Quando falamos em terapia sexual, a imaginação de muitos vai longe se perguntando o que acontece dentro do consultório de um terapeuta. Outras pessoas que enfrentam alguma disfunção sexual podem ficar receosas de procurar esta terapia por não saber ao certo o que este procedimento envolve e como funciona. E adiando procurar uma ajuda profissional, consequentemente, adiam também uma vida sexual saudável e prazerosa.

“Será que preciso tirar a roupa?”, “Como sei que o profissional é terapeuta sexual?”, “Isso pode melhorar meu relacionamento?” – essas perguntas são bem comuns. Por isso, esta matéria tem o objetivo de desmistificar, informar e esclarecer qualquer dúvida que você possa ter em relação a este tipo de terapia.

1. A Terapia Sexual não é tão diferente de uma psicoterapia

Não, nada de estranho ou indecente acontece no consultório, ou no app, durante a sessão. Na verdade, essa forma de terapia não é muito diferente de uma psicoterapia. O que a caracteriza a terapia sexual é que ela é focada em lidar com as dificuldades e questões sexuais das pessoas, e claro, de uma maneira ética.

Quando se enfrenta um problema sexual, provavelmente a última coisa desejada seja querer falar sobre isso. Em geral, a tendência é tentar esquecer as experiências embaraçosas e simplesmente esperar que seja melhor na próxima vez, sem entender, de fato, o que está acontecendo. O problema é que quanto mais coisas vamos ignorando e deixando em baixo do tapete, mais dificuldade vamos tendo para caminhar.

A terapia sexual pode ajudá-lo a elaborar soluções quando algo te impede de viver uma vida sexual satisfatória.

2. Além do terapeuta sexual, você pode precisar consultar outro profissional

Geralmente queremos achar só um “culpado” para algo que não vai bem sexualmente. Mas sabemos que a realidade não é tão simples assim. Somos humanos e, portanto, complexos e essa complexidade deve ser levada em conta em qualquer tratamento. Quando falamos da nossa sexualidade, precisamos lembrar que há muitos fatores envolvidos.

Por isso, o processo terapêutico pode envolver vários profissionais. Além do seu sexólogo (geralmente um psicólogo ou psiquiatra), você pode ter que consultar um urologista, um ginecologista, endocrinologista ou um fisioterapeuta, por exemplo.

Quando se trata de uma disfunção sexual, precisamos investigar causas orgânicas e, se houver, tratá-las. Isso porque só terapia sexual provavelmente não terá efeito se a origem for devido a um nível baixo de um hormônio ou devido a uma medicação, por exemplo. Assim, o tratamento pode ser feito em conjunto com outros profissionais.

3. Você vai explorar o lado psicológico do sexo

Descartadas possibilidades orgânicas, o terapeuta sexual irá ajudá-lo a trabalhar através de questões emocionais e psicológicas para começar a entender o que pode estar levando a uma baixa libido ou uma disfunção erétil, por exemplo. Ainda que a causa seja orgânica, recomenda-se também a terapia sexual porque onde há um comprometimento físico, há também um sofrimento psicológico, muitas vezes uma insegurança, diminuição da autoestima e da autoconfiança.

Cada pessoa é única com suas inúmeras particularidades. Assim, a terapia sexual é estruturada e desenvolvida de uma forma personalizada para cada paciente.

4. Você vai ter lição de casa

Diferente dos tempos de escola, a lição de casa aqui não deve ser vista como obrigação, mas como uma ferramenta que te ajudará a melhorar a queixa em questão. Vale ressaltar que a terapia é um processo em que terapeuta e paciente tem papéis ativos para o sucesso do caso.

Assim, um dos seus papéis será fazer a lição de casa proposta pelo terapeuta. “Por que vou ter que fazer isso?” já pode estar passando pela sua cabeça. Bem, provavelmente suas sessões de terapia serão semanais, com duração entre cinquenta minutos e uma hora. E se pensarmos bem: o que seria uma hora em uma semana?

O objetivo da lição de casa é que você estenda a terapia para além do consultório e comece a levá-la para sua vida real. É um aspecto fundamental do tratamento, por isso encare com a devida importância e procure fazer os exercícios atribuídos pelo terapeuta. Você só tem a ganhar!

5. Sim, você ficará vestido!

Esteja certo de que sob nenhuma circunstância será solicitado que você tire suas roupas ou mostre parte do seu corpo em um consultório de terapia sexual. Muitas pessoas ficam tensas quando pensam nesta terapia, temendo que possa envolver situações íntimas. Isso não acontece. Claro que há muitos trabalhos diferentes no campo sexual, mas num consultório de terapia sexual, você pode esperar uma terapia baseada em uma conversa.

6. Você pode falar de algo que nunca falou com ninguém antes

Não há tabus na terapia sexual. Se você tem alguma frustração sexual, algum histórico de abuso ou uma memória que te constrange falar a respeito, a terapia é o lugar ideal para que você possa se abrir e olhar para esta questão que tanto incomoda.

A terapia é um espaço seu para discutir o que você desejar. Com um terapeuta qualificado, um ambiente sigiloso e sem julgamentos, você se sentirá a vontade para levar assuntos íntimos que talvez nunca tenha conversado com ninguém.

Na verdade, não há assunto muito estranho para um terapeuta. E é importante expor o máximo de informações possíveis para este profissional para que o processo caminhe adequadamente.

7. A terapia sexual envolve uma parte educacional

Em geral, a terapia começa com a educação do paciente, envolvendo temas como o próprio corpo e também o do outro. Sim, muitas pessoas não conhecem seu corpo e como ele funciona na hora do sexo. Por exemplo, é comum muitas mulheres passarem por isso e, consequentemente, não sabem que parte delas lhes dá prazer, quais os estímulos certos, onde e como gostam de ser tocadas, até para poder pedir ao parceiro/a na hora do sexo. E o resultado é que muitos homens também ficam sem saber e acabam seguindo mecanicamente como acham que deve ser.

Assim, uma aulinha sobre a anatomia feminina e masculina e sobre a fisiologia básica ajuda a esclarecer muita coisa logo de cara. Também são discutidos a resposta sexual, a ansiedade de desempenho, desejos sexuais e necessidades. Esse é um momento para tirar dúvidas e receber informações, esclarecimentos e orientações.

8. Seu parceiro ou parceira pode ir em uma ou mais sessões da terapia

É interessante que a sessão envolva o casal e aborde questões afetivas, conjugais, corporais e relacionais. O parceiro (ou parceira) pode não ser culpado e responsável pela disfunção, mas ele participa do relacionamento e, portanto, é um aliado fundamental para o processo terapêutico. Se não participar o casal, o ideal é que o outro vá pelo menos para uma entrevista.

9. Terapia sexual pode melhorar sua comunicação

Se o casal não continuar investindo na relação, com o tempo as conversas com o amado ou amada podem se resumir a “Antes de ir para o trabalho, tira o lixo.”, “Você viu que a conta de luz chegou?”, “Sua vez de buscar a Marcinha na festa”.

A terapia sexual não é só sobre o funcionamento sexual. Um casal que enfrenta alguma crise provavelmente está com pobres habilidades de comunicação. E ás vezes, mesmo depois de tanto tempo juntos, precisamos reaprender a se comunicar com aquela pessoa tão conhecida e familiar. O casal precisa ter um diálogo saudável, ser cúmplices na relação e levarem essa cumplicidade para a cama. A terapia envolve um trabalho com a comunicação para uma relação mais agradável e assertiva.

10. Pode melhorar a qualidade de um relacionamento longo

Muitas vezes, o modo como o casamento é vivido não é um bom departamento sexual. Muitos fatores da vida moderna – tédio, rotina, falta de tempo e stress – podem influenciar negativamente a resposta sexual e a segurança do relacionamento acaba minando a vitalidade erótica. Você lembra a primeira vez que vocês se beijaram ou seguraram as mãos? A terapia sexual pode ajudar a recuperar o desejo, a excitação e o erotismo na relação – que geralmente é o primeiro a desaparecer.

11. Você deve ser exigente ao escolher um terapeuta

Um terapeuta sexual é um profissional treinado para trabalhar com questões de relacionamento e sexualidade em um ambiente seguro e educacional. É importante pedir referências, verificar formações e credenciais, certificando-se de encontrar um terapeuta que seja qualificado para ajudá-lo. Nem todas as pessoas que oferecem o serviço podem estar qualificadas para tal.

Também precisamos lembrar que sexualidade é um campo muito amplo. Às vezes um terapeuta trabalha com disfunções sexuais, mas não atende questões de identidade de gênero ou sexualidade, por exemplo. Por se tratar de assuntos íntimos, é necessário que seja alguém que você confie e se sinta à vontade. Caso na primeira consulta, você não se sinta confortável com o terapeuta, procure outro ou pergunte por indicações para ele mesmo. Um bom profissional não vai se sentir ofendido pelo fato de você solicitar uma outra indicação.

Em primeiro lugar, acredito que está a satisfação do meu cliente para que ele possa abraçar o processo da terapia e se beneficiar com ela. Se ele não está confortável comigo, eu procuro encontrar alguém que possa lhe ajudar com isso.

Se gostou da matéria, você pode compartilhar com seus amigos para desmistificar sobre esse tratamento e, assim, ajudar as pessoas que adiam procurar a terapia sexual.