Novas configurações familiares

A família nuclear era definida principalmente a partir do grau de parentesco das pessoas, a consanguinidade e a coabitação. As transformações sociais, nos estilos de vida, relacionamentos e parentalidade trouxeram novos arranjos familiares. 

Algo que era raro no passado, atualmente é muito comum: famílias monoparentais, reconstituídas e homoafetivas, por exemplo. Também aumentou bastante o número de casais sem filhos por opção e as famílias unipessoais, ou seja aquelas pessoas que escolhem morar sozinhas. E as famílias por associação, aquelas compostas por amigos que se unem para manter um convívio, têm crescido e vem mostrando que o conceito de família pode ser definido também pelo grau de afinidade, relação afetiva, propósitos comuns e convivência solidária.

Domesticação dos animais

No passado, a domesticação de animais consistia em adaptar e ensinar animais considerados úteis para atender necessidades humanas. Lobos, raposas e cães auxiliavam o homem na caça e  protegiam as pessoas. Foram acompanhando os seres humanos, saindo de um habitat mais hostil para um mais seguro, recebendo proteção e alimento. Os gatos eram predadores de pragas e os pássaros tinham função ornamental e para admiração do canto, por exemplo. 

A domesticação é um assunto polêmico. Enquanto para alguns é vista como uma relação de cooperação com uma troca justa, na qual os dois lados se beneficiam, há o ponto de vista de que a interferência humana na vida dos animais retira deles a liberdade, inclui a dominação e altera a biodiversidade.

De todo modo, o que vemos é um número grande de lares com animais, especialmente cães e gatos, em que a convivência é muito mais íntima do que no passado. Os bichinhos deixaram de viver do lado de fora, se alimentando de restos e cumprindo alguma função útil aos humanos, passando a morar dentro das casas apenas com a atribuição de animais de estimação.

Família multiespécie

Os animais saíram do posto de trabalhadores, passaram para a posição de animais de estimação e hoje em dia estão sendo considerados membros da família. Dentro da crescente diversidade familiar, surge agora a família multiespécie, composta por humanos e não humanos.  

A legitimação dos animais de estimação como integrantes da família se deve ao vínculo afetivo genuíno, à relação solidária, benefício mútuo e às necessidades particulares desta estrutura. As pessoas os consideram em suas decisões como: habitação, trabalho, lazer, orçamento e rotina. 

Com eles vêm a companhia e o apoio emocional, diminuindo a sensação de solidão e fortalecendo o sentimento de pertencimento e importância, especialmente com a tendência atual ao individualismo, famílias menores ou rompidas. O senso de responsabilidade é exercitado, bem como a empatia.

Os cuidados são similares aos dos membros humanos, como alimentação apropriada à espécie, acompanhamento constante para questões de saúde, respeito às necessidades biológicas e aos direitos, além de banho, brinquedos, festa de aniversário, etc.

Entretanto, assim como outras configurações familiares que foram surgindo além da tradicional, também há na sociedade preconceito e resistência quanto ao reconhecimento da família multiespécie como legítima. Bem como a antropomorfização de pets, que cresceu na mesma medida deste novo formato familiar, a humanização deles recebe muitas críticas.

Consequências

Como resultado dos animais fazendo parte das famílias, o olhar com igualdade para uma outra espécie, faz com que os humanos abandonem a “coisificação” do animal, buscando cada vez mais respeito aos direitos deles, incluindo os direitos de outras espécies não domesticadas.

O judiciário tem se adequado a essa nova realidade familiar, considerando a guarda, regulamentação de visitas e pensão alimentícia do animal em caso de dissolução de um relacionamento entre pessoas.

Outra consequência da integração dos pets ao meio familiar é a experiência emocional na ocasião da separação ou morte deles. Muitas vezes, por ser um luto não reconhecido ou não validado socialmente, as pessoas podem inibir a vivência da perda, ter sentimentos de incompreensão, e podem atravessar esta fase sem apoio.

Se você vive alguma questão relacionada ao tema familiar, à convivência com animais e está sentindo necessidade de ajuda, pode contar comigo!

Eu posso te ajudar

Eu posso te ajudar a entender os seus sentimentos e emoções. Você pode conversar comigo sobre ansiedade, insônia, procrastinação, autoestima e conflitos familiares.