Ninguém gosta de se sentir vulnerável, exposto, se colocar em uma posição de fraqueza. Até aí nenhuma novidade. O que muitas pessoas não sabem é que é justamente a vulnerabilidade que nos permite ter experiências marcantes e viver uma vida de significado.  

Todo ser humano tem três necessidades básicas que estamos sempre buscando atender: ser amado, ser reconhecido e pertencer. A questão com a vulnerabilidade é que, em geral, a vemos como uma ameaça à satisfação dessas necessidades: se me mostro imperfeito, posso não ser amado; se erro, posso não ser aceito ou reconhecido; e assim por diante.  

As pessoas que encaram a vulnerabilidade desta forma tentam evitá-la a qualquer custo e acabam anestesiando seus sentimentos, sua essência, e vivendo uma ilusão.

Constroem uma vida na tentativa de ser alguém que acreditam que deveriam ser para alcançar expectativas que (imaginam) os outros tenham delas. Não vivem sua essência, seu verdadeiro eu e entram em um ciclo em que estão sempre lutando para experimentar esses sentimentos de amor, aceitação e pertencimento, sem nunca se sentirem boas o suficiente ou verdadeiramente merecedoras deles.  

Segundo Brené Brown, pesquisadora americana que estudou por muitos anos a vulnerabilidade, o que ocorre com quem abraça sua própria vulnerabilidade é justamente o contrário. Para ela, autora do livro “O poder da vulnerabilidade” e pesquisadora do tema há 12 anos, o que diferencia as pessoas que possuem um forte senso de amor e pertencimento das demais é justamente o fato de elas se entregarem à sua própria vulnerabilidade.  

Assista ao TEd de Brené Brown sobre o poder da vulnerabilidade (em inglês)

Terapia é para quem quer se desenvolver

Pessoas que aceitam sua vulnerabilidade são aquelas que aceitam e respeitam seus próprios limites, que vivem na incerteza, que estão abertas ao erro. São aquelas que dizem “eu te amo” primeiro, que se jogam numa relação, que falam o que pensam, que ousam fazer, mesmo sem saber se vai dar certo. E muitas vezes, de fato, não dá. Mas são pessoas que se aceitam como são, com toda sua imperfeição, e gostam do que veem.  

Algumas pessoas vivem sua vulnerabilidade de forma ativa e consciente. Outras precisam passar por momentos difíceis, por uma grande reviravolta em suas vidas, para começar a se olhar mais profundamente. Situações como a perda de um emprego, de um ente querido, um adoecimento, o término de um relacionamento –  que mexem com nossas necessidades mais básicas – em geral provocam essa mudança.  

E são oportunidades com um enorme potencial para se encarar de frente, mergulhar sobre meus medos, conhecer a fundo a sua sombra. É um ato de coragem, difícil, mas extremamente libertador. E mais eficaz ainda se for realizado de forma consciente, como uma escolha.

Viver em comunhão com a vulnerabilidade é um exercício diário, uma forma de levar a vida. Só compreendendo e lutando contra a vergonha e o medo de errar é que podemos alcançar a plenitude e realizar todo o nosso potencial. Conforme a própria Brene Brown diz: “Somente quando temos coragem suficiente para explorar a nossa escuridão, descobrimos o poder infinito de nossa própria luz”.