Quando a sexualidade não é uma fonte de bem-estar, é preciso investigar as causas para adotar a conduta necessária que permita solucionar o problema. O sexo vaginal, por exemplo, pode ser fonte de dor e desconforto. Isso é comum, mas não é normal.

A sexualidade deve ser fonte de prazer e saúde. Por isso, a educação em sexualidade é um direito de todas as pessoas, começando já na infância. Desde cedo, é necessário oferecer informações adequadas para cada fase da vida. Elas devem ser esclarecedoras para conduzir a uma vida adulta responsável, segura e prazerosa.

O que é sexo vaginal?

É fácil presumir o que é sexo vaginal: é a penetração do pênis na vagina, independentemente da posição sexual. Essa é a modalidade mais comum de sexo e a que efetivamente pode levar a uma gravidez, quando realizada sem a proteção de um método contraceptivo.

O sexo vaginal não necessariamente leva a mulher ao orgasmo. Para aumentar as chances de chegar ao clímax, pode-se recorrer a acessórios e técnicas que ajudem a relaxar e aumentar a excitação. Além disso, o sexo vaginal não é um elemento obrigatório em uma relação sexual: o que realmente importa é sentir e dar prazer.

Como fazer sexo vaginal

A condição principal para a realização do sexo vaginal é a lubrificação. Ela permite que o pênis ereto deslize de forma agradável, tanto para o homem como para a mulher.

Para promover a lubrificação, as preliminares são essenciais. Toques, palavras, sexo oral vaginal e massagem são exemplos de estratégias que excitam a mulher. Cada pessoa percebe seu corpo de uma forma, então a premissa é de que o corpo todo é fonte de prazer.

Não se prenda a um roteiro; em vez disso, confie em seus instintos e sensibilidade para reconhecer o que está agradando ou não e saber o que fazer de acordo com a reação a cada estímulo.

A penetração só é possível quando o homem e a mulher estão excitados. Quando isso acontece, é o momento de guiar o pênis até a entrada da vagina. A partir daí, o casal adota as posições mais prazerosas e seleciona o ritmo e movimentação mais agradáveis. Vale explorar a conexão entre o casal para criar um momento de intimidade e satisfação.

É normal sentir desconforto durante a relação sexual?

O prazer independe do sexo biológico, gênero ou orientação sexual porque é natural. Por isso, não pode ser fonte de dor ou desconforto. Incômodos durante o ato sexual vaginal costumam sinalizar que algo não vai bem.

Os motivos são vários e podem ser de origem física ou emocional. Surpreendentemente, a dor durante a relação sexual, também chamada de dispareunia, é uma queixa comum e deve sempre ser analisada e tratada.

A dor da penetração pode ser superficial ou profunda. No primeiro caso, é sentida na região da abertura vaginal e costuma ser percebida no ato da introdução peniana. No segundo, fica localizada no interior da pelve e é sentida com a movimentação do pênis no interior da vagina. Essa dor ainda é classificada entre ardência, aguda ou do tipo cólica.

Ao primeiro sinal de dor, a mulher deve procurar a ajuda especializada de um ginecologista. Não espere a dor passar sozinha – alguns problemas de saúde podem se agravar quando não tratados a tempo.

Para diagnosticar a causa da dor, o médico deve pedir exames como Papanicolau, ultrassom, urina e sangue, por exemplo. Nos casos mais simples, a avaliação clínica já é suficiente para descobrir o que está provocando a dor.

7 fatores que podem causar desconforto durante a relação sexual

1. Vaginismo

O vaginismo consiste em uma contração involuntária da musculatura da vagina. A penetração é inviabilizada porque provoca dor, apesar do desejo de ter a relação sexual. Esse aperto muscular é capaz de impedir o uso de absorventes internos e dificultar a realização de consultas e exames ginecológicos.

É uma questão complexa porque costuma ter fundo emocional: um dos motivos mais frequentes é justamente o medo de sentir dor. Por isso, o tratamento requer mais de uma especialidade, envolvendo fisioterapia, psicologia e ginecologia.

2. Vestibulodinia provocada

Essa condição é provocada por uma alteração nas terminações nervosas da região da abertura vaginal, chamada de vestíbulo. Então, um leve toque é interpretado como algo bastante doloroso. É por isso que a dor é percebida com a movimentação do pênis na vagina.

A medicina considera a vestibulodinia provocada uma síndrome de dor crônica. Porém, ela tem tratamento, normalmente envolvendo mais de uma especialidade. Dependendo do caso, pode recrutar psicoterapia, exercícios de relaxamento gerais e focados na musculatura pélvica, medicação e até mesmo cirurgia quando há hipersensibilidade.

3. Endometriose

A endometriose é diagnosticada quando o tecido endometrial, que se encontra na parte interna do útero, cresce para fora dele. Não é o comportamento esperado para esse tecido, que tem a função de preparar o útero para a possível chegada de um bebê. Todos os meses ele reveste o útero e se não acontece a gestação, é expelido. Ou seja, a mulher fica menstruada.

Quem tem endometriose passa por esse sangramento em locais onde ele não deveria acontecer. O resultado é dor na parte inferior do ventre, que surge durante a menstruação, o ato sexual, ao defecar e urinar. É uma das causas mais comuns da dor durante o ato sexual.

Também ocorre o surgimento ocasional de tecido cicatricial, que pode provocar dificuldades para engravidar. O tratamento é realizado com medicação e cirurgia.

4. Falta de lubrificação

O desconforto durante o sexo pode ser causado simplesmente por uma lubrificação ausente ou insuficiente. As razões para tal vão desde questões fisiológicas como climatério ou menopausa, até emocionais como baixa libido e pouca excitação.

Baixos níveis de estrogênio dificultam a lubrificação tão necessária para uma penetração confortável e prazerosa. O uso de preservativos pode gerar o mesmo incômodo porque a pele da vagina sofre atrito com a superfície de látex.

A solução é investir em lubrificantes específicos para a região íntima, preferencialmente à base de água ou silicone para não danificar o preservativo e comprometer a sua eficácia. Sexo oral na vagina é uma alternativa que umidifica e contribui para elevar a excitação.

5. Infecções ou inflamações

Várias doenças infecciosas na região genital têm potencial de gerar dor nas relações sexuais. Dois exemplos são candidíase e herpes, que provocam ardência, decorrente da inflamação na área da vulva.

Infecção ou inflamação no trato urinário são outras causas comuns, bem como a doença inflamatória pélvica.

Esses problemas de saúde são tratados com medicação. Como muitos deles são transmissíveis, é preciso tratar o casal.

Outras causas

A radioterapia reduz a elasticidade vaginal, limitando a capacidade de se expandir para envolver o pênis durante a penetração.

Machucados na região vaginal, anomalias anatômicas, nódulos na pelve e cicatrizes são outros possíveis responsáveis por desconfortos durante o sexo. Vale considerar ainda reações alérgicas a sabonetes, lubrificantes e cremes anticoncepcionais podem igualmente causar incômodos na região.

Fatores emocionais

Nem todo mundo lida como sexo de forma natural. Para algumas pessoas, é um tabu ou fonte de medo e tensão. Especialmente para as mulheres, a relação com a própria sexualidade pode ser marcada por repressões. Algumas tiveram experiências iniciais negativas e seguiram conformadas acreditando que era esse o padrão.

Insegurança com a própria imagem, estresse, bloqueios, traumas ou medo de engravidar provocam tensão e interferem na lubrificação vaginal. Essas situações encontram ajuda em especialistas como um terapeuta, um psicólogo ou sexólogo.

Hábitos que podem tornar o sexo vaginal mais prazeroso

Check-up ginecológico em dia

Os exames preventivos ajudam a monitorar a saúde da mulher e a protegem de doenças que têm o poder de atrapalhar a vida sexual.

Se tocar:

Ter intimidade consigo mesma é essencial para conhecer o corpo e as preferências. A masturbação é um hábito saudável e importante na busca de prazer.

Explorar outras formas de fazer sexo:

Use a sua criatividade para descobrir novas formas de obter prazer. O sexo tântrico tem a proposta positiva de alcançar patamares mais altos de conexão com outra pessoa. Acessórios, imagens, fantasias e o que mais parecer interessante se tornam aliados para incrementar o prazer. Sexo anal e vaginal é uma estratégia para tirar o casal da rotina e apimentar a relação.

Busque ajuda especializada:

Um sexólogo ou terapeuta ajuda a controlar a ansiedade e clarear o pensamento para encontrar respostas para questões que geram bloqueios e inseguranças. Também traz um reforço para enfrentar traumas e melhorar a relação com o próprio corpo e as emoções. Terapia sexual é uma saída para casais com dificuldades de relacionamento e intimidade.

Faça a mesma coisa, mas de outro jeito:

Sexo vaginal é a penetração do pênis na vagina, mas há muitas formas de fazer isso. Não introduzir o pênis todo logo de início, fazer pequenas variações no ângulo do quadril e movimentar a pelve para roçar o clitóris na base do pênis são três estratégias que funcionam muito bem para gerar maior satisfação sexual. Experimente também estimular o clitóris durante a penetração.

Com o Zenklub você tem à sua disposição diversos profissionais, entre terapeutas, sexólogos e psicólogos, criteriosamente selecionados. É possível agendar vídeo-consultas com privacidade e segurança, onde você estiver e na hora e dia que preferir.

Referências

ALVES, Alcione Bastos et al. “PRAZER SEXUAL EM TEMPOS DA COVID-19”: CELEBRANDO O DIA MUNDIAL DE SAÚDE SEXUAL 2020, COM A WORLD ASSOCIATION FOR SEXUAL HEALTH E A SOCIEDADE BRASILEIRA DE ESTUDOS EM SEXUALIDADE HUMANA. Revista Brasileira De Sexualidade Humana, 31(2). Disponível em: https://doi.org/10.35919/rbsh.v31i2.790

HENSEL, Devon J. et al. Women’s techniques for making vaginal penetration more pleasurable: Results from a nationally representative study of adult women in the United States. PLoS ONE 16(4): e0249242. Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0249242

BASSON, Rosemary. Dispareunia. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/disfun%C3%A7%C3%A3o-sexual-em-mulheres/dispareunia