Ainda considerado um tema tabu, o suicídio não deve ser algo que fingimos que não existe. Portanto, falar de prevenção ao suicídio é, antes de tudo, poder falar sobre a vida e a vontade de cessá-la.
Essa não é uma conversa fácil de se ter – mas é muito necessária! Ao percebermos que alguém que amamos está apresentando o que se chama de ideação suicida (quando há pensamentos sobre tirar a própria vida), é importante saber ouvir e estimular o diálogo.
Para falar melhor sobre como agir em uma situação como essa, chamamos Johnson Ferreira, psicólogo e especialista do Zenklub, para compartilhar seu conhecimento sobre a causa. Leia a seguir o texto que ele escreveu sobre o assunto.
Em algum momento da vida, podemos ouvir algum amigo ou familiar dizer que não deseja mais continuar vivo. Por vezes, essa afirmação é feita de forma direta ou indireta, por exemplo: “Você não me verá mais aqui”; “Vou desistir de tudo”; “Eu não estarei aqui no próximo ano”; “Eu vou fazer o pior”; “Esta é a minha última vez aqui”; “Eu não aguento mais”; entre outras.
Estes tipos de afirmações são sinais de alerta. Elas podem significar que o indivíduo está verbalizando ideações suicidas.
A princípio, é necessário manter a calma e saber que, ao longo da vida, muitas pessoas já pensaram em suicídio e, em diversos casos, indivíduos com ideação suicida não chegaram sequer a tentar suicídio. Contudo, uma boa prevenção ao suicídio requer uma postura amigável, acolhedora e atenciosa; pois trata-se de um assunto muito íntimo e delicado.
Portanto, a abordagem deve ser suave e responsável, senão o indivíduo pode negar a recorrência dos pensamentos suicidas em ocasiões seguintes e abster-se de falar do assunto, caso tenha se sentido ridicularizado, condenado ou julgado – mesmo que implicitamente.
Algumas pessoas ficam sem saber o que dizer diante de uma revelação da falta do desejo de continuar a viver. Nesses casos, estar disponível para ouvir pode ser mais importante do que falar algo de imediato e incorrer em um erro que gere afastamento.
Sendo assim, colocar-se no lugar de escuta é essencial para que a pessoa possa abrir-se e desabafar. Uma maneira de estimular que a pessoa fale é através de perguntas abertas, do tipo: “Como você está se sentindo?”; “Em que você está pensando?”; “O que posso fazer por você?”, etc.
É preciso ter cuidado para não minimizar o sofrimento alheio considerando que as razões pelas quais ele sofre são bobagens ou coisas insignificantes, ao contrário, é necessário demonstrar respeito e compreensão diante da dor do outro.
O que a pessoa precisa nesse momento é de amparo, conforto e de um “ombro amigo”; não de críticas, julgamentos e sermões. Colocar-se à disposição, transmitir confiança, demonstrar apoio e ser paciente são posturas mais sensatas para este delicado momento.
É válido lembrar que, segundo estudos, em cerca de 90% dos casos de suicídio são encontrados transtornos mentais associados; como a depressão, esquizofrenia e transtornos relacionados ao uso de substâncias, como por exemplo o álcool. Portanto é fundamental que o indivíduo nesse quadro seja encaminhado para acompanhamento médico e psicológico especializado.
Johnson Ferreira
CRP 21/00640
Com essa contribuição do Johnson, é possível compreender três pontos importantes: a ideação suicida acontece, mesmo se o tema ainda é tabu; saber escutar é essencial para ajudar alguém que precisa; o apoio profissional se faz necessário em boa parte dos casos.
Por isso, para valorizar a vida, falar sobre dores importantes e de fato realizar uma prevenção ao suicídio, incentive, com carinho e cuidado, que a pessoa procure um profissional apropriado. E lembre-se: na nossa plataforma, você encontra mais de 500 especialistas, como Johnson, prontos para iniciar um acompanhamento humano e sensível. Clique aqui para saber mais.