A Associação Brasileira de Psicologia, mostra que 6% da população brasileira sofre com o TPB (Transtorno de Personalidade Borderline).

Neste texto, irei fazer algumas considerações sobre como é lidar uma pessoa com o Transtorno de personalidade Borderline, bem como a convivência e seus relacionamentos.

Uma criança, por volta dos 18 meses a dois anos de idade, busca sua independência e mostra que não precisa de ajuda. Geralmente, ela é rebelde, responde aos seus pais, sai correndo, cai, chora, mas logo se desespera por se ver sozinho e vulnerável e volta em busca do colo dos pais.

Experimentamos, nessa fase de luta pela independência, o ápice de instabilidade emocional normal que agrava ou permanece com a presença de traumas.

Ambientes violentos, negligentes e sem apego seguro, elevam os níveis de desconfiança e agressividade provocando um estado alerta constante para se proteger. Assim, temos forte probabilidade de fortalecer traços Borderline ao ponto de desenvolver o transtorno.

Sobre pessoas com Transtorno Borderline

Pessoas com Transtorno Borderline apresentam instabilidades nas suas relações, na autoimagem, afeto e impulsividade além do comum. Elas também se esforçam duramente para evitar o abandono real ou imaginário.

Possuem condutas impulsivas ou de autodestruição que se mostram por excessos com gasto, sexo, abuso de substâncias, direção irresponsável, compulsão alimentar ou recorrência de gestos. Machucam a si mesmas, ameaçam ou têm comportamento suicida.

Além disso, apresentam instabilidade afetiva, irritabilidade, raiva, ansiedade intensa e sentimentos crônico de vazio que são desesperadores.

Podem oscilar também entre os extremos de amor e ódio; idealizam demais alguém e, diante de mínimas frustrações, os odeiam e desvalorizam extremamente o vínculo, pois apresentam dificuldade em tolerar a diferenças das relações. São rancorosos e não sabem perdoar ou reparar os conflitos.

Além disso, apresentam dificuldade de perceber a si mesmos e seus estados emocionais internos. As coisas que não toleram em si, projetam e buscam no outro.

Para isso, usam o mecanismo de defesa que se chama “Identificação Projetiva”. Este comportamento se mostra da seguinte forma: sentem inveja e não reconhecem o sentimento em si mesmo. Acusam o outro de ser invejoso (projeção), e precisam ver a inveja manifesta nele. Então, provocam a pessoa até ela mostrar mínimos sinais de inveja (identificação) e, assim, se libertam dessa emoção desagradável.

Todas essas ações são manifestadas sem pensar e geram grande sofrimento por viver um intenso e constante caos interior que prejudica e abala suas relações de forma recorrente.

O contexto familiar de quem tem o transtorno borderline, geralmente é um problema e nele são experimentados conflitos entre outras pessoas.

Enfim, o diagnóstico, em parte, se dá avaliando o perfil de instabilidade das relações, onde ambas as partes ficam fragilizadas e precisam apoio.

6 dicas de como conviver com pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline 

Não é uma escolha ser borderline. É um imenso sofrimento não controlar os impulsos.

Contudo, é necessário ter consciência que, na convivência com essas pessoas, podemos ser alvo de culpa, raiva e precisamos nos conter para não agirmos com a mesma intensidade.

Somos espelho e não devemos refletir mais instabilidade. Agindo racionalmente é possível ser modelos de controle.

Pensando nisso, separei 6 dicas de como conviver com pessoas que apresentam o transtorno. Veja abaixo:

1) Identificação Projetiva e a pessoa com Borderline

A pessoa com Borderline possui uma defesa inconsciente que se chama Identificação Projetiva.

Ou seja, ao sentir algum tipo de angústia que nega em si, a pessoa com o transtorno tende a projetar esse sentimento no outro ao ponto de provocar esse outro até que de fato o veja expressar o que lhe foi projetado.

Assim, o outro se tornar um “depósito” acusações de tudo que a pessoa com Transtorno de personalidade Borderline nega internamente, como raiva, inveja, ciúmes, etc.

E conscientes dessas ações, nossa reação ou de quem convive com uma pessoa com transtorno é de não “sintonizar” com sentimentos projetados, não reagir ao que está sendo provocado. Essa não é uma tarefa fácil principalmente em relações vulneráveis.

2) Integrar as partes

Geralmente, a pessoa com esse tipo de transtorno tende a valorizar e idealizar o outro de forma extrema ao ser gratificado e, desvalorizar totalmente, quando frustrado.

Este tipo de atitude pode prejudicar a relação. Dessa forma, ao ser alvo de desse extremo entre amor e ódio, sempre sinalize que você tem pontos positivos e negativos.

3) Faça a pessoa refletir sobre seus atos

As pessoas com borderline apresentam dificuldades de interpretar o estado mental de si mesma e dos outros, por isso, muitas vezes, interpretam de forma equivocada.

Ou seja, uma simples falta de resposta pode ser vista como abandono.

Então, estimule a pessoa a sempre a refletir e falar sobre seus sentimentos e dos outros de forma a ajudá-la a reparar interpretações distorcidas.

4) Não abandone a pessoa com Borderline

Ao se sentir atacado e desvalorizado, não se cale ou ignore, sempre sinalize como está se sentindo e, caso se ausente, deixe claro quando vai voltar. 

O silêncio e ausência por muito tempos são experimentadas como medo ao abandono que só agrava as crises de ansiedade, raiva e impulsividade.

5) Estabeleça limites claros

Limites dão sustentação e barreiras aos impulsos. Mantenha limites e regras bem claros na relação e os cumpra rigorosamente.

É importante saber que esses limites são testados se são confiáveis. Contudo, não viole as regras estabelecidas.

Ao manter um posicionamento firme, você é um modelo de estabilidade a ser introjetado.

6) Fique atento aos riscos

No caso da pessoa machucar a si mesma ou ameaçar cometer suicídio, a melhor medida a se tomar é procurar por ajuda profissional, por se tratar de uma emergência o tratamento psiquiátrico é indicado nestes casos. 

Enfim, na relação com pessoas com Transtorno de personalidade Borderline as duas partes envolvidas ficam abaladas.

Por fim, apresentei de forma sucinta algumas orientações de como lidar com pessoas que sofrem esse tipo de transtorno. Porém, é indicado uma avaliação rigorosa e apoio psicológico para que familiares, amigos e companheiros se fortaleçam, sejam capazes de ajudar no tratamento e manter um equilíbrio emocional diante a esse transtorno tão complexo.

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