódio, sufocamento-saudade, felicidade-tristeza e atração-repulsa.

Começa a nascer uma sensação de solidão e medo de que esta solidão venha a se instalar definitivamente caso a união acabe e não se encontre outra pessoa para amar. É comum que haja desinvestimento por parte de um ou de ambos, não se destinando mais tanta energia e esforço na manutenção do romance. 

Planos de separação ou reparação passam a ser considerados. Alguns casais optam por “dar um tempo” para que cada um se conecte com seus sentimentos mais profundos a respeito do outro, a fim de tomar uma decisão após este período distanciados. Na tentativa de restaurar a aliança, pode haver esforços através de mudança de comportamento para agradar o outro, conversas, promessas, declarações de amor, surpresas, cobranças e chantagens emocionais.

Em caso de suspeita de infidelidade, comportamentos de ciúme e investigação podem surgir. É na etapa de afastamento emocional que muitos buscam terapia de casal para entender o que está acontecendo para poder resolver e evitar o fim da relação.

2- Ruptura

A escolha por colocar um ponto final pode ser resultado da incompatibilidade do casal, por falta de amor, pela descoberta de uma traição, pelo desgaste da relação, pelo esgotamento de viver em um relacionamento abusivo, por falta de amor ou por desejar viver experiências que não envolvem a outra pessoa. 

Aqui, a tomada de decisão pelo término pode ocorrer em conjunto quando ambos concordam que é a melhor solução. Neste caso, o próprio casal pode se apoiar mutuamente e fazer o rompimento de modo menos traumático. Mas estando apenas uma das partes insatisfeita, há uma dificuldade em como dar esta notícia, receando que a outra pessoa se sinta magoada, triste, desapontada, rejeitada ou não consiga superar nunca. Hoje fala-se em responsabilidade afetiva, como um modo de ter um comportamento ético, honesto e respeitoso com aquele que compartilhou a vida por tanto tempo. 

A comunicação sobre a ruptura pode ser gentil e amigável, mas pode ser conflituosa e traumática. Nem sempre há tempo de preparação para este momento, provocando um choque emocional para uma das partes. Em términos indesejados ou sem um motivo claro, o momento da notícia pode trazer muita confusão e muitos questionamentos sobre o que aconteceu para resultar neste desfecho. Por parecer o fim de tudo, algumas pessoas precisam de apoio psicológico neste momento para lidarem com o abalo e não tomarem decisões impulsivas para se prejudicar, prejudicar o outro ou se vingar.

Ao constatar que a união se desfez, sensação de abandono, medo a respeito do presente e do futuro, bem como tristeza, surpresa, revolta, arrependimento, culpa, indiferença, introspecção e negação podem aparecer. Se a relação estava intolerável, sentir felicidade, alívio e paz é natural.

3- Dissolução do que foi conquistado em conjunto

Dependendo do tempo de convivência e da natureza da relação (união estável, casamento, noivado ou namoros longos), os casais podem ter adquirido bens, objetos, juntado dinheiro, etc. Esta fase de acerto de contas pode ser sentida como injusta e trazer sentimentos de raiva, impotência e necessitar de mediação judicial. É a fase de combinar temas muito importantes como a guarda dos filhos, mudança de casa, além de ser necessário desfazer planos futuros como negócios, viagens e outras metas do casal. 

Em relacionamentos onde não havia um compromisso declarado ou namoros recentes, talvez não existam bens materiais para separar, mas podem precisar decidir outras coisas, como: se devolverão presentes, se evitarão lugares, se manterão uma amizade, se devem aguardar um tempo para ficar com outras pessoas e o que mudarão nas redes sociais.

É uma fase dolorosa por ser uma despedida de muitas conquistas conjuntas e de vivências que só faziam sentido a dois. O rompimento de esperanças e sonhos que estavam atrelados aos projetos comuns costuma trazer muita insegurança e uma sensação de confusão de identidade.

Mesmo após a ruptura, pode ser necessário enfrentar diálogos com o(a) ex para estipular os detalhes da separação, trazendo à tona diversos pontos sensíveis.

4- Separação na vida social

Um momento delicado é o de informar a família, os amigos e outros grupos sobre a separação. Nem sempre se deseja revelar a verdade sobre o motivo do fim e nem sempre existe uma causa evidente. Como não há controle sobre a versão da história que o outro vai contar, dependendo de como será relatado ou interpretado pelos outros pode-se converter em rejeição ou acolhimento no meio social. A visão que os demais tinham sobre o relacionamento pode resultar em apoio ao término ou incentivo para uma reconciliação.

A notícia pode comover, causar revolta, decepção, alívio ou tristeza. Algumas famílias esperavam o próximo passo do casal, como casamento ou filhos, vivendo uma frustração desses sonhos. O ideal de amor perfeito que pode ter sido cultivado por alguns gera outra quebra de expectativas. Terceiros também podem aproveitar a ocasião para fazer a revelação de opiniões e informações que estavam guardadas em segredo para não prejudicar a união. Vergonha, solidão, sensação de fracasso social e perda de identidade podem surgir neste momento.

Além da ausência do parceiro, vive-se o afastamento de várias outras pessoas, como de amigos e familiares do cônjuge. Em relacionamentos longos, pode haver uma sensação de expulsão da família do(a) ex após anos se sentindo pertencente. O corte destes laços afetivos perpetua a sensação de rejeição, abandono e solidão.

Ao ter uma vida intrinsecamente entrelaçada, é natural que o(a) ex tenha tido acesso à intimidades e informações privadas, então pode nascer o receio em relação ao vazamento desses dados íntimos para outras pessoas.

5- Luto 

Um equívoco comum é que o luto é vivenciado somente em resposta à morte. Mas, na verdade, o luto refere-se à elaboração psíquica relacionada à perda de algo significativo. No término de um relacionamento há a perda de uma pessoa que foi importante, de uma vida partilhada, de sonhos, planos conjuntos, da vida social em comum e outras perdas subsequentes oriundas destas.

No desmoronamento de uma vida conhecida, de amor, de segurança e de conforto, surge a necessidade de adaptação a um novo mundo. O luto pode ser evitado por resistência à mudança, já que a consequência do luto é a reestruturação do mundo presumido.

Não é possível prever o tempo de duração do luto, pois não existe um prazo exato para melhorar a dor de um rompimento. É comum experimentar o aparecimento de ondas de tristeza, saudade, raiva ou outros sentimentos e com o tempo elas tendem a diminuir de intensidade, duração e frequência, sendo mais manejáveis e não ocupando um espaço central na vida.

Se uma das partes viveu um relacionamento complicado, pode se sentir pressionada a atravessar rápido este período. Mesmo que seja verdadeira a afirmação de que o fim foi melhor, a pessoa ainda assim precisa lamentar tudo o que viveu. Quem tomou a iniciativa de terminar pode sentir que sua dor é ilegítima, inibindo a vivência do luto. Em situações como a de relacionamentos extraconjugais, paixões na pré-adolescência e amores platônicos também pode haver um luto velado. E no luto não reconhecido, a dor é silenciada, agravando a sensação de solidão e desamparo.

Falar sobre a perda e contar a história do relacionamento pode ajudar o enlutado a processar o que aconteceu e continuar a vida.

6- Seguindo em frente

Esta é a fase de adaptação à nova realidade, com possibilidade de redescoberta do eu individual, exploração de diferentes oportunidades na vida, novos relacionamentos e sensação de continuidade. 

Seguir em frente pode ser difícil para algumas pessoas, especialmente se o sofrimento permanece latente, quando há esperança de reconciliação ou ainda há contato com o(a) ex-parceiro(a). Se a pessoa perdeu a identidade ao longo do relacionamento pode ser necessário se reconstruir primeiro. Resgatar projetos individuais, criar novos planos, dar chance para outras pessoas entrarem na vida, viver experiências e buscar o autoconhecimento podem ser estratégias para nortear esta fase.

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